sexta-feira, 24 de abril de 2009

UMA LOJA QUE SE APAGA E UMA BOMBA NO EXEMPLO





Há vinte anos foi, na cidade, a catedral dos “300”. Nessa época, no auge dos artigos baratos vindos da China, foi ocupar o espaço deixado vago pela "Probar" na Rua das Padeiras. Chamava-se então “Zé Poupança” e era administrado por uma firma de Sor, a Cravo & Serrano, Lª. Chegou a ter 32 lojas de norte a sul do país, com quase uma centena de funcionários. Há cerca de cinco anos foi declarada insolvente. A loja de Coimbra, um grande espaço com cerca de 500 metros quadrados, na Rua das Padeiras, chegou a ter 7 empregados e foi adquirida por um espanhol, o senhor Thomaz.
Na próxima segunda-feira encerra definitivamente. Uma das três empregadas, de lágrimas a correr pela cara, em dor de alma que só ela sente, desabafa: “custa muito! Foram vinte anos de vida que, de um momento para o outro, se apaga. Já viu? Amanhã comemora-se o 25 de Abril. Para muitos pode ser uma grande festa, para nós, que ficamos sem emprego, é uma desilusão. Nunca pensei que isto chegasse a este ponto!”, interrompeu, puxando do lenço, tentando conter o pranto a correr como chuva num beiral em dia de inverno.
Quando lhe pergunto como foram tratadas, nesta fase, pelo empregador, responde: “muito bem! O senhor Thomaz é um exemplo de patrão e de comerciante. Encerra porque a loja não dá. Nós sabemos. Estamos cá e temos olhos na cara. Pagou-nos tudo até ao último cêntimo. Este mês de Abril, que termina na próxima quarta-feira, já o recebemos no dia 17. Cartas para o IEFP, Instituto de Emprego e Formação Profissional, está tudo pronto”.
Para além disso, para compensar as funcionárias que vão entrar no desemprego, ainda fez mais. Mas como me foi pedido que não contasse, não o farei. Posso adiantar que só uma pessoa com grande sensibilidade faria um acto destes de tanta nobreza.
Contrariando o aforismo, afinal, de Espanha, vem bom vento, bom casamento comercial e, sobretudo, um bom exemplo para muitos de nós.

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