QUEM AJUDA O CARLITOS?

 Coimbra, como todas as cidades do país, tem as suas figuras típicas. Quando tentamos relembrar alguém, imediatamente vem-nos à ideia o “Taxeira”, falecido há mais de vinte anos, e que, como se sabe, até teve direito a figurar na toponímia coimbrã.
Uma outra figura grada, felizmente de boa saúde, e que se passeia pelas ruas da Baixa, é o “Carlitos”. Este homem, de nome de registo Carlos Alberto dos Santos Duarte, tem 62 anos. Não se sabe ao certo a razão da sua deficiência mental. Mas uma coisa todos corroboram: o “Carlitos” não faz mal a ninguém. Umas vezes anda fardado de bombeiro, outras de polícia. Nos cortejos da Queima das Fitas é normal vê-lo à frente a comandar as hostes de estudantes.
Embora a mãe ainda esteja viva “com oitenta e tal anos, e até tenha irmãos, a verdade é que ninguém o consegue prender em casa, e daí ele andar sempre pela Baixa”, diz-me uma pessoa que o conhece bem.
O “Carlitos”, desde há muitos anos, em regime de favor, dorme num pequeno armazém, ali junto à Estação-Nova, e é lá que tem os seus “cacarecos” numa mala.
Acontece, segundo uma testemunha, que o arrendatário do pequeno armazém, lar improvisado do rapaz, a partir de amanhã, vai ter de o esvaziar e entregar ao legítimo proprietário. Ou seja, a partir de amanhã, quarta-feira, o “Carlitos” vai ficar a dormir na rua.
Ainda segundo a minha fonte, “uma técnica da Segurança Social andou por aí a tentar realojá-lo, mas até à data ainda não conseguiu nada. Temos de ajudar esta pobre alma. Ele não pode ficar a dormir na rua”, diz-me, em apelo, o meu informador.