sábado, 20 de junho de 2009
E SE EU FOSSE PRESIDENTE DA CÂMARA?...(2)
Fui instigado por Luís Santos, coordenador de edição do “Campeão das Províncias” a escrever um desafio às entidades da cidade para recuperarem a Baixa da cidade.
Como não sou de meios-termos, aproveitando a grande rebaldaria que grassa nas candidaturas à autarquia, imaginei-me a concorrer com uma lista independente. Ganhei folgadamente com maioria absoluta. Os dois candidatos do PSD, um oficial, outro oficioso, distraídos entre o insulto verbal, “de insensibilidade empresarial” e “gestão ruinosa associativa”, esqueceram-se de que estavam a concorrer comigo, e “papei-os”, como se limpam meninos de berço. Claro que tive sorte, tenho de confessar. O Partido Socialista, divido entre questiúnculas internas, incapaz de indigitar um candidato, acabou por me apoiar na eleição.
Hoje, sentado na cadeira do poder, na Praça 8 de Maio, a mirar todas fotografias de ar austero dos presidentes que me antecederam, vou tomar a minha primeira grande decisão política.
Em representação das autarquias, como sócio-compartes, de Miranda e Lousã, da empresa Metro Mondego, vou enviar um ultimato ao governo: ou se altera o traçado do Metro ou a Câmara de Coimbra, que represento, e as minhas comparticipantes, deixam de fazer parte neste projecto.
Este enguiçado plano, que, desde 1996, não se tem feito outra coisa do que gastar milhões em estudos e mais estudos, não pode continuar. Desde o princípio –ainda era eu um anónimo cidadão- que fui contra este “metro”, curto, sem ambição. Só admito continuar neste projecto se o ramal deste comboio eléctrico de superfície abarcar a Pampilhosa do Botão, Cantanhede, Figueira da Foz –isto utilizando a mesma bitola das linhas da Refer- e, na vinda da praia da claridade, utilizando as linhas já existentes, passando por Alfarelos/Granja do Ulmeiro, Pereira do Campo e novamente até Coimbra. Obviamente, seguindo depois para Miranda, Lousã e até Serpins.
Mas isto não é óbvio? Se a CP e a Refer detêm participações na empresa Metro Mondego por que razão não haveremos de alargar o âmbito de servidão das populações em redor de Coimbra? Se as linhas já existem, o que falta é o material circulante, mas isso será sempre necessário adquiri-lo. Trata-se apenas de ter uma visão mais alargada de futuro.
Nos actuais moldes, não acredito na viabilidade deste projecto, tendo por suporte apenas o actual ramal previsto entre Coimbra/cidade, Miranda, Lousã/Serpins. A Lusa Atenas, em termos de fluxos demográficos é muito flutuante. É uma cidade que funciona de segunda a Sexta-feira. E os outros dias? Quem vai garantir os necessários utentes para viabilizar um projecto desta natureza?
Se o governo não aceitar este novo plano de traçado regional, as três autarquias participantes da empresa demarcam-se deste projecto suicida.
Sinceramente, até nem me importo muito com a suspensão do Metro. Está bem, eu sei que é preciso devolver os milhões que se gastaram nos ordenados dos presidentes da empresa, em estudos de projecto e em expropriações. Mas, a ser assim, devolva-se. Os nossos netos, no futuro, agradecerão. Prefiro apostar num transporte não poluente para a cidade.
Sempre fui contra as demolições que o meu antecessor mandou executar no casco velho do coração da zona histórica. Um crime de lesa-património, digo eu. Mas agora já está, e é irreversível. Abra-se o canal até à Rua da Sofia, mas tendo em conta os interesses patrimoniais dos empresários que exploram os seus negócios em casas de longa história. Vou novamente arrendar o antigo espaço da “Joaninha” ao antigo dono, o senhor João Monteiro. Não posso conceber o que se fez a este comerciante. Eu sei que foi tudo feito legalmente. Mas este contrato, entre o dono da casa de brinquedos e a empresa Metro Mondego, mandou o empresário para as portas da miséria. Não posso admitir isso. Vamos ser razoáveis. Para além do Direito, da lei, existem as pessoas, o seu desempenho na cidade, as suas memórias.
Queria-vos anunciar outras medidas que tenho previstas para a cidade, mas agora tenho de interromper. A minha secretária, a Rosalinda –ainda não vos tinha apresentado, pois não?- está a chamar-me há mais de meia-hora, parece que Cavaco Silva está farto de ligar, quer falar comigo. Desculpem lá.
Fiquem descansados que contarei aqui todos os planos que conto executar na urbe mondeguina. Vão-me lendo…
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