terça-feira, 29 de setembro de 2009
A (NOVA) POLÍCIA MUNICIPAL
São 8H55 desta terça-feira, dia 29 de Setembro. Depois de ter estacionado a minha carrinha no Largo das Olarias, junto à Loja do Cidadão, retirei dois sacos do interior, fechei o carro, e, com um em cada mão, caminhei em direcção ao meu estabelecimento, que dista cerca de uma centena de metros dali. Ouvi uns passos a correr atrás de mim, era um agente da Polícia Municipal. “O senhor desculpe mas deixou o seu carro estacionado em cima da linha amarela”, chamou a atenção o agente. Confesso, sob palavra de honra, perante o modo cordato de falar do polícia, fiquei pasmado, e dei por mim a responder: tem razão senhor agente… desculpe, não o vi. Voltei para trás para retirar a viatura. Dei uns passos para a frente e, acenando ao homem, disse: olhe…obrigado!
Enquanto levava o meu automóvel para o outro lado do rio –onde estaciono diariamente, depois de deixar a minha mulher e alguma coisa que precise na loja- levava comigo duas interrogações. Uma delas é que me parecia conhecer aquele agente. A outra é que eu não estava a conhecer os novos procedimentos dos agentes da Polícia Municipal.
Para se compreender melhor, e até como ressalva de interesses, ao longo destes seis anos de existência desta polícia, já paguei várias coimas. A maioria justas, algumas nem por isso. Só para exemplificar as que considero injustas: juntamente com vários colegas comerciantes, já fui multado a descarregar mercadorias a um sábado à tarde. Nessa altura, de nada valeu a minha alegação perante o agente. Perante mim estava uma pessoa insensível aos meus argumentos que não admitia contraditório. Confesso, ao longo dos anos, fui ganhando um sentimento apriorístico generalizado de repulsa pelo modo de agir desta força civil.
Ao longo dos últimos dois anos, aqui no blogue, fui escrevendo sobre acontecimentos, passados aqui na Baixa, que considerava atentatórios ao desenvolvimento do comércio e, subjectivamente, ia perorando sobre o que entendia dever ser o procedimento proactivo, desta ou de outra polícia, na formação educacional para um cidadão melhor.
Em Fevereiro, último, perante mais uma medida que considerei arbitrária e injusta, elaborei uma participação no Livro Amarelo daquela polícia. Para além do arquivamento da minha participação recebi também a informação de que, passível de ser entendida como difamação, algumas frases minhas subscritas no Livro de Reclamação, seria remetida para o Ministério Público. Já sei que não foi. Obviamente que fico mais aliviado, mas, não será por isso que não continuarei a escrever o pior e o melhor desta ou doutra qualquer polícia.
Voltando à actuação destes agentes que não estava agora a reconhecer, eu tenho lido os jornais da cidade e sei que está a haver uma reviravolta para tentar um “virar de página” neste serviço. Depois de arrumar o meu carro, voltei novamente ao largo da Loja do Cidadão. Perguntava-me, se teria sido verdade o que eu presenciara. E era mesmo. Os dois agentes presentes, com uma assertividade, com uma postura pedagógica, estavam no largo como eu nunca os vira assim. Parou uma viatura ligeira, calmamente, um dos agentes dirigiu-se ao condutor, falaram, o agente afastou-se e o homem ficou dentro do carro. Era o senhor Álvaro Pratas. Interroguei-o acerca do que achava da interpelação do agente. “Olhe, amigo, estou sem palavras. Nunca vi a Polícia Municipal assim. Até parece que já não são os mesmos. Só espero que não me faça como há anos um agente da GNR, que falei com ele, e mais tarde recebi a multa em casa. Estou agradavelmente surpreendido”.
Logo a seguir estaciona uma carrinha Mercedes de caixa-alta para descarregar, e, mais uma vez, um dos agentes se dirige ao condutor. Trocam duas ou três palavras, o agente afasta-se e o homem da carrinha começa a descarregar. É o senhor Diogo Simões. Interrogo-o também acerca de como interpretou a postura do agente. Respondeu: “olhe, estou contente. Sempre que vinha aqui descarregar ao largo, se cá estivesse a polícia, era um desconforto. Finalmente parece terem visto que é preciso ter alguma calma no aplicar de multas, sobretudo a quem está trabalhar. Os agentes têm de ser coerentes”, enfatiza este condutor.
Agora vejam o acaso do destino: o agente que me interpelou hoje foi o mesmo que, da altercação, deu origem à minha reclamação no livro. Tem a sua graça. Em Fevereiro queixei-me dele, e agora, em Setembro, estou aqui a elogiar o seu trabalho. Ainda bem. Espero, daqui para a frente, ver mais cidadãos a fazerem o mesmo. Ficamos todos a ganhar.
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