quarta-feira, 8 de abril de 2009

COIMBRA: A ARTE DE MANIPULAR OS MEDIA





Vivemos num mundo muito engraçado, cheio de contradições. Por um lado, há aqueles que, como “advogados” do colectivo e daqueles que não têm voz, fazem tudo para os defender, muitas vezes prejudicando a sua vida. Na maioria das vezes são incompreendidos e, porque hostilizam o poder, são olhados por este, ora como anarquistas, ora comunistas, ora fascistas. Tudo depende da bitola ideológica do poder.
Depois há o outro lado, os espertos, aqueles que, duma forma sibilina, se colam ao poder e, numa vassalagem que raia o indecoroso, utilizam os actores deste poder como marionetas. O engraçado (sem graça) é que estas pessoas, ou entidades colectivas, têm sempre por objecto (é o que dizem) defender o próximo, os pobres desgraçadinhos. Nestes “pobres” englobo também o cidadão vulgar. Isto é, o chamado “povo”, aquelas pessoas que, estando na base, normalmente são as mais facilmente manipuláveis pela pouca informação que procuram e detém.
Estes “espertos” de que falo podem –ou não- perfeitamente terem sido uns “zés ninguéns” que subiram a corda a pulso. À custa da sua experiência adquirida, através de tibiezas e de golpes de rins, cresceram tanto, tanto, que, ficando inchados pelo fole “hiperóxido” da ambição, o mundo, às vezes, é demasiado pequeno para a sua destreza mental. Manipulam tudo e todos. O que até tem a sua graça. Conseguem fazer dos jornais da cidade o que querem. Até é de admirar porque normalmente pensamos que estes meios de informação locais têm uma percepção “extra-sensorial” e estão muito além, o que lhes permite não embarcar nestas aventuras de exploração barata.
Há em Coimbra dois mestres do “mise en cene”, do “show-off”, de que falo. Evidentemente que não posso apontar os seus nomes declaradamente. Ambos são políticos partidários a representar a sua formação política. Um, actuando em nome individual através das suas empresas ligadas ao mundo digital, vai explorando a ignorância, de terra-em-terra, e através de novos programas, vai fazendo acordos com as câmaras locais. Como é mestre em criar efeitos especiais, qualquer acordo celebrado é sempre uma ideia nova. Uma espécie de descoberta de uma nova pólvora. Há muito que ele sabe que para andar nos jornais o que precisa é apresentar ideias brilhantes, mesmo que, à partida, se saiba que são inviáveis e inexequíveis.
O outro, seguindo as pisadas deste ultimo que falei, usando a mesma táctica quase em tudo igual. Excepto num pormenor: está à frente de uma associação, uma IPSS. Então o seu instrumento para captar o interesse dos jornais diários da cidade é a solidariedade. São acordos intermunicipais, são acordos com a academia coimbrã, são outros com quem o quiser fazer desde que sirva, para que se fale da instituição.
Até vai ao cúmulo de condecorar um vereador camarário com o título de sócio honorário. Tudo serve para ocupar um quarto de página no jornal.
O ridículo é tão grande que chega a ser notícia –e novamente ocupando um quarto de página dos diários da cidade- fazer uma frase de “Feliz Páscoa” com garrafas vazias de plástico numa das principais rotundas da cidade. E novamente com a presença do vereador agraciado com o título de sócio honorário. Só este mês é a terceira vez que “gramamos” notícias (vazias de nada) desta associação.
O ridículo tem limites. Gosto muito do Diário as Beiras –comecei a escrever na página do leitor logo que nasceu em 1993- e do Diário de Coimbra –em que escrevo, de quando em vez, há cerca de trinta anos-, mas o que está acontecer raia o “pacovismo”. Será que os dois directores dos dois diários não vêm que estão a ser instrumentalizados?
É, quanto a mim, uma falta de respeito para o leitor. Este “non sense” é tão evidente que só admira que ninguém veja. É como se os dois jornais fossem coniventes numa farsa, numa falsa notícia em conluio, tendo por pano de fundo a solidariedade e, bem à vista, o interesse pessoal dos actores em causa.

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