terça-feira, 2 de junho de 2009

FRASES LAPIDARES




Hoje estive a conversar com uma pessoa –mulher, neste caso- que me atirou esta pérola: “eu sou uma intelectual, por isso, como estou acima do comum, eles que subam até mim!”.
Isto foi-me dito assim, sem mais nem menos. Normalmente, falando com os outros, vendo os seus deslizes, é que vejo as minhas idiotices. Ao apreciar os comportamentos gestuais e verbais, é como se estivesse a ver-me reflectido ao espelho. O problema é que tenho dificuldade em ser e tornar-me o oposto daquilo que normalmente critico.
Para me contentar, em acto de contrição, até digo: bolas! Mas eu nem sou nada como aquela fulana presunçosa, idiota e vaidosa. Mas será assim? Será que não tenho uns resquícios parecidos, e que, com o tempo, irei ficar assim ou pior? É que no caso em análise, a mulher tem mais de 60 anos. Embora ainda me faltem uns anitos, mas já vou a caminho. Depois, o que me deixa preocupado, é que a mulher escreve como eu. O quer dizer que não tenho salvação possível para entrar no reino dos humildes. Não sei se já alguém disse um dia –se não disse, digo eu-, que quem escreve –incluindo escritores, porque não é a mesma coisa- é naturalmente arrogante com quem o faz e não faz. Chegamos a sê-lo com “colegas” do mesmo ofício. Dizendo mal de A, B e C. Basta dar uma volta nos blogues. Não é só a ideologia, a política partidária, a religião (ou a falta dela) que estão em causa. É cada um que escreve sentir que está muito acima do outro. O outro é declaradamente, sob o prisma do seu conceito, um pateta. Deveria era estar quieto. Tem algum jeito continuar a escrever? E porque escreve ele? É viciado na escrita? “Vade rectro”, Satanás! Não pode ser boa peça, pensam em surdina. Esquecem que, enquanto humanos e rotineiros de hábitos, todos somos viciados em algo. Pode até ser na bica; no jornal diário; no café que diariamente frequentamos; na telenovela que seguimos diariamente; nas notícias que nos matraqueiam a mente com a crise internacional e aumenta a crispação com a cara-metade; naquele “tintolas” que abusamos ao jantar; aquele “charrozito” que descomplexa e faz voar; aquele filmezito pornográfico que, quando a “mais-que-tudo” já está dormir –porque ela não alinha nessas coisas-, nos excita e nos amanda naquela orgia louca e faz despertar a tal fantasia sexual que teima em nos matraquear a mente, e que nunca mais se realiza por causa do conservadorismo da Maria, que não vai lá com ramos de rosas, viagens prometidas às Bahamas ou até o tal cordão de ouro. O raio da mulher não descola. Teima em dizer que isso é imoral e pronto! Está dito!
Somos complicados com o “caraças”, não somos? Pois somos. E o problema é que temos de continuar humanos. Não há alternativa ou alternância. Fugi ao tema inicial? Se calhar dispersei-me mesmo. Mas que quer? Sou humano. Está tudo dito…

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