Esta noite, o João Carlos Fernandes, com estabelecimento de oculista na Rua Adelino Veiga, foi assaltado.
Provavelmente com recurso a um calhau de grandes dimensões –costuma ser este o modus operandi dos gatunos-, foi aberto um buraco na montra e feita uma limpeza a tudo quanto eram óculos de sol. Nem o facto de a loja ter grades de segurança obstaculizou a rapina.
Segundo João Carlos Fernandes, o proprietário, embora um pouco combalido com o acontecimento, lá vai respondendo que “voaram cerca de umas quatro dezenas de óculos completos. As armações, sem lentes, deixaram. Só “Raiban” (inspirados no aviador Ray-Ban) foram cerca de três dezenas”, diz-me o João. Quando lhe pergunto acerca do montante, responde que ainda não fez as contas, e não quer estar a dar valores ao calha, mas foram vários milhares de euros que “foram à vida”. Foi isso que disse à PSP quando esta força policial foi tomar conta da ocorrência.
O estabelecimento tem seguro, mas não tem alarme. Quando lhe pergunto se vai contratualizar uma empresa de segurança, diz-me que não. “Os custos são muito grandes, a partir de hoje prefiro deixar as montras vazias. Isto é trabalho dessa escumalha que infesta a Baixa. Estão há vontade, aqui na rua quase não mora ninguém, e os que residem aqui são velhotes. Estes meliantes –que só gostava de os apanhar na hora, ai isso gostava!-, estão à vontade. Para partir este vidro, que é espelhado, tipo rochedo, tiveram de lhe dar várias cacetadas, ou seja, fizeram muito barulho, no entanto está a ver. Levaram o que quiseram”, desabafa o João Fernandes.
Quando lhe pergunto como se sente, quase ofendido pela pergunta, responde: “como é que me hei-de sentir? Frustrado, desanimado…fornicado. Isto é algum país? O que me apetece é ir para Espanha. Já que esta “cambada” não toma conta, nem de nós, nem disto. A continuar assim, que sejam os espanhóis a fazê-lo. Estou farto disto…”, enfatiza, no meio de um grande suspiro, comprimindo a face e fazendo aparecer várias rugas sinuosas de preocupação.
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