(IMAGEM DA WEB)
Há dois dias recebi um convite
para estar presente numa sessão da “Vox Cívica”, que irá decorrer hoje, pelas
18h00, no restaurante “Green Side”, na Rua das Parreiras.
O Diário de Coimbra, em notícia
na quarta página, hoje, salienta também a realização deste encontro e a
coincidência ou não de, na Câmara Municipal, o executivo levar à discussão uma
proposta de regulamento sobre os horários de funcionamento de bares e
discotecas.
Dando uma volta pelas notícias do
dia, na Internet, deparei-me com um texto do meu colega –se posso falar assim-
Fernando Moura, do blogue Sexo & a Cidade, em que, com o título “Coimbra:
Câmara prepara-se para arruinar bares e discotecas”, perora sobre este assunto.
Segundo escreve, teve acesso à proposta que mais logo será levada à votação.
Antes de continuar, e mais uma
vez vou escrever, afirmo de que não há verdades absolutas -axiomas. Se verdades são
convicções, haverá tantas quantas um homem quiser e, na crença que defende, se estiver envolvido com mais ou menos interesse –porque não tenhamos ilusões a
conveniência está sempre de mãos dadas com a verdade. Sabemos também que o interesse,
sendo sempre subjectivo, não deixa de dividir-se em intrínseco –no sentido da
vantagem pessoal directa- e extrínseco –quando as razões defendidas visam a colectividade.
Sabemos também que em face de várias verdades, num procedimento metódico depurativo,
alcança-se uma última que será considerada a suprema –é assim o trajecto entre
um julgamento e a sentença transitada em julgado num tribunal. Este modo não é mais do que o paradigma da “Dúvida
Metódica” dos racionalistas, como Decartes, por exemplo, em que para atingir um
conhecimento absoluto, se vai eliminando tudo o que possa constituir dúvida e
até, finalmente, se chegar a uma verdade aceite sem contestação.
Já agora, poderemos interrogar a
razão de ser assim. Ou seja, por que motivo um acontecimento visual pode
desencadear várias verdades? A filosofia dá-nos a resposta: porque numa
apreciação realista, que aparentemente será lógica para todos, num indivíduo, podem
misturar-se várias teorias do conhecimento que o atormentam, como o idealismo,
o dogmatismo, o cepticismo, o pragmatismo, que poderão alterar a sua forma racional
de ver.
Depois de querer mostrar que sou
muito culto, ou pelo menos que gosto de pensar, e andar a esvoaçar sobre a filosofia,
vamos lá poisar outra vez na terra e já estamos em frente à crónica do “Sexo
& a Cidade” e mais propriamente sobre o título “Coimbra: Câmara prepara-se
para arruinar bares e discotecas”.
A primeira pergunta, depois de
ler o título, que poderemos fazer é será mesmo assim? Será que a autarquia,
como monstro devorador dos empresários, sem ter em conta os antecedentes, se
prepara para, com intenção deliberada, prejudicar umas centenas de pessoas que
investem o seu dinheiro?
Antes de avançar mais, vamos lá
ver o que foram os antecedentes, sobretudo, nos últimos anos. Só para enunciar
alguns casos, lembremo-nos do que tem sido os queixumes de cidadãos sobre o
barulho da Queima das Fitas e de várias pessoas que, arrastando-se como náufragos
em busca de auxílio sem serem ouvidos, passaram na Assembleia Municipal e no Executivo
a reclamarem o seu legítimo direito ao sossego. Vou apenas recordar duas:
Vitália Ferreira e João Pinto. Este último, numa tentativa de envolvimento
social para a sua causa, viria agora a fundar a associação “Vox Civica”.
Depois, continuando no texto do
blogue, quando se afirma que “esta medida é um autêntico retrocesso
civilizacional” será mesmo? Em silogismo, deveremos inferir que o
desenvolvimento da humanidade assenta no divertir e entreter durante toda a
noite? Será isto que, em objectividade e desligada de interesses pessoais, se
auspicia para os nossos filhos e netos? –Aqui gostaria de lembrar que há 12
anos estive em Benidorm, que como sabemos é um centro turístico de excelência
mundial espanhol. Nessa altura, todos os bares encerravam às 4h00 da manhã. Há
dois anos voltei lá e, para minha surpresa, encerravam todos às 2h00.
Manda o bom senso que os interesses
em causa, representados por moradores e empresários de hotelaria, sejam acautelados
em paridade, com absoluto respeito pelas partes, pela Câmara Municipal de
Coimbra. É obrigação da edilidade não se deixar enrolar em pura demagogia, em
teorias miríficas de um futuro que não se quer para ninguém. Só pode defender
bares abertos em zonas residenciais para além das 2h00 quem não está
minimamente preocupado com quem lá mora. É dever político a Câmara Municipal de
Coimbra ponderar com equilíbrio o que é melhor para todos e não apenas o que é
melhor para alguns. Queremos uma cidade viva, mas que respeite todos, ou
queremos uma urbe modernaça, onde haja, de facto, muita oferta de
entretenimento durante toda a noite, mas ninguém consiga descansar?
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