terça-feira, 29 de setembro de 2009
COMERCIANTES FALTAM À CHAMADA DE PRATA
São 13H15 desta terça-feira. À entrada do Restaurante Paço do Conde, na Baixa, quase todo o staff do candidato independente à Câmara Municipal de Coimbra, Horácio Pina Prata, espera pelos comerciantes. Menos de meia-dúzia estiveram presentes.
Não desesperando pela falta de comparência de quem não prometeu vir deu-se início ao repasto.
Na semana passada, através de fax, e outros convites em carta por mão, quase todos os operadores do comércio, foram convocados para um almoço no popular restaurante, ao preço de 15 euros, para debater com o candidato problemas que sentissem no dia-a-dia.
Estavam os presentes acomodados na mesa em volta da refeição escolhida, cerca de uma vintena de pessoas, entre os membros da lista e os que disseram sim à chamada, e o candidato também já a comer, quando foi solicitado por um comerciante, entretanto chegado, que não chegou a sentar-se. Ao ouvido de Pina, presumo, lhe terá dito, certamente, que por motivos alheios à sua vontade não poderia estar presente, mas, mesmo assim, fez questão de o ir lá cumprimentar.
Interrogo então o anfitrião do almoço: como entendia a não comparência dos comerciantes à sua chamada? Respondeu Prata: “andámos a convidar as pessoas de porta-em-porta. Não podem argumentar que não sabiam. Recebi vários telefonemas a invocar os mais variados motivos, mas sempre sublinhando que estavam comigo nesta aventura. Ainda agora estive a falar pessoalmente com um que me dizia que não vinha porque não podia pagar os 15 euros…como se eu acreditasse. Os comerciantes não vêm porque têm medo de serem conotados à minha lista”, enfatiza, sendo a sua opinião corroborada por alguns membros da sua equipa.
Naturalmente, como estive presente no almoço, tinha de ouvir as opiniões dos comerciantes faltosos. Fui para a rua. Sob condição prévia de anonimato todos responderam. Comecei na Rua das Padeiras, num pronto-a-vestir. Porque não foi ao almoço de Pina Prata? “Não fui por falta de motivação. Não voto cá em Coimbra, o que é que eu lá ia fazer? Mas nada tenho contra Pina Prata”, sublinha. Ainda na mesma artéria, um pouco mais acima, num comércio que não devo especificar –caso contrário chegar-se-ia à pessoa, diz-me o proprietário: “achei que não ia lá fazer nada. Pelo preço de 15 euros não fazia sentido. Além disso, só tenho uma hora para almoço”, responde-me este comerciante.
Entro então na Rua Eduardo Coelho, e volto a fazer a mesma pergunta: porque não foi ao almoço de Pina Prata? “Não pude. Tive de levar o meu pai a casa. Se não fosse isso até ia!”, retorque este homem do comércio.
Ainda na mesma rua, antigamente chamada de Sapateiros, à pergunta formulada, diz-me outro operador: “tenho de ir a casa almoçar. Já lhe disse pessoalmente que o apoiava –até subscrevi a sua lista de assinaturas. Só que ir ao almoço…foi-me impossível. Por acaso até gostaria de ter ido, porque tê-lo-ia confrontado do motivo de não falar no seu programa na venda ambulante. Gostava de saber porque não fala lá dos ciganos…gostava mesmo de saber a sua opinião”, enfatiza em murmúrio.
Agora fui para as ruas principais da Baixa. Estou na Rua Visconde da Luz. Perante a mesma pergunta, porque não foi ao almoço, responde o comerciante: “a situação é gravíssima. A estes políticos parece ser alheio este facto. Ora, 15 euros é muito dinheiro para um almoço que eu sei custar apenas metade no restaurante. Eu não tenho de estar a pagar a campanha. Nem eu nem ninguém já acreditamos em alguma coisa vindo destes políticos que nos querem vender o céu. Na prática, é verdade que, no fundo, é uma questão de defesa: não queremos mesmo ser conotados com este ou outro qualquer candidato”, desabafa este velho timoneiro de uma nau “catrineta” que se vê em palpos de aranha para chegara bom porto.
Mais à frente, na Rua Ferreira Borges, à pergunta da praxe, responde outro: “não fui porque não o conheço. Além de mais, não tenho muita confiança que no futuro, se ele for eleito, defenda os meus interesses e os dos meus colegas”. Quando lhe pergunto se o preço de 15 euros influenciou a decisão, diz-me que não. “De modo algum, isso é que era bom. Um comerciante que não tem 15 euros para almoçar vale mais fechar a porta”, diz-me no meio de um sorriso alargado.
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