quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O DIÁRIO AS BEIRAS E A SUA POUCA VISÃO









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 Vamos por partes. Gosto muito do Diário as Beiras, e não passo um único dia sem o ler. Ainda me lembro da sua fundação, salvo erro, em 1993, como semanário. Depois passou a diário. Creio que a memória não me está atraiçoar.
Durante vários anos escrevi na sua página do leitor quase todas as semanas. Depois, progressivamente, o jornal começou a abandonar o seu leitor diário e colaborador. Ora juntava as cartas todas e as publicava a esmo, ora não publicava e quando o fazia era já tarde para o assunto em análise. Aos poucos, deixei de escrever para o jornal –é óbvio que o diário não perdeu nada. Ainda cheguei a mandar uma carta ao director a dar-lhe conta de o quanto achava que estava a desperdiçar uma riqueza que lhe caía no regaço gratuitamente. É lógico que não me estava apenas a referir à minha humilde pessoa, mas a todos os leitores, como eu, que escrevem.
Nessa carta, já escrita há vários anos, argumentava que, segundo estudos científicos, a página do leitor de um jornal regional é a mais lida. Para além de mais, sabe-se, hoje, devido a custos redactoriais, um jornalista é uma espécie de homem das pizzas. Leva a direcção, entrega, recebe e vai-se embora. Por outras palavras, o jornalista –pago à peça- leva a “encomenda” do jornal de cobrir o evento, escreve só sobre o que se passa no momento e vai-se embora a correr para ir escrever outra peça noutro lado. O jornalista não tem tempo para ouvir uma conversa lá no canto da sala, que embora aparentemente despicienda, vem dar outra perspectiva sobre a notícia em causa. Hoje quem lê jornais apercebe-se que, sobretudo nos locais, mesmo em títulos diferenciados, há um formatado plástico nas notícias. O que se lê num, lê-se noutro. Parece que o jornalista, em vez de o ser efectivamente, perde o seu lugar e passa para o de fotógrafo. Chega a um local, fotografa o boneco e já está!
Ora, quanto a mim, na forma académica de ver o jornalismo, não é assim. Eu vejo o jornalista como um observador atento a tudo o que o rodeia. Por exemplo, toda a gente olha apenas para o chão e para altura dos olhos. É aí que entra o jornalista, ele olha para o ar, para onde a maioria não olha. O jornalista, a meu ver, para desempenhar bem a sua profissão, deve ser um sensitivo. Conseguir ler as expressões, adivinhar, deixar-se conduzir pelo instinto. Não tendo e não exercendo estas qualidades é apenas mais um no magote. Só vê com os mesmos olhos da maioria. Claro que admito que esta minha tese é académica. Hoje não há tempo. E para se criar seja o que for, para ler nas entrelinhas, é preciso impreterivelmente tempo. E, devido à economia, à necessidade de poupança, não há.
Ora é aqui que entram os leitores-colaboradores. Um jornalista, devido à escassez de tempo, não pode chegar à rua, à quelha, à questiúncula, ao pequeno assalto ao estabelecimento. Só lá chega se for informado. Mas, mesmo que seja, como não conhece o “bas-fond”, o que está por trás, a causa, o que deu origem ao caso, apenas vai escrever o efeito, sem ter em conta que para o leitor também é importante a causa. E é aqui que entra o leitor-colaborador. Ou entrava. Como hoje há os blogues, este serviço passou a ser feito por quem escreve online, pelos “bloguers”. E os jornais locais aproveitam muito bem esta informação. No entanto, falta assumir esta colaboração de uma forma institucional. Respeitar quem escreve e fotografa nos blogues. Sobretudo quem o faz de uma forma séria, dá a cara e assume o que escreve.
Vejam bem como são as coisas, eu comecei a escrever este texto apenas com intenção de dizer que acho muito mal que o Diário as Beiras apenas permita comentários a quem é assinante. Está mal. Duma forma intencional, está a discriminar os leitores. Aliás, é contraproducente. Se um leitor é interessado e comenta, o mais natural é que se venha a fazer assinante do jornal. Aqui, no caso em apreço, é feito ao contrário. Primeiro assinas o jornal e depois comentas. Acho que o comentário, obrigatoriamente identificado, deve ser livre. Aliás, acho que acima de tudo, deve ser encarado sob o ponto de vista da utilidade.
E tenho de ficar por aqui. Já se sabe que o “escritor” é um manipulador. Quem sabe se este texto pode ajudar a mudar alguma coisa no Diário as Beiras a bem de todos leitores, sobretudo quem gosta de se expressar escrevendo. Sim, por que, apesar de haver milhões, nem todos têm um blogue para poderem escrever o que lhes vai na alma. E para esses, é aí que deveria entrar a página do leitor de um jornal.

4 comentários:

jorge neves disse...

Concordo plenamente, eu proprio já fui vitima da não publicação de alguns artigos de opinião e reflexoes simplesmente assinados com meu nome e e-mail, desde que descobriram que sou membro de um partido que não se senta a mesa para almoçar com Socrates .

Anónimo disse...

Jorge Neves é verdade que José Socrates não se senta de certeza consigo á mesa. O seu partido é de facto diferente, pois o seu lider diz uma coisa e depois escreve outra. Verdade da sua diferença é certamente os PPR, ACÇÕES e que mais virá por aí.
O artigo de Luis Fernandes é excelente, pena foi o comentário do Sr.Jorge Neves.

Jorge Neves disse...

Pensamento e opinião ainda é livre, e ter coragem para escrever e assinar não é para todos onde se inclui pelos vistos já que se identifica como anónimo. Não tenho lider sou INDEPENDENTE.
Dar a cara e o nome é não querer 24 de Abril de 1974 novamente, não que o tenha vivido mas por que a minha familia sofreu.

jorge neves disse...

Já agora senhor sem nome nem rosto, eu disse me que era membro de um partido, nao disse militante de um partido e nem me referi a partido algum.