quarta-feira, 9 de setembro de 2009

UM POEMA PARA O CARLITOS...




 O CARLITOS "POPÓ", UMA FIGURA TÍPICA DA BAIXA QUE TODOS GOSTAMOS MUITO.
O QUE QUERERÁ DIZER O SEU VER DISTANTE SEM VER? ENTRE OUTROS, PODE MUITO BEM SIGNIFICAR A SEGUINTE INTERROGAÇÃO: 
"QUEM ME DERA SER UM DIA O CENTRO DO TEU OLHAR".
SIM, PORQUE, APESAR DE TER UMA NOTÓRIA DEFICIÊNCIA MENTAL, O CARLITOS É UM SER HUMANO, AMA E SABE QUEM LHE FAZ BEM. SENDO PESSOA, PRECISA DE SER AMADO. EM SILOGISMO, LOGO DEVE PENSAR NUMA MULHER. SERÁ OU NÃO ASSIM?...




Sou o Carlos Alberto Duarte,
todos me conhecem na Baixa,
uns tomam-me como baluarte,
outros, como louco que encaixa
na senilidade do seu encarte;
Sou quase um vivo monumento,
na paisagem envolvente,
tenho um pressentimento,
que para muitos não sou gente,
sou coisa sem sentimento;
Mas eu sou pessoa que ama,
dentro de mim bate um coração,
olho para quem passa, para a dama,
para a viúva triste sem consolação,
que olhando para mim, exclama:
“Olha, é um maluco que aqui vai,
caminhando nas ruas sozinho,
pouco fala, parece que nunca sai
do Largo das Ameias, do cantinho,
pobrezinho, valha-o Deus, ajudai!”;
Ainda contrariamente ao pensar,
eu sou feliz com pouco ter,
basta-me apenas não chorar,
que me importa não saber ler,
ou não ter telemóvel para falar?;
Apesar de não ser religioso,
mas até sou um bom cristão,
tantas vezes sou caridoso,
dou um braço, dou a mão,
por alguém mais andrajoso;
Desconheço o ódio, pois então!
gosto de qualquer humano,
quando vou na procissão,
em passo solene franciscano,
julgam-me um igual na razão.

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