O som melódico da sua gaita
invade o torpor das ruas estreitas e, numa viagem intemporal, transporta-nos
para um tempo recuado e que apenas existe na nossa memória. Escrevo sobre o
amolador de tesouras, facas e outros objectos cortantes. Falo do senhor Domingues
Rodrigues, que veio hoje de Condeixa até à cidade ver se faz uns trocos, porque
as coisas não estão para brincadeira. Este seu negócio de afiar tesouras
perde-se nos confins da sua família. Talvez no bisavô ou avô, não sabe bem.
Lamenta que os seus filhos não queiram seguir a arte, mas até entende. Este país,
esta vida de saltimbanco não é para jovens. Todos olham para ele –como eu, de
certo modo- como um museu ambulante, mas e o resto? Quem garante o seu
sustento? É muito bonito ouvir: “parabéns… parabéns!”. E depois?
1 comentário:
Para além do amolador está a Ti Glória que foi a candidata mais idosa a concorrer numa lista à Freguesia de São Bartolomeu, ou seja, na minha lista.
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