Com agradável surpresa, fui convidado pelo Luís Santos, coordenador de edição do “Campeão das Províncias”, a escrever um texto a desafiar o poder local a recuperar a Baixa da cidade.
Naturalmente que me
sinto honrado pelo convite. O título em apêndice é da minha
responsabilidade, não me foi proposto. Escolhi-o porque penso que
se, por um lado, numa viagem imaginária, eu me transportar para a
cadeira do paço talvez consiga pensar como chefe do executivo e, por
outro, na distância necessária de munícipe.
Metaforicamente,
tomei agora posse. Como independente, obtive a maioria. Obrigado
pelas suas palmas. Como qualquer político que se preze, prometo tudo
fazer para não o desiludir. Mas tenho dúvidas que tal aconteça.
Estou muito céptico em acreditar que vou corresponder às aspirações
de todos. Estão extraordinariamente elevadas. Depositaram demasiadas
esperanças em mim. Mesmo assim, correndo o risco de ser apedrejado,
honestamente, neste meu mandato de sonho, farei o melhor que souber.
Antes de tomar
medidas, de facto, vou tratar do aspecto relacional/social dos meus
munícipes. A partir já da próxima semana vou designar o sábado
como dia do munícipe. Este dia, que passarei na autarquia, será
apenas para os receber, quer sejam da Baixa, da Alta, ou do concelho.
Especificamente
em relação à zona histórica, Alta e Baixa, vou criar um gabinete
onde, para além da câmara, com todos os seus pelouros, estarão
representadas todas as forças vivas da cidade, incluindo a Empresa
Municipal de Turismo, SMTUC, Águas de Coimbra, Universidade,
associações de classe profissional, associações cívicas,
IGESPAR, Clube de Empresários, juntas de freguesia, Diocese,
representantes de todas as grandes superfícies da cidade, etc. Este
gabinete deverá reunir quinzenalmente. Qualquer assunto, sobretudo
de decisão, respeitante a esta zona monumental, terá de
obrigatoriamente passar por aqui. Mas, ainda mais, sempre tendo em
conta a celeridade e o interesse público da causa em apreço.
Ainda
não sei onde, mas vou instalar este posto de recepção num dos
muitos prédios camarários existentes aqui na Baixa. Será uma
espécie de loja do utente do centro histórico.
Nesta “loja do
cidadão”, em delegação dos proprietários, e sempre que estes o
manifestem, sem interesse comercial para o mediador, irá fazer-se a
intermediação de arrendamentos de quartos, de locados, de lojas
comerciais e de indústria hoteleira. Compra e venda. Para além
disso, nesta loja do utente, a câmara disporá de aconselhamento
gratuito de engenharia e arquitectura de modo a simplificar o
processo de reconversão ou revitalização de qualquer imóvel no
centro histórico. Também nesta loja irá funcionar uma bolsa de
emprego para toda a zona monumental. Assim como, também aqui, haverá
um centro de emergência para casos sociais relativos à Baixa e Alta
da cidade, a cargo da Segurança Social.
Nesta loja
multi-serviços estará instalado o “animus de antanho”.
Será o gestor de toda a animação do centro histórico. Será este
gestor que apresentará um plano anual de actividades alegóricas,
incluindo o Carnaval, a Páscoa, as Fogueiras, a festa do Emigrante e
o Natal. Para além disso, semanalmente, elaborará um calendário de
animação para toda a zona antiga. Mais ainda; será este gestor que
chamando a si todas as companhias de teatro da cidade, as irá
desafiar a, semanalmente, apresentarem teatro de rua, em peças
simples, tais como recriação de profissões desaparecidas, pregões
populares, etc. Envolvendo nestes projectos residentes e
comerciantes. Para além disso, devem estas companhias teatrais
desenvolverem na Baixa “workshops” de modo a conquistarem
novos actores amadores.
Serão criados
vários concursos na Baixa: de dança, de fado amador, de música
ligeira, de fotografia, de moda, etc.
O gestor do “animus
de antanho” irá convidar os artistas que, actualmente, actuam
na rua para desenvolverem projectos de animação em prol da Baixa.
Por exemplo, os músicos serão convidados a integrarem a “Orquestra
in the stret”. Outros, de animação, serão convidados a criar
a “companhia de palhaços alegres da baixinha”.
Claro
que você, leitor, está ansioso para saber qual vai ser a minha
primeira medida governativa na Baixa. Mas, desculpe, tenho de lhe
contar no próximo texto. Tenha paciência. Fiquei mesmo sem espaço.
Esgotei o meu tempo por hoje. É que a minha secretária está farta
de me fazer sinais, a chamar-me.
Mas, prometo-lhe,
você vai conhecer todo o meu programa no próximo texto.
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