quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
O QUE É QUE HAVEMOS DE FAZER A UM GAJO DESTES?

(Imagem desviada do seu dono assinalado)
"Presidente do BPI diz que se gregos sobreviveram à austeridade portugueses também conseguem"
"O presidente do BPI, Fernando Ulrich, reforçou hoje que o país tem de aguentar mais austeridade, se for necessária. O banqueiro, que anunciou lucros superiores a 200 milhões, voltou a afirmar que "se os gregos sobreviveram", os portugueses também têm de conseguir."
O ÚLTIMO ANO DE VENDA...
"Este ano é o último que vou estar aqui. Isto não dá nada. Também já não posso! Dói-me aqui -e leva a mão ao quadril. Está muito frio, dá-me cabo dos ossos! Já não tenho idade para aguentar!"
Há 5 anos que a senhora Adelaide, uma das mais antigas trabalhadoras no activo da cidade, por esta altura, repete sempre a mesma coisa. Longa vida para a última tremoceira da Baixa.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
É PRECISO UM DEBATE SÉRIO SOBRE O FUTURO DA BAIXA

Esta semana, ao que parece,
encerrou a “Leya”, que funcionava, desde Novembro de 2011, no prédio da “Coimbra
Editora”, na Rua Ferreira Borges, junto ao Arco da Traição e paredes meias com
o Arco de Almedina. Não faço ideia em que regime contratual trabalhava esta
marca editora nacional com a “Coimbra Editora”, no entanto, o que se espera é
que esta loja, que em carga memorial tanto significa para todos nós, reabra
proximamente sobre orientação da velha casa-mãe –se é que a “Leya” já não teria
adquirido a “Coimbra Editora”.
Depois de há cerca de quatro anos
a livraria Almedina ter encerrado duas lojas nesta mesma rua principal e no ano
passado a livraria 115 ter fechado o seu espaço na Praça 8 de Maio, agora foi
esta distribuidora de livros. Bem sei que ninguém se questiona, mas talvez
fosse bom pensar o que está a acontecer à Baixa. Paulatinamente, pé ante pé, as
suas casas com meio-século de existência mais identificativas de um passado
comercial glorioso estão a desaparecer todas. Nos últimos anos, só para
amostragem, encerraram de uma assentada a Casa São Tiago, as Galerias Coimbra e
a Traje; O Saul Morgado; o Turíbio de Matos; a sapataria Satélite; a Topal; a
sapataria Reis; a Casa Ramiro; a Arca; os Marthas; a Fetal; o Infinito; a
sapataria Charles; a Casa Ruben; a Sacril; a Casa Bonjardim; a Chuteira; a Jezequel; etc, já poucos ícones restam na cidade. É
certo que, apesar de toda esta razia, muitas delas voltam a abrir com outros
ramos, o problema é que não duram mais do que escassos dois anos, que, sem
dados estatísticos, será a média de duração de uma loja comercial renovada,
isto é, que foi ocupar o espaço de uma antiga. Por outro lado, assistimos a um
cada vez maior enfraquecimento de oferta comercial nesta zona de compra e venda e
constatamos uma repetição de roupas e sapatos, que, como se sabe, são excedentários. Sem planeamento, a diversidade é cada vez mais uma utopia. Depois destes
encerramentos de livrarias, que tudo indica não ficar por aqui, seguir-se-ão
outras áreas, por exemplo, como lojas de decoração, lojas de desporto, bazares
de brinquedos, etc.
Ainda há escassas duas semanas
fiz um levantamento de lojas encerradas na Baixa. Dizia eu, aqui, que eram 125.
Agora já são 127. Só este ano já contei 13 estabelecimentos que claudicaram.
Por outro lado há uma questão que
se levanta e que urge analisar: por que razão há 13 lojas encerradas nas duas
ruas mais importantes da Baixa? Ou seja, que motivos pode haver para o canal
comercial que, no último século, foi o mais rico em termos de oferta, hoje
estar transformado num cemitério de estabelecimentos mortos há vários anos? As
interrogações poderão ser várias e urge dar respostas. Pode-se aventar que um dos
motivos será o facto de haver várias lojas pertencentes ao mesmo proprietário?
