quinta-feira, 3 de novembro de 2011

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...

(IMAGEM DA WEB)



Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "DESABAFO DE UM TURISTA ACHINCALHADO": 




E os moradores?
Esses também têm direito ao descanso. É vergonhoso o que se passa nestas pretensas comemorações académicas, que são cada vez mais longas (gostaria de saber qual o motivo e porque é permitido). Está na hora de por ordem nisto como o Rui Rio fez no Porto. Primeiro que tudo está o descanso dos cidadãos, que no dia seguinte tem que ir trabalhar. 




*****************************************************



NOTA DO EDITOR


 Muito obrigado por ter comentado. No tocante ao legítimo direito ao descanso por parte dos moradores, tem toda a razão. É um escândalo o que se está a verificar aqui em Coimbra. Ainda esta noite, última, pelas 6h15 ouvia-se aqui na Baixa uns “effeerreás” em som ampliado, provavelmente através de megafone.
Ora, penso que estamos de acordo, isto é um verdadeiro atentado a quem cá mora e também a quem passa por aqui em trânsito pela cidade –eu já coloquei este desabafo, acima citado, exactamente para que, se não se dá atenção aos moradores, ao menos que se atente no turismo que a cidade tanto necessita.
No tocante ao Porto, e ao seu presidente da câmara, meu caro, olhe que está enganado. Rui Rio, sobretudo neste assunto, é um mosqueteiro da nova vaga igual aos outros. Ou seja, entende que o que interessa é que a Baixa do Porto, a troco da desertificação de moradores, tenha estudantes –ainda há dias ouvi na RTP1 estas declarações saídas da sua boca, aquando de queixas de residentes e comerciantes. Na peça da televisão pública era visível nas ruas os montes de copos plásticos e garrafas, vidros quebrados espalhadas pelo chão, vomitados e outra coisas.
No meu entendimento, e transversalmente ao país, estamos a assistir ao ressurgimento de uma nova “ordem”. É um movimento de “no fare niente”, um novo “laissez faire, laissez passer”, assente no deixar correr o marfim, em que o desrespeito, na falta de educação impera, onde o vandalismo e a anomia assentou arraiais, e onde cada um faz o que lhe apetece e sem que, nesta anarquia, a polícia tenha mão –o argumento invocado pelos comandantes da PSP e Polícia Municipal é que há um vazio legislativo que os impede de actuar. Ora, a meu ver, considerando que é assim, temos deputados eleitos pelos círculos, temos um Governo de maioria parlamentar, então, se não há lei, legisle-se de uma vez por todas –embora eu pense que o problema é muito mais grave do que isso. Creio que este Governo, e também o anterior, tem receio de impor medidas disciplinares de força e que possam criar um maior descontentamento –repare-se que numa qualquer manifestação, como foi o caso de há dias na Assembleia da República, a PSP limita-se a defender e, a todo o custo, evitar o confronto físico. O que quero dizer com isto? Quero dizer que as polícias têm ordem para não actuar. Não é preciso ser entendido em segurança interna para ver que uma qualquer chispa pode incendiar o país.
Por outro lado, enquanto houver circo, com álcool e sexo à mistura, os jovens reclamarão pouco –não podemos esquecer que, historicamente, é aqui, nesta fatia da sociedade, que reside a força da rebeldia e a reivindicação. Ora, portanto, nada melhor do que deixá-los livres durante a noite para se embriagarem à vontade, porque durante o dia estarão a dormir e não irão para manifestações de rua -gostaria de salientar que, neste texto, não pretendo generalizar. Felizmente, para o grupo, há sempre alguém que resiste e não embarca na "síndrome de manada".
Quanto aos direitos que subsistem aos moradores, o poder político não quer saber muito da sua atribuição. Repare que, para além de uns escritos em jornais, mais nada se faz por parte de quem mora nestas urbes. E quando se faz –como foi o caso de uma senhora septuagenária, aqui em Coimbra, de nome Vitália Ferreira, que reside em frente a um bar pertencente à Associação Académica de Coimbra, embora de gestão delegada- o que acontece é o queixoso ser condenado em tribunal. E porquê? Porque, primeiro, como neste caso que conheço bem, os moradores são a parte mais fraca, normalmente reformados, e sem meios para se defenderem em tribunal. Depois, quer se queira, quer não, os juízes –tal como o poder político autárquico que gere as cidades-, apesar de intrinsecamente independentes, como humanos, são extrinsecamente influenciáveis por esta força imaterial do lóbi estudantil. E até é fácil de ver porquê. Se um qualquer juiz, ou um presidente de câmara, enquanto estudante andou em borgas durante a noite, colaborou em praxes, espalhou lixo pelo chão e até urinou numa qualquer porta particular, alguém acredita que esta pessoa possa ser totalmente equidistante ao problema em que é interveniente ou está a julgar?
Então e que solução para dirimir interesses entre particulares e associações de estudantes? Muito fácil: um julgamento de júri. Aqui, com cidadãos particulares escolhidos ao acaso, poder-se-ia ter a certeza da justeza da sentença.
Enquanto continuarmos neste “faz de conta”, acredite, bem podem os moradores estrebucharem à vontade, ninguém lhes ligará. E o resultado disto tudo e se não se fizer nada? Quer saber o que penso? Violência. Muita violência. A curto prazo, pelo esvaziamento deliberado e, em subsequência, na incapacidade de intervenção das polícias, regressaremos à acção directa, isto é, cada um a defender o direito que lhe cabe, mas não atribuído, em omissão, pelo Estado.


TEXTOS RELACIONADOS


"Coimbra cidade do ruído"
"Um pedido de publicação"
"Crónica da semana passada"
"A farsa de Dona Vitália"
"Vitália Ferreira: um recurso perdido"
"Vitália Ferreira foi arrestada"
"Discorrendo sobre uma sentença judicial"
"Vitália condenada no Tribunal de Coimbra"
"Vitália Ferreira: Mártir, vítima ou vilã?"
"Jogos de poder"

Sem comentários: