sexta-feira, 19 de junho de 2009

E SE EU FOSSE PRESIDENTE DA CÂMARA?...(1)






Com agradável surpresa, fui convidado pelo Luís Santos, coordenador de edição do “Campeão das Províncias”, a escrever um texto a desafiar o poder local a recuperar a Baixa da cidade.
Naturalmente que me sinto honrado pelo convite. O título em apêndice é da minha responsabilidade, não me foi proposto. Escolhi-o porque penso que se, por um lado, numa viagem imaginária, eu me transportar para a cadeira do paço talvez consiga pensar como chefe do executivo e, por outro, na distância necessária de munícipe.
Metaforicamente, tomei agora posse. Como independente, obtive a maioria. Obrigado pelas suas palmas. Como qualquer político que se preze, prometo tudo fazer para não o desiludir. Mas tenho dúvidas que tal aconteça. Estou muito céptico em acreditar que vou corresponder às aspirações de todos. Estão extraordinariamente elevadas. Depositaram demasiadas esperanças em mim. Mesmo assim, correndo o risco de ser apedrejado, honestamente, neste meu mandato de sonho, farei o melhor que souber.
Antes de tomar medidas, de facto, vou tratar do aspecto relacional/social dos meus munícipes. A partir já da próxima semana vou designar o sábado como dia do munícipe. Este dia, que passarei na autarquia, será apenas para os receber, quer sejam da Baixa, da Alta, ou do concelho.
Especificamente em relação à zona histórica, Alta e Baixa, vou criar um gabinete onde, para além da câmara, com todos os seus pelouros, estarão representadas todas as forças vivas da cidade, incluindo a Empresa Municipal de Turismo, SMTUC, Águas de Coimbra, Universidade, associações de classe profissional, associações cívicas, IGESPAR, Clube de Empresários, juntas de freguesia, Diocese, representantes de todas as grandes superfícies da cidade, etc. Este gabinete deverá reunir quinzenalmente. Qualquer assunto, sobretudo de decisão, respeitante a esta zona monumental, terá de obrigatoriamente passar por aqui. Mas, ainda mais, sempre tendo em conta a celeridade e o interesse público da causa em apreço.
Ainda não sei onde, mas vou instalar este posto de recepção num dos muitos prédios camarários existentes aqui na Baixa. Será uma espécie de loja do utente do centro histórico.
Nesta “loja do cidadão”, em delegação dos proprietários, e sempre que estes o manifestem, sem interesse comercial para o mediador, irá fazer-se a intermediação de arrendamentos de quartos, de locados, de lojas comerciais e de indústria hoteleira. Compra e venda. Para além disso, nesta loja do utente, a câmara disporá de aconselhamento gratuito de engenharia e arquitectura de modo a simplificar o processo de reconversão ou revitalização de qualquer imóvel no centro histórico. Também nesta loja irá funcionar uma bolsa de emprego para toda a zona monumental. Assim como, também aqui, haverá um centro de emergência para casos sociais relativos à Baixa e Alta da cidade, a cargo da Segurança Social.
Nesta loja multi-serviços estará instalado o “animus de antanho”. Será o gestor de toda a animação do centro histórico. Será este gestor que apresentará um plano anual de actividades alegóricas, incluindo o Carnaval, a Páscoa, as Fogueiras, a festa do Emigrante e o Natal. Para além disso, semanalmente, elaborará um calendário de animação para toda a zona antiga. Mais ainda; será este gestor que chamando a si todas as companhias de teatro da cidade, as irá desafiar a, semanalmente, apresentarem teatro de rua, em peças simples, tais como recriação de profissões desaparecidas, pregões populares, etc. Envolvendo nestes projectos residentes e comerciantes. Para além disso, devem estas companhias teatrais desenvolverem na Baixa “workshops” de modo a conquistarem novos actores amadores.
Serão criados vários concursos na Baixa: de dança, de fado amador, de música ligeira, de fotografia, de moda, etc.
O gestor do “animus de antanho” irá convidar os artistas que, actualmente, actuam na rua para desenvolverem projectos de animação em prol da Baixa. Por exemplo, os músicos serão convidados a integrarem a “Orquestra in the stret”. Outros, de animação, serão convidados a criar a “companhia de palhaços alegres da baixinha”.
Claro que você, leitor, está ansioso para saber qual vai ser a minha primeira medida governativa na Baixa. Mas, desculpe, tenho de lhe contar no próximo texto. Tenha paciência. Fiquei mesmo sem espaço. Esgotei o meu tempo por hoje. É que a minha secretária está farta de me fazer sinais, a chamar-me.

Mas, prometo-lhe, você vai conhecer todo o meu programa no próximo texto.


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