quarta-feira, 29 de abril de 2009

UMA "TELHA AMIGA" SEM COBERTURA







Foi ontem inaugurada, na Baixa, uma estrutura de apoio a pessoas carenciadas. Chama-se “Telha Amiga” e, o edifício recuperado para o efeito, tem capacidade para acolher 12 pessoas em simultâneo. Segundo o Diário de Coimbra (DC), “Este equipamento social de Coimbra funciona numa lógica de apoio nocturno, disponibilizando ceia, dormida e pequeno-almoço às pessoas mais necessitadas, que regressam à sua vida de manhã. A estrutura é dotada de seis quartos (alguns com casa de banho privada), uma cozinha, um espaço comum de convívio, um escritório e WC's.
Continuando a citar o DC, “A “Telha Amiga” apresenta um desenho único, combinando equipamentos modernos com verdadeiras preciosidades a nível histórico e patrimonial.”
“A obra é da responsabilidade da Câmara Municipal de Coimbra, que investiu mais de 400mil euros, mas o espaço vai ser gerido pela Casa de Repouso de Coimbra.”
Segundo declarações, no mesmo jornal, do presidente da autarquia, Carlos Encarnação, “O edifício cumpre um papel importante “também do ponto de vista de reabilitação do centro histórico.”

O “jornalista” do Questões Nacionais veio para a rua, umas horas depois, saber o que pensam os comerciantes de proximidade, e, para isso, formulou três perguntas:

1-Concorda que se faça um investimento público de mais de 400mil euros para albergar 12 pessoas carenciadas durante a noite, com ceia e pequeno-almoço?

2-Em sua opinião, que benefícios traz à Baixa?

3-Se não concorda, em troca deste objecto social, que utilização deveria ser dada ao edifício que, entre outras, possui uma porta Manuelina do século XVI?

O primeiro, comerciante de sapatos na Rua Eduardo Coelho, começou por dizer que “socialmente a medida até poderia ser acertada, porém, tendo em conta a disparidade de investimento para o número de utentes é um verdadeiro disparate. Com este dinheiro a Câmara tomava vários edifícios de arrendamento na Baixa, recuperava-os, e colocava aqui gente nova, que é o que a Baixa precisa. É um investimento puramente demagógico.
À segunda pergunta responde, “não traz absolutamente nenhuns benefícios ao centro histórico."
À terceira pergunta, diz não saber, embora tenha a certeza de que o belo edifício está desaproveitado”

A segunda pessoa, a quem foi formulada a pergunta, é uma senhora e é também comerciante de sapataria. Começou por dizer que esta obra, interrompida durante várias fases, e que durou cerca de três anos a ser concluída, de certeza que ficou muito, mas muito, acima do valor indicado. “Não faz sentido nenhum –ou se calhar faz, por ser ano de eleições- um investimento desta envergadura para colocar apenas uma dúzia de pessoas. Isto é um verdadeiro absurdo”, conclui.
Em sua opinião, não traz qualquer benefício ao centro histórico.
Em relação à terceira pergunta, não sabe que fim daria a este bonito e bem recuperado prédio. Uma coisa tem a certeza, este não é o indicado.

O terceiro comerciante tem uma loja na Rua do Almoxarife. Começou por dizer que, aparentemente, o fim social até está certo, no entanto, a relação entre custo e benefício é uma aberração. Não cabe na cabeça de ninguém um investimento desta natureza para albergar apenas 12 pessoas.
Em relação à segunda pergunta, “não traz qualquer benefício ou utilidade à Baixa. É um investimento morto para a sua revitalização.
Quanto à terceira pergunta, diz, sem grande dificuldade, como já tivesse a resposta debaixo da língua: “o que ali deveria ter sido feito era um museu. A Baixa não tem nenhum e seria uma forma de, através de turistas nacionais e estrangeiros, trazer gente para aqui. É uma pena! Um edifício tão lindo…”

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