quarta-feira, 23 de setembro de 2009

FELIZ ANIVERSÁRIO






Olho os teus olhos cor do céu,
imagino uma nuvem passageira,
uma luz na noite escura de breu,
um anjo a tocar trompa sem eira,
um fantasma pasmado que feneceu;
Sentado na lua sem horário,
vejo passar a Primavera, o Verão,
chegou o teu aniversário,
está anunciado o Outono, e então,
uma folha vai cair no estuário;
Olhas, vês que está meia escurecida,
perguntas à andorinha que vai partir,
se ela te leva a solidão esmorecida,
voltas a olhar a folha começas a sorrir,
curvas-te ao chão, vês que está sofrida;
Mas a folha tem salvação,
precisa de amor e carinho,
tu afaga-la com a mão,
parece mesmo um passarinho,
a voar em contramão;
Olhas o universo tão desigual,
uma brisa leve levanta a melena,
pensas neste tempo tão formal,
sem vontade, ensaias uma cantilena,
pensas que a vida te tornou amoral;
Lembras quando entraste na faculdade,
sonhavas que tantas injustiças ias corrigir,
depressa concluíste que em boa verdade,
pouco se muda, mesmo lutando, é só sentir,
o mundo, afinal, assenta na sua desigualdade;
Mas que importância tem isso para lembrar,
fazes anos, recebes rosas, talvez um poema,
o espectáculo, a vida, tem de continuar,
como um barco, como leme ou um lema,
vive o dia de hoje, vai mas é festejar;
Parabéns, que seja sempre a repetir,
o destino sempre a voltar a dar,
que saibas sempre competir,
na balança, sem desequilibrar,
praticar a verdade sem ter que mentir.




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