quarta-feira, 27 de junho de 2012

A FRANÇA SOCIALISTA

(Imagem da Web)

 Começo por confessar que sou uma nódoa tão grande a economia que nem lixívia pura ou o melhor detergente e mais caro do mercado consegue apagar a mancha. Isto para dizer que se não consigo entender o que vou escrever a seguir, perante esta minha salvaguarda, ficará mais que explicado. É certo que com o tempo, talvez resultado da idade, estou cada vez mais totó e abstruso. Houve um tempo que, palavra de honra, ainda cheguei a ter alguma esperança em mim. Porém, debalde. Está visto que em cabeça careca jamais a brilhantina fará qualquer efeito no risco ao lado e na fixação do cabelo.
Então hoje estou mesmo completamente confuso. Eu seja ceguinho daquele olho que, apesar de estar destinado a montureira, alguns preservam virgens como a caverna da menina Esmeraldina, que mora na minha rua, no número 69 –creio que não deve conhecer, até porque ela não liga a qualquer tolo como você.
Dizia eu então que estou confuso, confundido, como raio que parta o senhor deputado Ricardo Rodrigues, que por acaso é do Partido Socialista (PS), mas poderia perfeitamente ser de uma qualquer outra agremiação partidária, que, para o caso, seria sempre igual –admite-se lá alguma vez que primeiro tivesse surripiado o gravador aos jornalistas da revista Sábado e a seguir andasse a espalhar ao vento umas teorias balofas? E mais, enquanto o PS foi governo, nunca se retratou nem falou em suspender a sua actividade do partido. Agora, que foi condenado em primeira instância, já pediu a interrupção da vice-presidência das hostes rosa até ao acórdão final. E a sua função de deputado? Fica na mesma? Não sofreu mácula? É preciso ter mesmo cara de pau, carago! –já agora, num exercício infeliz, que é o que eu sei fazer melhor, poderemos especular: será que se o PS ainda fosse governo este senhor teria sido igualmente condenado?
Bom, mas, com a conversa fiada, acabei por me dispersar. Juro pela minha mãezinha que eu pretendia escrever qualquer coisa que se aproveitasse, mas está difícil. Continuando, comecei a redigir este guisado de palavras porque acabei agora mesmo de ler na revista Sábado –coincidência com o caso do gravador- que o Françoi Hollande acaba de aumentar o salário mínimo em França –trato-o assim, tu lá tu cá, porque se calhar até somos amigos no Facebook. Sei lá, tenho lá tanta gente que não faço a mínima ideia do que fazem, não sei se estão a ver! Ora, no meio daquela panóplia, pode perfeitamente um  deles ser o Françoi.
Então, volto lembrar, em Julho, lá na terra do Obélix, o salário dos malandros passará para 1425,67 euros –sim, malandros, acho que estou a pensar bem. Se fossem trabalhadores a sério ganhariam milhares. É ou não é? Porra, isto é silogismo, carago! –Às vezes até me surpreendo comigo, quando tenho certas tiradas de inteligência. Chego a pensar que o meu mal, a burrice, ainda possa ter cura. Nem é de admirar, inventam tanta coisa…
Fosca-se! Vamos respirar fundo, antes de me atirar aqui ao teclado –que remédio tenho eu, não me resta mais nada a que me atirar. Uma pessoa envelhece e depois ou olha para o espelho e lamenta-se perante aquela imagem de velho ou então atira-se às memórias, ao tempo que foi tempo e que o tempo, como cilindro em betão, apagou.
Mas é melhor não me distrair com filosofias, que eu nessa parte nunca fui bom. Vou continuar, em Portugal, só para lembrar, o ordenado mínimo é de 475 euros –sendo um bocado sério e contrariando tudo o que escrevi para trás, está perfeitamente justificado o facto de haver deputados a gamar gravadores. É ou não? Sim, porque, proporcionalmente, é mais que certo que o ordenado do nosso deputado ao pé do congénere francês é assim qualquer coisa do outro mundo entre uma pulga e um elefante. Nós, se fôssemos justos, até nos deveríamos admirar de, cá no Parlamento, na generalidade, não se andar a surripiar carteiras uns aos outros –o que nos leva a outra questão: afinal o tribunal decidiu mal. O deputado Ricardo Rodrigues, perante esta atenuante, é mais que lógico, deveria ter sido absolvido –se bem que, trocando as voltas outra vez, seja lá qual fosse a decisão do tribunal nós nunca estaríamos satisfeitos. É assim, mais ou menos, como a nossa cara-metade; pode ser boa c’mo milho, mas a vizinha –ai, quando me lembro dela!- essa é que nos enche as medidas…
Voltando outra vez à “vaca-fria”, que até já se me tinha varrido, dizia eu que o meu mais que certo amigo Françoi Holland promulgou a subida do ordenado. Ora diga-me lá, perante este choradinho do senhor dos passos de coelho, que é o “nosso primeiro” –como se diz na tropa-, quem é que entende isto? Só se for mesmo o Passos Coelho, que, em face da atitude do ancestral de Napoleão, se eu lhe perguntasse, assim naquela voz de tenor romantizada, até já consigo ouvir a resposta: “ó meu amigo, os sociais-democratas constroem e amealham e os socialistas reivindicam e distribuem!”. É claro que, no seguimento desta argumentação, como sou um bocado lerdo –isto já é de família, não tenho culpa nenhuma, pelas alminhas-, eu ficaria sem pio.
Então, no meio de dois caminhos possíveis, em que num está uma placa a indicar “aumento dos ordenados, aumento da felicidade dos cidadãos e aumento da confiança na economia” e outra que indica “baixar os salários, baixar o tempo de vida dos cidadãos e baixar a esperança na recuperação económica”, qual é que se escolhia? Eu sei lá! Estou muito desordenado mentalmente. Deve ser da carrada de medicamentos genéricos que ando a tomar para ver se consigo ter paciência e aguentar este gajos todos. Vou mas é roubar gravadores p’ra estrada!

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