terça-feira, 26 de junho de 2012

TORNAR A BAIXA MAIS APELATIVA


 A Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra vai promover juntamente com a Universidade de Coimbra e a Associação Ruas – Recriar Universidade, Alta e Sofia um Curso de Visual Merchandising I Vitrinismo.

Este curso é preferencialmente para profissionais da área comercial (comerciantes/empresários, donos de marca, responsáveis por frente de loja) e pretende dotar os participantes de conhecimentos especializados ajustados à introdução de novas tecnologias, métodos de trabalho nesta área e às novas tendências de consumo.

O curso decorrerá ao longo do mês de julho, todas as quintas-feiras das 19h30 às 22h30 e aos sábados das 15h00 às 18h30, nas instalações do Museu Municipal – Edifício Chiado.
–Extrato retirado da página da APBC, no Facebook.

 Perante esta iniciativa conjunta, vamos para a rua ouvir os comerciantes. O que pensarão os profissionais desta acção que visa ser mais um instrumento numa revitalização que se deseja para a Baixa de Coimbra?
A todos que fizeram o favor de responder, e que se identificam, começo por agradecer. Elaborei três perguntas:

-É de medidas como esta que o comércio precisa?
-Se são complementares, o que é essencial? O que é preciso?
-Vai participar no curso de vitrinismo?


 Comecei por ouvir Eduardo Carvalho, com estabelecimento de retrosaria, na Rua das Padeiras: 
“É também com medidas como esta que o comércio precisa, sim. É uma boa ideia que pode ser implementada no comércio. Embora, a meu ver, não seja a parte fundamental para aguentar o presente. No entanto, esta formação é uma mais-valia que se deve aproveitar.

O Comércio, a pequena loja como a minha, precisa de uma baixa de impostos; é necessária uma política que obrigasse as grandes superfícies, juntamente como o comércio tradicional, a praticarem os mesmo horários e que todos encerrassem ao domingo. Precisamos de formas de financiamento para prover a tesouraria, com taxas de juro que o pequeno retalho pudesse suportar.

Não vou frequentar o curso porque tenho a minha mulher doente.”




 Henrique Ramalhete, do pronto-a-vestir Bambina, na Rua das Padeiras, disse o seguinte:
“Esta é uma das medidas que o comércio precisa. Tem interesse. Realço, realmente, a medida de recuperar as fachadas das lojas encerradas com painéis apelativos, para não dar a imagem degradada que a Baixa apresenta. Em relação ao vitrinismo, a meu ver, não é fácil. As lojas não têm grande capacidade de inovação. As montras são pequenas, não têm fundo. De qualquer modo é um instrumento a considerar, uma mais-valia.

É preciso, por parte da autarquia, um apelo para que as pessoas invistam na Baixa. A edilidade deveria incentivar, através de benefícios, para que as grandes marcas viessem para a Baixa. O IMI, Imposto Municipal sobre Imóveis, deveria ser onerado o máximo possível para as lojas encerradas.
Precisamos de pessoas aqui a circular. Para além de uma necessária baixa de impostos para a pequena loja, precisamos de uma dilatação no seu pagamento. É preciso ter acesso ao crédito, isto é, com mais facilidades e taxas reduzidas.

Em princípio não irei frequentar esta formação. Já tenho dois cursos de vitrinismo.”



 Vamos ouvir José Lucas, da Zedibel, na Rua das Padeiras:
“Esta medida de formação ajuda. É sempre positiva. Não é só o que precisamos, mas também é uma mais-valia. A Baixa precisa de ter gente; precisa de ter lojas de marcas atractivas. Neste momento, como estão as coisas, a meu ver, a única forma de suster os encerramentos seria obrigar os centros comerciais a encerrarem ao domingo. Precisávamos que o custo do estacionamento fosse participado; a autarquia deveria compartilhar, arranjando uma solução negociada com os operadores privados e de modo a que os utentes destes parques tivessem duas horas ou uma hora e meia gratuita logo que parassem as viaturas. Isto de modo a permitir que viessem pessoas para aqui e fizessem compras nas lojas e frequentassem os restaurantes.

É preciso baixar os impostos ao comércio tradicional, pelo menos durante os próximos dois anos, para que as empresas possam manter os empregos. As despesas são muito grandes para o negócio que se está a fazer no dia-a-dia. São os seguros com o pessoal; é o custo da luz, que se está a tornar incomportável; é a Segurança Social; é a medicina no trabalho, é muita coisa, são as licenças de toldos. É uma carga demasiado pesada.
Tenho 6 empregados –em 2009 tinha 12. Neste momento, está muito difícil de aguentar.

Não sei se irei frequentar este curso. Talvez vá. É sempre importante.”



 Agora vamos para a Rua do Corvo. Vamos ouvir Rogério Eloy, da loja Lancelote:
“Acho que esta iniciativa tem mérito. É um instrumento necessário para revitalizar a Baixa. Mas é uma entre muitas que fazem falta, como, por exemplo, o atendimento personalizado –estamos a perder essa escola do passado. Precisamos de oferta de qualidade na Baixa.

É preciso gente no Centro Histórico. É necessário baixar os impostos para a pequena loja de bairro. Estamos a ficar sufocados. Aqui, no meu estabelecimento, com quatro bocas para alimentar, está a ser muito difícil de manter. Era preciso haver mais união entre os comerciantes. Como é que se pode garantir uma Baixa com qualidade se vem tudo dos países emergentes? Era preciso mais facilidade na obtenção de crédito, mas em condições valorativas, não é para afogar os comerciantes.

Não sei se irei frequentar esta formação. Em princípio mandaria uma funcionária, mas como é pós-laboral é complicado. Mas ainda vou analisar.”



 Seguimos agora em  direcção à Rua Eduardo Coelho. Vamos parar nas modas Veiga e falar com o seu proprietário, Francisco Veiga:
“Acho esta formação interessante, mas não é tudo. Sem dúvida que é importante, porque pode ajudar os comerciantes a transformar as imagens das lojas; a melhorar a autoestima; e já que nos queixamos continuamente de que a Universidade está de costas voltadas para a Baixa é importante esta participação, porque pode promover uma maior aproximação.

A Baixa precisa de pessoas que a frequentem, não apenas nos dias de festas promovidas pela APBC, autarquia e Junta de Freguesia de São Bartolomeu e outras. É necessário que as pessoas venham nos outros dias também. É preciso polos de atracção, como, por exemplo, lojas de marcas conceituadas, internacionais, como também cafés temáticos. É urgente termos acesso ao crédito; precisamos de ter alguma facilidade nos pagamentos de impostos –nós queremos pagá-los, mas às vezes não conseguimos.
O alargamento dos horários de funcionamento do comércio, neste momento, não é solução. Estou aberto aos sábados de tarde, nas “Noites Brancas” até bastante tarde e não obtenho resultados. Para salvar o comércio da Baixa era preciso que tudo, incluindo os centros comerciais, encerrasse ao domingo. A partir daí, todos deveríamos fazer os mesmos horários de abertura e fecho ao público igual. Com o actual situacionismo, nós, o comércio tradicional, estamos sempre em desvantagem em relação às grandes áreas comerciais. Se todos praticássemos os mesmos horários lutaríamos com armas iguais.

Em princípio não irei frequentar esta formação, porque já tenho vários cursos de vitrinismo e merchandising” –técnica ou acção promocional no ponto de venda de modo a tornar mais eficaz a sua visibilidade e de modo a influenciar a decisão do comprador.




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