(FOTO DO JORNAL DE NOTÍCIAS)
Começo pela moderadora da SIC, Clara de Sousa. A imagem de “belle fatal” gera em nós um interesse redobrado de atenção. Retirando a sua moldura de beleza, é patente e reconhecido o seu profissionalismo. Aqui, neste debate não teve grande trabalho –debate não, foi uma entrevista a dois candidatos que, numa lengalenga arrastada, monocórdica, deu bocejos. Se tivessem uma parede a separá-los não se notaria. Foram dois candidatos, às eleições de 27 de Setembro próximo, calculistas, que apenas estavam interessados em não fazerem ondas, nem se agredirem politicamente.
Este modelo de entrevistas é um espasmo de modorra televisivo.
Quanto à imagem dos candidatos, metaforicamente, Jerónimo de Sousa foi o tio que se apresentou a um encontro amoroso. Precisava de conquistar a mulher muito mais nova do que ele. Já entradote na idade, cuja cara dura de serralheiro não ajuda muito, no entanto, perante a dama –os eleitores, obviamente-, apresentou-se como um jovem polido nos gestos, no discurso, largando aquele “jargão” já gasto do “Grande Capital” –apenas empregou esta frase uma vez. Contido nas palavras, querendo mostrar a todo o custo que era um comunista da nova vaga, modernaço, que nada tinha a ver com a “cassete” do seu antecessor Carlos Carvalhas e muito menos com o líder histórico Álvaro Cunhal. Porém, a “dama” muitas vezes ao confrontar o candidato via muitas semelhanças físicas entre ele e o camarada Cunhal, sobretudo no rosto contraído, ainda que a performance exigisse, de vez em quando, um abrir da cortina, como quem diz, um meio sorriso, a meio rir. Isto apenas fisicamente. Porque intelectualmente compará-lo com Álvaro Cunhal é o mesmo que extrair semelhanças entre uma pulga e um elefante.
Jerónimo de Sousa, apesar do seu aspecto de campeão de boxe, apresentou-se com ar de “gentleman”. Cabelo bem penteado, com uma maquiage a condizer, um fato tipo “Armani”, acompanhado com uma gravata sóbria, de cor “bordeaux”, como a querer mostrar que, pragmaticamente, o sangue comunista já não é o que era. De vermelho rubro introspectivo, agressivo, passou a vermelho sociabilizado. A lembrar que apenas prevalece a filosofia ortodoxa.
Quanto a Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, que, metaforicamente, também se apresentava num encontro amoroso e perante uma dama apetitosa, convencido de que através do seu “palavreado” a conquistava sem grandes dificuldades, com peneiras, descurou a imagem. A “dama”, perante este “sobrinho” de Trostsky, ficou um pouco desanimada. Que o rapaz fala bem, isso não há dúvida. Mas o cabelo quase desalinhado, a cara a parecer não ter sido maquilhada, o fato parecia ter sido comprado na Feira do Relógio, e de marca “El Cigano”, a provocar, a querer ser diferente da maioria com a camisa sem gravata...nhem...nhem. Como a dizer que um anarca convicto não alinha nesse símbolo horroroso, nesse cabresto capitalista, na ditadura social da gravata. Que pena, pensava a "dama-eleitorado" para si.
Apesar de Louçã ser um dos maiores tribunos da actualidade no hemiciclo, não deixou a "dama" convencida. Algo incomodava o “enfant terrible” trotskista. Alguma coisa, neste debate, o transformou no “menino Francisquinho”. Ficou a duvida se seria a sombra do tio, marxista-leninista, quase da mesma família. Embora o assassinato de Trostsky lá longe no México ainda não esteja esquecido, mas convergência e interesses políticos “oblige” e pesam mais.
É que, segundo parece, mais uma vez, o bolo vai ser dividido pelos dois maiores glutões (PSD e PS) e, como já é habitual, para a família que se arroga de fundadora da esquerda (Bloco e PCP), só vai sobrar umas migalhitas. Ora, não vá o diabo tecê-las e novamente ser igual, o melhor é colocar “odiozinhos” particulares na prateleira e, para a “conquista amorosa”, partirem unidos. Nunca se sabe quando é que os ventos poderão virar para leste. A natureza do homem continua a ser uma incógnita…
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