Pode conjecturar-se que o facto de esta rua estar transformada em pedonal, sem
trânsito de transportes colectivos, pode estar a condicionar e afundar o seu
comércio? Poderá ser o facto de os proprietários, apesar da queda abrupta de
negócio, incompreensivelmente continuarem a considerar estas ruas largas ainda
as melhores e pedirem valores acima de 1000 euros? Como curiosidade, saliento o
dado de os ex-comerciantes ou profissionais ainda no activo serem os piores
carrascos para os seus pares. Vou contar um pequeno episódio que está a
acontecer aqui numa destas ruas. Há poucos anos, um estabelecimento com cerca
de meio século foi passado pelos pais já entradotes e cansados aos filhos sem
estes pagarem renda. Sem culpa atribuída especificamente, estes, foram à
falência. Agora a renda pedida pelos velhotes –ex-comerciantes, lembro- é de 1500
euros. Em resumo, para os filhos, que não pagavam mensalidade, não deu e foram
para a insolvência, mas para quem vier de novo tem de dar. Admite-se uma coisa
destas? Admite-se sim. Vivemos num sistema de livre concorrência, isto é, cada
um pode pedir o que bem entenda pelo que é seu. O que estamos todos a esquecer
é que este processo –que tem entre nós cerca de 25 anos- está a desgraçar a economia
moderna e a provocar um verdadeiro desfiladeiro entre ricos e pobres. Confesso
que sou um dos enganados. Sempre defendi este sistema económico.
Está de ver que é preciso debater
este problema sério que está a enviar a Baixa para um precipício sem fundo. É
preciso ver, com olhos de ver, de que maioritariamente os comerciantes
profissionais aqui a laborar têm mais de 50 anos. Para piorar, o consumidor,
também maioritário, que frequenta estes negócios, para além de ter pouco poder económico,
é também muito envelhecido. Juntando estas duas premissas explosivas, podemos
perguntar: que futuro espera os centros históricos? Todos sabemos que o
comércio nas cidades foi sempre a sua alma revivificadora. Se, como se está a verificar
progressivamente, assistirmos pacificamente ao seu enterro sem nada fazer o que
vai acontecer às zonas históricas do país? Sim, porque este é um problema
transversal a todo o nacional. Poderá haver um repovoamento habitacional sem
comércio? Será que os novos habitantes ousarão transferir-se para uma zona
interessantíssima do ponto de vista urbanístico e monumental, mas vazia de
animação e insegura? O que se quer para o futuro desta zona velha? Mais bares?
Mais serviços? Mais pólos universitários espalhados por aqui? Ou em resultado final
espera-se um gueto, onde proliferam animais abandonados, toxicodependentes e sem-abrigo,
e onde será impossível penetrar?
Esperemos que nos próximos
tempos, e agora que se aproxima o pleito eleitoral, haja um debate sério sobre
a Baixa, e sobretudo que conduza a obra feita. Refiro sério, porque até agora
não o tem sido. O que se assiste é toda a gente, alguns com muita
responsabilidade nesta morte anunciada e incluindo os candidatos autárquicos, a
lamuriar-se pelo envelhecimento e afundamento, em palavras condoídas de paixão
e sofrimento atroz, mas na prática não se vê nada de novo.
UMA TERTÚLIA NA BAIXINHA

Amanhã, quinta-feira, pelas 19h30, no "Be Poetry", no antigo espaço do "Centrum Corvo", na Rua do Corvo 33, vai realizar-se uma "tertúlia memória e literatura" com a presença da escritora Madalena Caixeiro.
"Este
evento inicia-se com uma degustação de presunto de atum, muxama, servido com espumante ou vinho
Alvarinho.
Recorde-se que já foram convidados:
Edmundo Pedro, Tânia Ganho e Adelino Duarte Gomes. Este é um avento mensal com a coordenação do escritor António Vilhena.
