quinta-feira, 25 de junho de 2009

E SE EU FOSSE PRESIDENTE DA CÂMARA?...(4)






 Imaginariamente, a brincar, nas próximas eleições autárquicas, candidatei-me à presidência da Câmara Municipal de Coimbra e, para minha surpresa e sem grande esforço, ganhei o direito de governar a cidade nos próximos quatro anos. Tenho de confessar que foi demasiado fácil. Ganhei sobretudo pela cisão no PSD, apresentando dois candidatos, e o PS que, numa procura até ao infinito, dividido entre questiúnculas internas, nunca conseguiram um candidato pelo partido. Acabaram, um bocado forçado, “in extremis”, por me apoiar.
O “anterior” presidente laranja da autarquia, Carlos Encarnação, é agora vereador, mas por pouco tempo. Sei de uma informação fidedigna que vai ocupar um importante cargo ministerial no partido. “Neste momento”, sem desvalorizar os partidos minoritários, o líder da oposição é unicamente, e só, Pina Prata, que foi também eleito vereador.
Já tenho uns dias de chefia no paço da Praça 8 de Maio. Como se lembram, estabeleci o sábado como “dia do munícipe”. A experiência está a ser muito gira. O problema é que neste último e primeiro dia do munícipe passei-o todinho a receber pedidos. Ou era um “empregozito” para um filho que se licenciou ou, então, era uma casita. O engraçado é que todos traziam uma lembrança para me dar. Aquilo parecia o Jardim Zoológico. Eram coelhos, eram patos, eram leitões. E tudo vivo. De pouco serviu o meu argumento de que não poderia receber nada. Qual quê, ficou tudo na entrada da câmara.
Ainda me estou a rir da última senhora, de ar bonacheirão e medida xxl, que recebi no gabinete, a pedir-me uma casinha. Então não é que trazia uma galinha viva para me oferecer? “Ó senhor presidente o senhor é tão bonzinho!” –ao mesmo tempo que retirou uma mão do animal preso e me apertou a bochecha.
O problema é que quando ela afrouxou a pressão sobre a ave, esta não esteve com meias medidas: levantou voo e foi-se colocar no candeeiro central da sala da presidência e fez deste um poleiro. E quem é que a retirava do lustre a três metros de altura? É o tiras! Veio a minha secretária, a Rosalinda, com uma vassoura, mas levou, como prenda, um “buzeiro” malcheiroso, mesmo em cima daqueles sedosos cabelos compridos de azeviche. Coitadinha da galinha, estava nervosa, entende-se. Fora do seu ambiente, o que é que se esperava? Tivemos que chamar a protecção civil, mas tudo se resolveu.
Agora vou falar-vos da próxima medida que, imediatamente, irei colocar em prática. É uma acção que só peca por tardia. Aliás, nem sei bem como é que os meus antecessores não se lembraram. Passaram os mandatos a se queixarem de que Coimbra não existia e não estava inscrita no mapa. Por outro lado, sempre a lamuriarem, em redobrado lamento, diziam que o que se passava aqui na cidade não era conhecido do país. É verdade. Sempre concordei. Tinham razão. Ora, a ser assim –e já disse que era mesmo-, é preciso criar mecanismos para levar Coimbra ao mundo –lá vem o aforismo, se Maomé não vem à montanha, leva-se esta a Maomé, estão a ver, não estão? Então, diga-me leitor –para ver se está a ligar alguma coisa ao que estou para aqui a escrever-, afinal, o que falta na cidade? É isso mesmo! É um canal de televisão regional. E é isso mesmo que vou colocar em prática. Claro que já mexi uns cordelinhos. Não pense que, como vulgar fumador, mando apenas umas nuvens de fumo para o ar.
Não vou estar sozinho, já tenho o acordo de Leiria, Castelo Branco, Guarda, Viseu e Aveiro. Embora, para minha surpresa, algumas câmaras aqui à volta estão interessadas em fazer parte do projecto, como, por exemplo, Figueira da Foz, Cantanhede, Mealhada, Lousã, etc.
Para além disso –eu não brinco em serviço-, já falei com o Belmiro (Azevedo) e com o Américo (Amorim), o rei da cortiça –estão a ver?-, e com dois grandes comerciantes da Baixa –que isto tem de ser tudo equilibrado, para não me acusarem de vender o centro histórico ao desbarato aos reis da fortuna de Portugal. A verdade é que todos ficaram encantados com a ideia. No fundo, vendo bem, ganhamos todos. Se as cidades progredirem, todos os grandes investimentos feitos até agora estão salvaguardados e aguentarão o embate que estamos a sofrer.
Será um canal por cabo que cobrirá toda a região centro. Também já estou a tratar disso. Mas, por enquanto, não posso adiantar mais.
Olhem, desculpem lá, mas a Rosalinda, a minha secretária, está a acenar-me como o auscultador do telefone multicolor –ah!, ainda não tinha dito pois não? Mandei retirar os antigos telefones rosa e laranja. Agora é multicolor. Pois é, tenho mesmo de vos deixar, parece que é o Durão Barroso que está na linha e quer falar comigo…

Sem comentários: