terça-feira, 21 de abril de 2009
BAIXA: SÓ JUNTOS VENCEREMOS
Ontem o senhor Rui Carvalho, comerciante na Rua das Padeiras, foi visitado pela fiscalização municipal e, sem apelo e sem agravo, lhe transmitiram de que iria ser autuado em três processos. O comerciante, que abriu o seu estabelecimento há cerca de duas semanas, criando dois postos de trabalho, perante esta inopinada forma de intervenção dos fiscais, ficou quase em choque, sem compreender como é que num altura em que se deveria acarinhar quem investe, pelo contrário, é tratado quase como alguém que sofre de doença contagiosa.
Ainda teve forças para, no mesmo dia, contactar a APBC, Agência para a Baixa de Coimbra, e a ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra. Estas entidades, mesmo sem o comerciante ser seu associado, imediatamente o contactaram e chamaram a si a resolução do problema perante a autarquia. É assim, nesta forma de actuação, que qualquer comerciante espera de quem os representa. O comerciante precisa de sentir que não é uma voz isolada num contexto perdido. Com este procedimento estas duas entidades estão de parabéns. É isto mesmo que se espera delas.
No princípio deste mês reabriu uma casa na Baixa. Depois de um processo de transformação e aposta num novo ramo, este estabelecimento veio engrandecer toda a zona envolvente do centro histórico.
Segundo declarações do proprietário, um comerciante concorrente do agora novo ramo, tem feito tudo para o prejudicar. Para além de fazer queixa na câmara pelas transformações que o colega fez no estabelecimento, ainda, por linhas travessas, faz tudo para lhe criar dificuldades.
Ontem, mais uma vez, no tempo de 15 dias, o investidor que apostou num visual diferente e outro ramo, novamente foi visitado pela fiscalização da Câmara. Segundo declarações do comerciante, “os fiscais entraram a matar. Parecia que a missão tinha sido encomendada. De certeza que mais uma queixa de inveja tinha chegado à câmara”. Licença disto, licença daquilo, horário de funcionamento, o alvará deste ramo, etc. Como tudo estava conforme, um dos fiscais, olhando para as portas de madeira pintadas a castanho, exclama: “o senhor mudou a cor das portas para castanho. Tem licença?”
O comerciante, naturalmente exasperado com tanta pergunta, mas mesmo assim calmo, respondeu: “Como? Então, foi um arquitecto do Gabinete para o Centro Histórico que, vindo de propósito aqui, me sugeriu que pintasse as portas de castanho e, se possível, pintasse também o prédio. A tinta seria oferecida”. Só então o fiscal acalmou e foi embora.
Com estas duas descrições, da fiscalidade camarária e do comerciante invejoso, como é que é possível andar para a frente?
Será que esta gente não vê que só com a convergência comum de esforços se consegue que a Baixa não sucumba?
Era bom que o comerciante invejoso pensasse que só cresce quem reparte.
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