sábado, 5 de setembro de 2009
BAIXA: O TRÂNSITO, SEGUNDO ÁLVARO SECO
Creio que alguém disse um dia –se não disse, digo eu- que o pior que pode acontecer a uma cidade é ter à frente dois tipos de pessoas: um que, por gostar tanto, tanto, da urbe, em obsessão, pasmado, em rotina, passa o tempo a olhar para ela, delegando a sua administração noutros, esquecendo-se que é preciso chamar a si a condução, e fazer muito mais do que morrer extasiado de amores; outro tipo de político que pode ser pernicioso, fatal, e contraproducente é o tecnocrata especialista. Se o primeiro pode estar perdido pelos labirintos da obsessão, o segundo, tomado completamente pelo seu saber de cientista absorto da realidade, em autismo, não ouve ninguém, só ele é que sabe. Venha o diabo e escolha um destes dois.
Serve esta introdução para referir as afirmações do presidente da Metro Mondego, Álvaro Maia Seco (AMS), e também candidato do PS a presidente da Câmara Municipal de Coimbra, há dias na ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, num debate sobre o Metro.
Não estive presente. As afirmações que mostro foram extraídas do Diário as Beiras. Citando então este jornal, diz AMS a abrir a notícia: “Álvaro Maia Seco defende que a circulação automóvel “não traz qualquer valor acrescentado” para a zona que medeia o centro da cidade (Praça da República) e a Baixa de Coimbra. De acordo com o presidente do conselho de administração da Sociedade Metro Mondego (SMM), o trânsito naquela área deve ser “zero”. E vai mais longe: “90 por cento do trânsito que passa na Rua da Sofia não traz vantagens nenhumas”.
Continuando a citar o Diário as Beiras e transcrevendo as declarações de AMS no salão nobre da ACIC, “perante uma plateia composta maioritariamente por comerciantes daquela zona histórica (…) Mesmo assim, teve a coragem de admitir que não são os comerciantes que contribuem para a prosperidade daquele espaço. São antes –frisou- os residentes e os compradores ou utilizadores de serviços”. Em paralelo, o especialista em mobilidade urbana, afirmou que o estacionamento no centro da cidade terá que acabar. (…) O administrador da MM ressalvou, porém, que esta ideia em nada está relacionada com a intenção de “obter receitas”, mas antes com a necessidade de “regular a procura”. E a política de regulação de transportes ideal, para Seco, traduzir-se-ia na gratuidade durante a primeira hora de estacionamento. “A segunda hora seria paga a doer, e a terceira deveria ser demasiado cara ou, até mesmo, proibida”, sustentou”. Disse também que “o novo projecto prevê, por exemplo, que o trânsito se proceda em apenas um sentido (da Rua da Sofia para o tribunal), sendo que o sentido oposto “será garantido pelo canal do Metro” –extracto do Diário as Beiras do dia 4 do corrente.
Ora comecemos então na sua afirmação de que o trânsito na Baixa deve ser zero. Isso quererá dizer que se for eleito presidente da autarquia irá implementar esse seu propósito. Saberá o candidato o que pensam acerca deste assunto os comerciantes que aqui desenvolvem a sua actividade diária? Saberá AMS que, tal como noutras cidades a nível nacional, é entendimento dos profissionais de comércio de que a erradicação total do automóvel dos centros históricos, nas últimas décadas, contribuiu em grande parte para o esvaziamento e a sua decrepitude? Saberá o presidente da MM que o encerramento do canal Visconde da Luz/Ferreira Borges ao trânsito automóvel foi a causa directa da deslocalização para outros pontos da cidade, só nestas duas artérias, de todos os consultórios médicos; de quase todos os escritórios de advogados; de uma farmácia; o encerramento dos cafés Arcádia, Brasileira e Central? Saberá o candidato a autarca que a anulação do trânsito naquelas artérias condenou a Rua Martins de Carvalho a um fantasma comercial de outrora?
A seguir quando diz que não são os comerciantes que contribuem para a prosperidade da Baixa mas sim os residentes e os compradores ou utilizadores de serviços, essa é espantosa! No limite, fazendo um grande esforço mental, até o entendo. Mas não aceito. Às vezes, nos meus desabafos, escrevo o que afirma, para provocar os colegas, mas justifico. Mas eu sou um anónimo e anódino comerciante. Posso escrevê-lo, quase em autocrítica. Agora um candidato a futuro presidente da Câmara não deve. E muito menos pode. Tudo indica que não gosta dos comerciantes. Também não é de estranhar. Já estamos habituados. É uma triste sina.
E essa de onerar o estacionamento a doer na segunda hora e na terceira ser demasiado cara ou até mesmo proibida, também é muito boa. É de fazer cair o queixo. Sim, senhor! Os administradores das grandes superfícies da cidade mandam agradecer.
Deixe-me terminar senhor presidente da MM com uma constatação popular: Não é com vinagre que se apanham moscas.
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1 comentário:
Venho a este espaço, para lhe dizer,não corresponder á verdade o texto publicado no "DIÁRIO AS BEIRAS".É de uma mediocridade terrivel o texto publicado.
O Sr. tem razão, porque analisa o texto desse diário e por isso reafirmo a sua razão. Mas se ler o Diário de Coimbra, lê exactamente o contrário. Afinal em que ficamos?
Tem razão, quando diz que não é com vinagre que se apanham moscas, mas o debate na ACIC, visou esclarecer a questão da travessia do Metro Mondego na Baixa e também as vantagens para Coimbra.
O Engº Maia Sêco, deu os esclarecimentos solicitados e se o Sr. conseguir contactar com quem esteve presente, verá que foi dito exactamente o contrário.
De qualquer forma, o seu texto é positivo e por essa razão entendi esclarecer,mas caberá ao Candidato do PS o esclarecimento necessário aos Municipes de Coimbra.
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