Quem passou ontem na Rua Visconde
da Luz, junto ao antigo Armazém Americano, cerca das 19h00, pode ver um grupo
de pessoas em volta de muitos sacos pretos cheios de centenas de livros
antigos. Sem condenar de modo algum esta atitude destes transeuntes, pareciam abelhas em busca de
pólen.
Ao que consegui saber, já no dia
anterior foram colocados muitos sacos iguais e também carregados de manuais
escolares, romances e outros livros antigos. Não consigo compreender como é que
se pode chegar a isto. Já nem vou escrever que deveria ser crime colocar no
lixo o paradigma da cultura como é o livro. Em Dezembro do ano passado
aconteceu o mesmo na continuação desta rua, na Ferreira Borges, e levou a que eu
fizesse uma participação no DIAP, no sentido da sensibilização e para a
necessidade de ser criada legislação de salvaguarda para preservar, defender e
valorizar o nosso património cultural.
Num tempo de escassos recursos,
como é que se pode admitir que alguém coloque intencionalmente obras, algumas
de relativa importância, para a montureira?
No meio da amálgama de gente, em
mãos ávidas de procura, algumas imagens nas capas, olhando para mim em súplica,
fixamente, pareciam chorar. Noutro saco preto, como se fosse instrumento de
sátira, e mandasse este país, esta cidade que se afirma de conhecimento, para
um outro Continente, para o terceiro-mundo, um manual de economia tinha o
título “Desenvolvimento económico para a América Latina.”
Até quando iremos assistir a
estes atentados contra a cultura?
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