Chama-se José de Almeida Vaz e
tem 56 anos de idade. Há muitos anos que arruma carros junto à Loja do Cidadão.
Sempre gostou, de mais, do seu copito. Para além disso, não se sabe quando,
teria dado uma queda e feriu-se numa perna, não teria sido adequadamente curado
e, numa grande mazela, continuaria com a marca para a vida. É conhecido por
aqui pelo apelido de “Zé da Anita”. Ao que parece, vivendo só, tem morada fixa
ali numa transversal da Rua da Sofia, e também tem família, mas, sabe-se lá
quantos desgostos e partidas de mau-gosto teria dado a pontos desta já não
aguentar mais? E por que é que escrevo isto? Porque, segundo declarações de um
comerciante da zona que pediu o anonimato, “há uma semana encontrei o “Zé”
caído, como morto, na Rua Simão de Évora. Chamei a ambulância e foi para o
Sobral Cid. Esteve lá uma semana e até fui visitá-lo. O problema é que ele
foge. Também não deveria beber e continua. Não sei o que há-de ser deste rapaz!”
Hoje, sábado de manhã, o “Zé”
está sentado num banco de pedra do Largo das Olarias. Diz que teve alta do hospital. Chegou ali amparado por
um sem-abrigo que o transportou em ombro. Para além de apresentar um aspecto
esquelético, como se estivesse malnutrido, num dos braços apresenta uma
lista amarela, utilizada nos hospitais, o que, em princípio, poderá dizer que teria fugido de
uma unidade hospitalar. Apregoa a todos os conhecidos em repetição: “levem-me
daqui!”
Um funcionário-segurança da Loja do Cidadão,
que o conhece tão bem como eu ou melhor, ligou a um familiar. Este teria dito que não o
poderia ir buscar. Telefonei para o irmão, que mora em Condeixa, disse-me: “já
recebemos vários telefonemas, mas é impossível irmos buscá-lo. Já telefonei à
filha, estou à espera que ela me diga qualquer coisa…”
Entretanto, enquanto espera e desespera,
o “Zé” vai-me mostrando a chaga na perna que o faz tornar incapacitado. Alguém
terá de fazer alguma coisa. Bem sei que não é fácil. Sem pretender acusar quem
quer que seja, fica aqui o alerta.
UMA HISTÓRIA DE AMOR, EM "GOLPE DE BAÚ", QUE MANDOU O
“ZÉ” PARA O CHARCO
Na mesma altura, quando contactei o comerciante, com quem falei e que pediu o anonimato, disse-me: “sabe, o “Zé” meteu-se ali com
uma senhora, que trabalha no serviço “assim”, e, pelos vistos, ela pregou-lhe
uma partida, e isto ajudou a afundar o homem”. Ainda tentei arrancar alguma
coisa ao “Zé” mas não consegui. Com um olhar triste, dizia-me: “desculpe, não
quero falar disso!”
Há pouco estive a falar com
alguém a quem o “Zé”, em desabafo, contou o seu caso. Vamos ouvir o meu
depoente:
“O “Zé da Anita” nos últimos
tempos andava muito bem. Até deixou de beber. Andava numa espécie de namoro com
uma senhora que trabalha na Loja do Cidadão. Parecia muito apaixonado.
Encontrei-o há dias muito desgostoso. Disse-me que tinha apanhado um
esgotamento. Disse-me também que tinha ido parar ao hospital. A verdade é que o vi
muito magro e cheio de desalento. Confidenciou-me que a mulher que ele tanto
gostava lhe tinha ficado com as suas poupanças: cerca de 5 mil euros. Essa
mulher, que não conheço mas ele disse-me onde trabalha, precisava de uma
lição!”
UMA IMAGEM DO "ZÉ" JÁ ANTIGA
(ESTE TEXTO FOI ENVIADO AO DIRECTOR MUNICIPAL DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA, PARA CONHECIMENTO E SER SINALIZADO)
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