Conheço pessoalmente a Fátima Carvalho há mais de 20 anos. Naturalmente que falar disso não é relevante. Refiro-o apenas para que o leitor perceba que o que vou escrever a seguir não serão umas “tainadas” lançadas no mar no mar da imprecisão. A Fátima é uma pessoa pura. Daquelas pessoas que gostaríamos de encontrar em todas as esquinas do mundo. É uma pessoa solidária, sempre pronta a ajudar o próximo. É daquelas pessoas que nos fazem pensar. Para se ser bom não é preciso professar uma qualquer religião. O sentimento da bondade é imanente, intrínseco à condição humana. As religiões, ainda que possam despertar o sentimento, serão sempre extrínsecas ao homem.
E por que estou eu com este sermão todo não encomendado? É que li hoje no Diário as Beiras que a Fátima –aquela Fátima sindicalista, humilde e simples que eu conheço- pediu a suspensão do mandato de vereadora da Câmara Municipal de Coimbra. Segundo o jornal, “A crise- e os consequentes processos que envolvem as empresas do sector têxtil e vestuário da região Centro- levaram a socialista Fátima Carvalho a pedir a suspensão do mandato de vereadora da Câmara Municipal de Coimbra”.
Continuando a citar o Diário as Beiras, “Face à crise que é de todos conhecida, vejo-me obrigada durante este período (92 dias), a um intenso trabalho de acompanhamento dos problemas de centenas de trabalhadores que, por força dos muitos processos que envolvem as empresas do sector têxtil e vestuário da região Centro, e que não podem deixar de constituir a minha primeira grande prioridade, na defesa do emprego e dos direitos destes trabalhadores”, frases escritas de Fátima Carvalho e publicadas no jornal.
Num tempo em que se acusa os políticos eleitos de dormirem à sombra da bananeira, este gesto da Fátima –que não me surpreende, vindo de quem vem- faz-nos acreditar que ainda é possível bons exemplos vindos de cima.
Gostei muito deste gesto, Fátima. Eu que sou agnóstico, com este milagre até me fazes mesmo acreditar e a ter fé…
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