sábado, 12 de setembro de 2009

UMA BAIXA OUTRORA TÃO FORMOSA


(ROUBADITO NO YOTUBE SEM LICENÇA DO AUTOR -COMO SÃO IMAGENS DOS ANOS DE 1940, PRESUMO QUE O MESMO JÁ MORREU))






Se uma imagem pode falar,
talvez esta não encante,
diz-nos que a velha Baixa
não é mesmo grande amante;
É uma cansada prostituta
rodada, pronta a ser usada,
quer por quem cá mora,
ou político de “banhada”;
É usar para despejar
mil desejos recalcados,
até serve para enganar
os “tansos” atrofiados;
Tratam-na como puta,
mas não pagam o serviço,
inconscientes sem conduta,
esquecem o compromisso;
Mas a Baixa é mulher,
e, no peito, tem coração,
ai daquele que souber
que faz dela aberração;
Gritam todos ao senhor,
a vir-se sem condição,
nessa altura é amor,
amor do meu coração;
Mas se um prédio a capitular,
anuncia, e se estatela no chão,
há magotes de gente a reclamar,
aparece logo a televisão;
E a Baixa coitadinha,
pouco formosa e insegura,
debutante tão velhinha,
virgem sem formosura;
Em campanha eleitoral,
todos falam em casar,
é em artigos de jornal,
todos a querem amar;
Mas a Baixa, que é tão baixa,
não pode ser coberta por tantos,
mesmo com o Metro em faixa,
já nem é salva pelos santos;
Se prometerem a santa Catarina,
ninguém acredita na salvação,
venha um Seco ou um Queiroz,
muito menos outra Encarnação;
A Baixa foi ouro que brilhou,
em tempos de garimpeiros,
hoje, nem Prata ressuscitou,
a esperança soterrada em cinzeiros;
A mensagem política que é passada,
é que é a memória a desaparecer,
mas pouco lhes importa, ou mesmo nada,
verdadeiramente, só interessa o poder;
A Baixa está condenada
a ser comida sem dó,
por baixo, é penetrada,
por cima, fazem cocó.

1 comentário:

jorge neves disse...

Viva! A Baixa de Coimbra
Viva a zona histórica e a cultura.
Abaixo as pessoas sem moralidade.
Abaixo o estacionamento selvagem na zona histórica.
Nasci na baixinha de Coimbra e 38 anos depois o que vejo! As minhas memórias de infância foram-se ou estão em vias de se extinguir. Porquê?
Por culpa das pessoas sem moralidade. Porquê?
Porque são as pessoas que decidem o futuro das suas memórias e como não as respeitamos porque o nosso "modus vivendi" se alterou somos nós os culpados (uns mais que outros).
Quando era criança, brincava nas ruas da baixinha, jogar á bola na Praça do Comercio era comum, hoje temos carros estacionados e algum tipo de comércio de produto ilegal.
Num passado não muito longínquo era possível ir às compras à mercearia do Sr. Humberto, comer um petisco na Casa Santa Quitéria e até comprar um saquito de pipocas quentinhas, hoje não, porquê?
Porque se incentiva a ida às grandes superfícies.
Já pensaram porquê?
Por causa do estacionamento, não é? E levamos os nossos filhos agarrados pela mão ou dentro do carrinho das compras para não serem raptados. Se nos adaptámos à falta de estacionamento e aos raptos porque não se adaptou a nossa cidade à alteração do nosso "modus vivendi"?
Porque os responsáveis pela preservação da nossa qualidade de vida andaram (e andam) distraídos.
Senhor Presidente, se não consegue adaptar a nossa zona histórica à nova realidade, enterre-a retirando-lhe vida durante o dia.
E enterre também a minha memória da baixinha e a das minhas filhas, porque as grandes superfícies chegam e partem e o que fica?
As nossas Praças e Largos, as nossas ruas estreitas, as nossas Igrejas.
Oito anos de buraco negro no centro da cidade já basta.
Oito anos de mau (ou nenhum) ordenamento de trânsito já chegam.
Não pense, que com isto apaga as minhas memórias de infância, com as várias grandes superfícies que têm vindo a ser licenciadas para se instalarem na nossa cidade, porque eu brinquei na Rua das Azeiteiras, na Praça do Comercio joguei ao berlinde, no Largo do Romal joguei ao pião, à bola no Terreiro do Mendonça, (foi o meu ATL), era seguro, havia limpeza, andei na escola São Bartolomeu e tenho orgulho disso.
Mas pode ter a certeza que às minhas filhas vai tirar-lhes as memórias de infância e quando tiverem 38 anos já nem se lembram do centro comercial onde vão ao cinema porque entretanto desapareceu e isto porquê? Porque o que se promove actualmente são realizações efémeras que não deixam mais valias nenhumas à nossa história.
Resolva o problema (enquanto tem tempo) do estacionamento, da segurança e da animação da Baixa de Coimbra, os habitantes, comerciantes, empregados do comércio e hotelaria, visitantes e as nossas praças, largos e ruas esperam por iniciativas. Resolva o que os seus antecessores não quiseram resolver, sabe porquê?
Porque o Senhor Presidente é de Coimbra como eu e de certeza que não quer ser recordado no futuro como mais um, mas sim pelo Presidente que fez da Baixa de Coimbra um local bom para viver, com segurança, qualidade de vida, história e não como o que se limitou a continuar a delapidar da nossa memória colectiva promovendo o aparecimento de mais edifícios cor de rosa, abandonando o centro histórico à sua sorte, promovendo o afastamento das pessoas do coração da cidade, desenraizando-as ainda mais.

Jorge Neves
Candidato do Bloco de Esquerda
Assembleia de Freguesia São Bartolomeu