segunda-feira, 13 de abril de 2009

A MENTIRA DESCARADA DO DIA...


(A CERÂMICA ANTIGA DE COIMBRA, Lª, ESTÁ -ESTEVE?- SITUADA NO TERREIRO DA ERVA)



Tendo em conta que a Baixa não tem nenhum museu, e como meio importante de contribuição para a sua revitalização, segundo se consta, a autarquia, através do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), está em fase de negociação avançada com o proprietário da “Cerâmica Antiga de Coimbra”. Esta centenária fábrica de cerâmica da Viúva Alfredo de Oliveira, que esteve a funcionar até há cerca de um ano e meio, é o ultimo reduto da memória de olaria de Coimbra. Possui ainda fornos e muflas de meados do século XIX.
Esta fábrica antiga de cerâmica foi a continuadora do design de Vandelli (falecido em 1816), o precursor da cerâmica em Coimbra do século XVIII/XIX, onde predominava a policromia com incidência nos tons de amarelo ocre, verde, azul, laranja, vermelho-cravo, beringela e castanho. Neste momento existem, ainda, nos arrabaldes da cidade duas pequenas "fabriquetas" com moldes de quase um século, sobretudo em "santaria". São estes os dois últimos resquícios da memória da pasta de barro que tanto enriqueceu o burgo nesta actividade económica . Pelas dificuldades na procura, não se sabe durante quanto tempo continuarão a resistir.
Ao que parece, Mário Nunes, o vereador da cultura coimbrã, homem com um passado embrenhado na recuperação do património, está profundamente empenhado em que não desapareça esta memória viva do passado.
Apanhei-o, de rompante, na Casa da Cultura da CMC, no intervalo de uma audiência com a direcção de um grupo de folclore, que tinha lá ido pedir uma “ajudazita” para o festival anual da terra. Quando me viu o vereador fez uma grande festa: “olha o Luís! Então por aqui?” –como quem diz, não me digas que também me vens cravar. Tranquilizei-o logo. "Dotór", venho apenas pedir-lhe uma “declaraçãozita” acerca das negociações entre a câmara e a Viúva Alfredo de Oliveira. “oh, Luís…oh, luís!”, começa ele com aquele imenso sorriso a fazer lembrar o Coringa, do filme Batman, o Cavaleiro das trevas, e que era interpretado pelo saudoso Headth Ledger, “então que quer que lhe diga? Naturalmente já estamos a tratar de colocar o nome do marido numa rua da cidade. A Comissão de Toponímia já está a tratar do assunto”. Espere aí “dotór”, está a fazer confusão. Estou a falar da Cerâmica Antiga de Coimbra, no Terreiro da Erva…está a ver? “Claro, claro, amigo Luís, então não havia de estar? –ao mesmo tempo que coloca um braço por cima dos meus ombros. “Eu, até a dormir consigo reconhecer todos os recantos de cultura da cidade. Você conhece o meu passado. Apesar de haver para aí uns anarquistas que só sabem dizer mal (e até me chamam o Mário dos Ranchos). Felizmente que você não é como essa cambada. Eu sou um leitor assíduo do seu blogue…(heim…heim…heim)..o…o…”Vadiagem nacional”. Fomos interrompidos por um assessor, que de telemóvel na mão, o arrastou para o interior do seu gabinete.
Foi azar. Por acaso foi. Bom, a sua declaração terá de ficar para a próxima…

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