A entrada é livre.
Madalena Caixeiro é licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi professora de Língua Portuguesa, Inglesa e Alemã.
A escritora venceu o Prémio Literário Miguel Torga, atribuído pela Câmara Municipal de Coimbra, duas vezes.
As obras premiadas são: "Sementes de Só, Raízes de Mim" (Edições O Jornal) Prémio Miguel Torga (1986) e "A Pausa" (Coimbra Editora, 1988).
Madalena Caixeiro conquistou, ainda, por três vezes o Prémio Vitorino Nemésio, com as obras "Limites" (DRAC/Açores, 1988), "Os Novelos" (DRAC/Açores, 1990) e "Cadeira de Braços", publicado em 2002 pela Quarteto Editora, uma história de mulheres contada a cinco vozes que retrata o conflito de gerações."
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
VIVER... NA BAIXA
(Foto da Web)
"Os macacos são muito gregários, a
ponto de coçarem mutuamente os piolhos.
Viver na Baixa é como
experienciar viver numa ilha, num gueto, num sítio perdido... e em decadência,
ambiental e pessoal. Um pequeno pesadelo. Claro que ainda não andamos a coçar
os piolhos uns dos outros, mas vivemos acotovelados de tal maneira, que, se nos
apetecer, temos muita facilidade em macaquear a vida uns dos outros.
O que se pode conseguir de mil e
uma maneiras... como as receitas de bacalhau anunciadas e feitas imagem de
sonho ou delírio. Podemos fazê-lo pelo falar, pelas atitudes, pelos costumes
ditos tradicionais e... pela estupidez.
Uma das tantas maneiras com que
conseguimos macaquear os outros, com alguma vantagem adiante das outras. Recebendo
em troca quem exercita este "ponto negro humano", a mesma quantidade
e qualidade daquela que oferece. É uma lei básica dos movimentos estelares, celestiais
e universais: quem semeia ventos, colhe tempestades.
Isto para dizer que há pouco ou
nenhum respeito por quem vive na Baixa de Coimbra. Já bastam os entulhos
aglomerados em formas físicas ordenadas, a que se chamam habitações para, ainda
por cima, aglomerar uma espécie de população de baixos recursos a vários
níveis. São os que teimam em ficar, mesmo involuntariamente... e se sujeitam a
condições de habitabilidade muito manhosas.
Nem há, nem nunca houve, o
cuidado de preservar a necessidade de silêncio que todo, e sem excepção, o ser
humano precisa. Parece assunto sem monta ao qual todos fecham os olhos, mas
seguem vivendo as suas vidas acompanhando simultaneamente a degradação do
ambiente envolvente.
Toda esta amálgama produz um
meio-ambiente com efeitos negativos sobre as pessoas que pela Baixa se resignam
a suportar esses efeitos... como se de uma coisa natural se tratasse. Mas, conforme
o tempo passa - o tal que tudo resolve -, as pessoas assumem o aspecto de
fantasmas que por aqui deambulam, sem esperança, nem motivação.
Nada, nesta Baixa, foi pensado
para proporcionar às pessoas uma réstia de bem-estar. Quando até os macacos
escolhem a melhor árvore para se acotovelarem a caçar piolhos em regime de
mutualidade. Mutualidade, associativismo e cooperativismo, são os caminhos
talvez a seguir em oposição ao individualismo, prepotência e arrogância... aqui
na Baixa expressa na quantidade de "ares condicionados" que
proliferam como cogumelos nas paredes de todo o tugúrio. Dirão: é o progresso e
quem está mal mude-se!
Evidentemente que quem está mal
muda-se, mas também quem provoca o mal-estar dos outros se deve mudar e para
bem longe...
A Baixa de Coimbra é incompatível
com comércio e habitação. Ou pela fragilidade das construções em que muita
gente habita, obviamente, ou pela ausência de protecção contra ruídos nas
mesmas habitações em que por vezes se é quase que como "obrigado" a viver.
Afinal, a vida de uma pessoa não é itinerante, e em algum sítio tem de morar. Mas,
não sujeitar-se... e reclamar contra o ruído que é produzido num ambiente já
ele próprio muito degradado, que não necessita de banda sonora.
Que, no fundo, se resume a tocata
desafinada de "ares condicionados", motores de refrigeração, vozearia,
gritaria... e falta de respeito pelo OUTRO.
Muito obrigado. Se puderem gritar
um pouco menos e começarem a pensar em painéis solares... por exemplo.
Afinal, quem muda o mundo são os
doidos... e pode parecer uma doidice exigir mais quietude e silêncio. Quando
sou eu o interessado, mudo-me!
Obrigado pelo conselho... Até
parece que em meu redor nada precisa de ser mudado!!"
JOSÉ XAVIER NUNES
CARTA-RESPOSTA À MEDINFORMA
Minha cara Medinforma, espero que
esteja bem de saúde que eu por cá, na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, vou
andando, assim assim, graças a Deus. Se não levares a mal, vou tratar-te por
tu, é mais fácil, e coloca-nos mais terra-a-terra. Esclareço também que, como
não assinas a missiva, suponho que o teu nome é mesmo Medinforma e, por isso
mesmo, vou chamar-te pelo diminutivo “Med” –é certo que não sei se serás homem
ou mulher, pela pronúncia deves ser mulher, e parto desse princípio, mas, para
o caso, também não interessa nada.
Começo por te congratular pela carta
que me escreveste, Med. Tão querida! Logo a abrir agradeces-me o facto de ter
sido assinante da Revista C ao longo de dois anos. Ora, ora, por quem és, Med.
Eu é que agradeço.
A seguir, no parágrafo seguinte,
contas que “ como é, certamente, do seu conhecimento, a sociedade em geral e,
muito particularmente, a imprensa, atravessa um período muito tenso em que
somado às dificuldades (…) soma-se, agora, o medo e o receio nos investimentos
por parte dos investidores em imprensa”. Ai sim, Med? Não sabia que estava a
acontecer esta calamidade na imprensa.
Juro-te, pela alminha de alguém que me foi muito querido enquanto andou
por cá, que não sabia. Ai, Med?! Nossa Senhora da Conceição, padroeira de todos
os infelizes lusos nos valha! Estás a ser tão dramática! Até estou a fazer o
sinal da cruz.
A seguir contas-me que “Assim, e
após uma profunda análise dos pressupostos económicos para 2013, decidiu a
Beirastexto, SA –não conheço, mas suponho que seja a tua mãe- (…) pela
suspensão da publicação do título da Revista C (…), fruto de uma estratégia de
concentração dos seus activos em áreas de mercado financeiramente mais sólidas”. Obrigada, Med, por estares a confidenciar-me
estas coisas. Estou muito contente que, por uma questão de “estratégia de
concentração dos seus activos em áreas de mercado financeiramente mãos sólidas”,
interrompesses a publicação da revista. Entendo perfeitamente, Med. Aliás, nem
precisavas de me comunicar que me estavas a lixar os 50 euros da assinatura.
Ora, ora! Isso é para nós? Já quando passaste a tua publicação de semanal para
bimensal eu até aplaudi. Palavra! Disse cá com os meus botões, ainda bem que contratualizaram
uma coisa comigo e agora, unilateralmente, alteraram os pressupostos. Deve ser
para poupar papel e eu, como contribuinte líquido, sinto-me muito honrado em
poder participar. Fiquei com muita alegria. Eu seja ceguinho, Med!
Com esse teu ar humilde,
continuas: “Esta suspensão dos títulos de imprensa entrou em vigor já em
janeiro de 2013, motivo pelo qual não tem recebido quaisquer exemplares da
Revista C”. Ai, Med, fogo, com essa tua languidez de leite-creme até me fazes
derreter todo! Obrigada! Obrigada, minha amiga! Calculo a dificuldade com que
deves ter escrito esta confissão. Imagino, querida. Mas não precisavas. Podias
ter evitado tudo isto, e transcrevias uma mensagem curta assim no género: “gosto
de você; amo você! Por isso mesmo te forniquei os 50 euros –assim na linha brasileira, adocicada e melosa, não sei se estás a ver a coisa!?!
Oh, Med, gostei tanto da tua
cartita que não resisto a transcrevê-la parágrafo a parágrafo –desculpa chamar-lhe
cartita, não leves a mal, isto é um tratado de malandrice. Deveria ser elevado
aos píncaros da genialidade, da esperteza saloia. Espectacular! Estou sem palavras!
Continuas tu, “Gostaríamos de
apontar um prazo para a retoma da publicação da revista mas, em verdade, não o
podemos fazer”. Desculpa lá, Med, deixaste-me confuso com esta frase, mas deixa
para lá! Às vezes falta-me massa cinzenta para alcançar certos palavreados.
Continuas, “Apenas garantimos que
a sua assinatura se encontra activa” –ai sim, Med? Andas a ler muito La
Palisse, já vi!-, “e que quando houver lugar à retoma da publicação da Revista
C, tomaremos a liberdade de enviar os números em falta até à renovação da mesma”.
Ora, lá estás tu outra vez a derreter-te toda, rapariga! Deixa lá isso, porra! Fica
lá com as revistas todas! Sei lá, sempre podem fazer jeito para limpar o… vidro
traseiro do automóvel, carago! O que é que eu não faço por ti?!
Adoro a tua prosa, Med. Juro!
Nunca na minha vida fui tão subtilmente enganado e continuo a sorrir. Tens
mesmo lábia, mulher! Dizes tu, “Conte connosco para uma resolução breve desta
questão. Contamos consigo para num futuro, que desejamos próximo, nos continue
a preferir”. É claro, Med. Conta sempre comigo. No que eu puder ajudar, já
sabes. Faz-me é um favor: não me batas mais à porta. Pode ser? Podes até ficar
com os 50 euritos e com as minhas meiguices. Não há problema. Eu quero lá saber?! Nem fico nada
chateado. Até porque sei que é por uma boa causa. Tu precisas da minha ajuda,
não é Med? Estás em dificuldades. Se calhar, vais chamar-me estúpido mas,
desculpa lá, contratos contigo não quero mais. Se calhar não me vais entender.
Mas é assim: até sou meio parvo, mas não gosto de passar por otário duas vezes.
É mania, bem sei. Que mal faz um homem ser passado na perna por uma mulher?
Quem nunca foi que coloque o dedo no ar.
Despeço-me com muito amor e
carinho. Beijinhos aos meninos e um afagar de pelo ao Pompom. Continua sempre
em frente, Med. Estás no bom caminho.
Do teu admirador:
Luís Fernandes
sábado, 26 de janeiro de 2013
O QUARTO CANDIDATO INDEPENDENTE
Segundo vozes e ruídos que se
arrastam pelos becos manhosos e praças de aldrabões desta zona histórica, tudo indica que
depois do anúncio de três candidatos à Câmara Municipal de Coimbra,
respectivamente pelo PSD Barbosa de Melo, pelo CDS-PP Luís Providência, pelo PS
Manuel Machado, está em andamento pelas ruas da calçada um quarto aspirante ao
trono: “Carlitos Popó”.
Embora ainda esteja tudo a ser
cozinhado em banho-maria, posso adiantar que este conhecido e reconhecidíssimo
pretendente irá concorrer em representação dos comerciantes da Baixa. Segundo
uma fonte que pediu o anonimato, “é o candidato perfeito. Tem tudo para ganhar.
É independente; é cristão e bom samaritano, basta atentar no bom trabalho que
faz à entrada da Igreja de Santa Cruz, impedindo os mendigos de ali acamparem; tal
como os outros candidatos, não conhece nada do que se passa na Baixa, apesar de
por aqui andar todos os dias. Sabe do que pensa, mas não sabe o que diz; igualmente
aos outros concorrentes, quer mexer em tudo para tudo ficar na mesma; é o
retrato fiel dos comerciantes da zona, conhece as ruas de cima a baixo, não
sabe quem está em baixo economicamente, mas isso também não interessa nada:
cada um que se desenrasque; é um “self made man” que está pronto a colocar as
mãos na massa (de cimento), se preciso for para ajudar a recuperar o edificado
da zona e sabe fazer tudo.”
Segundo a minha fonte, “neste
momento está a ser elaborado o programa de candidatura. Estamos com alguma
dificuldade em escolher o mandatário… já que há muitos e todos querem ser o
rosto da campanha desta figura carismática. Ainda não se sabe muito bem, mas é provável que o slogan seja: "Com Popó a Baixa não muda e vai continuar um dó!"
Ontem, num tempo que não
interessava nem ao Menino Jesus, estava uma chuva enfadonha. Tentei arrancar
algumas palavras ao “Carlitos Popó”. Foi difícil porque, como é de calcular,
este nosso grande delegado comercial é muito modesto. Apesar da dificuldade,
assim aos tropeções, lá foi dizendo que se sente muito honrado por esta escolha
dos mercadores. Disse ainda que este pleito não lhe vai dar luta. Mesmo a pé,
parte vencedor. “São favas contadas!”, enfatizou assim meio a gaguejar pela
emoção, certamente.
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...
Unidoz ao nosso deixou um novo
comentário na sua mensagem "EMPRENHAR PELO TÍTULO":
Acho que se está a generalizar uma opinião injusta e nada saudável!
Não resido em Coimbra, mas sei que existem outros contentores de roupa verdes e outros de cor bege, estes sim, com o símbolo da Cruz Vermelha! E nestes é que fico sem saber o fim da roupa!
Creio que a jornalista que visou o negócio de roupa se esqueceu de publicar que existem duas empresas de recolha de roupa no mesmo município. Ou seja, o mesmo é uma barbaridade, chegando a tocar o ridículo, existindo por vezes dois contentores diferentes de roupa juntos, num aglomerado de contentores que ninguém imagina!
Cláudia costa deixou um novo
comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...":
Com conhecimento de causa, posso dizer que nem todos os interessados e visados foram ouvidos, nomeadamente os representantes legais da empresa Ultriplo. 0 protocolo com a Cruz Vermelha a nível nacional existe, e não me parece de bom tom que se escreva sem certezas. Sei que a seu tempo a verdade será reposta e os "interesses" que existiram por trás deste processo serão noticiados espero eu neste jornal (Diário de Coimbra) bem como o desmentido e pedido de desculpa aos visados. 350 lentone
**********************************
NOTA DO EDITOR
A jornalista Ana Margalho, a meu ver, nessa parte fez um bom trabalho. Isto é, ouviu todos os envolvidos desde
a Câmara Municipal de Coimbra até à empresa em questão, a dos contentores azuis,
a Wippytex. Na reportagem falava também da empresa Ultriplo que, segundo a
jornalista do Diário de Coimbra e citando Armando Gonçalves, presidente da
delegação de Coimbra da Cruz Vermelha, estaria a usar abusivamente o símbolo
desta instituição.
UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...
Daniel deixou um novo comentário
na sua mensagem "ACASOS (IN)FELIZES (2)":
O problema começa logo nos funcionários da Câmara, que são quem lida mais de perto com este tipo de problemas. Nota-se à distância que andam sempre com pouca vontade de fazer alguma coisa. Depois ainda há toda a burocracia para conseguir a verba necessária para fazer a reparação. Depois ainda é preciso que o chefe do departamento autorize, mas antes ainda tem de ser analisado pelo Sr. engenheiro. E no fim disto tudo ainda deve ser preciso elaborar um relatório. Entretanto há muitos outros problemas por resolver, que vão ficando em lista de espera.
Quando passamos nas ruas não é difícil encontrarmos pequenos defeitos na via pública, sinalização e mobiliário urbano que ficariam resolvidos com uma simples e rápida reparação, que nem implica grandes custos. Era bom que houvesse equipas de rua com vontade e autonomia para resolver estas situações da forma mais célere possível.
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JPG deixou um novo comentário na sua
mensagem "ACASOS (IN)FELIZES (2)":
Grande narrativa Amigo!
Como canta o Sérgio Godinho...
«Rabugenta, eu? Não senhor!
Eu hei-de ir desta p'ra melhor
mas falo pelos que cá deixo
não é por mim que eu me queixo»
Abraço e bom fim-de-semana!
O CONTENTOR DA FRUSTRAÇÂO
Este contentor, que tal como a mensagem impressa transmite "Olá sou o Wippy" -Roupa e calçado usado pode ser reaproveitado. (Coloque aqui em sacos fechados) Obrigado", está a causar uma celeuma danada. Leia aqui. E isto porquê? Porque as pessoas andam todas ressabiadas, descontentes com o que nos está acontecer e então disparam em todas as direcções sem pensarem. O que vou apresentar a seguir não é nada original porque creio que isto já se faz em outro qualquer país. Por que não se coloca um destes contentores na Baixa apenas para receber, em papel, as queixas de cada um? Com o propósito assumido de que qualquer visado não demandaria o emissor por difamação agravada, estes depósitos de "sentimentos negativos" seriam uma espécie de saco de boxe imaginário para descarregar a alma.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
ACASOS (IN)FELIZES (2)
Durante a manhã escrevi aqui que
há candeeiros de rua que nascem com sorte macaca. Não sei se estarei a ser
claro, mas quero dizer que nascem em dia aziago, sem sorte nenhuma. Vejam lá se
não estamos em presença de uma destas manifestações azarentas?
No Sábado passado, o temporal,
que não tem respeito pela velhice e deveria ter –porque este lampião é dos mais
antigos da cidade e faz parte de um acervo que foi desaparecendo e sendo
substituído por uns harmonizados e muito feiinhos graças a Deus-, dizia eu, para
que você não perca o fim à meada, que o tempo, na sua imprevisível
má-disposição, deu para marrar no pobre lampião, que por acaso até é cristão e
está ao lado de quem vai frequentar a Igreja de São Tiago todos os dias à noite
por vontade do senhor Bispo, D. Virgílio Antunes, e que finalmente, depois de
tanto o aborrecerem por aquele templo estar encerrado na Baixa, abriu portas a
quem lá for por bem. Continuando, a luminária, depois do aperto pelo vento,
ficou com uma asa caída, como quem diz a porta aberta, e com uns vidros
laterais partidos. Era coisa de monta? Não senhor. Se o seu proprietário fosse
privado uma hora depois estaria o assunto resolvido. Encostava-se lá uma
escada, retiravam-se os cacos, tirava-se a medida, ia-se mandar cortar os
vidros necessários e pronto: estava a coisa feita. Acontece que o gestor da
iluminação pública é a Câmara Municipal, ora, por aqui, já se vê que a coisa chia
mais fino. Esta coisa de mudar um vidro não é assim tão simples como parece. Só
ignorantes “casca dura e cabeça tipo quartzo”, como eu, não percebem a
complexidade de uma obra desta natureza.
Continuando, como se estava
perante uma enormíssima dificuldade, o que fizeram dois funcionários camarários
na segunda-feira? Eu explico, porque estou a escrever para isso. Olharam para o
exemplar de ferro forjado, lá para o alto, e, especulando, deveriam ter dito um
para o outro: “é pá, isto está muito alto!”. E, em face da dificuldade
circunstancial, foram para o que se faz sempre em presença de algo que implica
esforço mental e físico de alguém que trata da coisa pública: isolar a área
envolvente. E assim, por causa de uma portinhola aberta e dois vidritos
partidos, apartou-se uma parte das Escadas de São Tiago. Quer saber quanto
tempo? Calma. Eu conto tudo, mas nada de me pressionar. Eu respondo: até hoje.
Quer dizer, foi até hoje, por circunstancialismo, por que poderia ser durante
semanas. Quer que lhe conte? Quer? Então faça favor de não mostrar ansiedade.
Seja calmo como os funcionários da autarquia, caso contrário, lá vamos nós
aumentar os fármacos antidepressivos –ainda hoje a imprensa falou disso.
Continuando, quer você saber
porque retiraram hoje as tarjas vermelhas? Eu conto –embora preferia não ter de
o fazer, mas já que você insiste assim seja. Então é assim, logo de manhã
passei na Praça do Comércio e vi uma grua de uma empresa de limpezas, que,
parece-me, trabalha também para a Câmara Municipal, encostada ao prédio do
candeeiro azarado. Estavam lá dois funcionários a limpar os vidros do edifício
da Caixa Geral de Depósitos. Tirei uma foto e, falando lá com um vizinho
entabulámos conversa sobre a possibilidade de a máquina elevadora servir para colocar
os vidros no azarento candeeiro e retirar aquelas inestéticas fitas vermelhas
das escadas. Fui falar com o manobrador e coloquei-lhe a seguinte questão:
diga-me lá, se por acaso viesse aí alguém da edilidade, você desviava o cesto
uns metros e deixava que trocassem aqueles vidros partidos, para retirarem
essas fitas que já estão aí há uma semana e à espera de outro temporal que
há-de vir qualquer dia? E o homem, que pelos vistos é uma boa alma prática,
disse imediatamente que sim. E o que é que eu fiz? Quer saber? Quer? Então
tenha lá calma que isto é para ir contando devagar. Pensei cá com os meus
botões, vou ter com o Director do Gabinete do Centro Histórico –que, ao que se
sabe, o seu departamento está a dar as últimas, se calhar porque apresentava demasiada dinâmica
para uma máquina tão emperrada- Sidónio Simões, que é um tipo experiente assim
na mesma linha do manobrador, e, em três tempos, esta coisa fica resolvida. E
coloquei os pés ao caminho do Gabinete do chefe. Azar meu, hoje estava em
formação. Paciência, avancemos para bingo. E lá expliquei à funcionária o que
me lá levou. Esta passou a bola para outra, muito simpática, por acaso, e
voltei a explicar. Colocou-se em ligação telefónica para o departamento de
iluminação pública, mas, outra vez azar meu, o engenheiro também não estava.
Procurou-se uma senhora responsável e que me foi deixada a possibilidade de
explicar o que ali me levou. Comecei a contar e fui logo interrompido pela voz
feminina do outro lado: “o senhor sabe que houve muitos problemas neste
fim-de-semana na cidade e devido ao temporal e assim e assado”. E eu queria
falar mas a senhora preocupada, certamente a pensar com seus botões que ali
estava um chato do “caraças, não me deixava. Até que, já farto de ouvir as
explicações, mentalmente, dei um murro invisível e disse: posso falar, minha
senhora? Posso? E a senhora, do outro lado do fio, deixou. E curioso, graças a Cristo
Nosso Senhor, até me entendeu e passou a outro senhor. Lá expliquei outra vez.
E, graças à nossa padroeira Rainha Santa, então não é que ele também
compreendeu? E fez muito mais: disse que ia mandar lá já o pessoal para tratar
do assunto em questão. Lindo. Não é? Pois é. Quando as coisas são assim tão
fáceis é uma maravilha… é certo que contei com a ajuda divina, mas, para o
caso, também não interessa nada. Continuemos.
Passados cerca de 30 minutos,
mais coisa menos coisa que isso também não interessa nada, apareceram dois
funcionários da autarquia. Dirigi-me ao mais velho, cerca de cinquenta anos
mais IVA, e disse-lhe: bom dia. Fui eu que, através do Gabinete do Centro
Histórico, falei para o seu serviço. Era para ver se, aproveitando este
elevador, que vai estar aqui durante toda a manhã, vocês colocavam ali os
vidros que faltam no candeeiro e, assim, arrumava-se isto. Estas fitas estão
aqui desde segunda-feira. Estão a parecer mal. O homem olhou para mim, pareceu-me
exclamar um “grunhido” ininteligível qualquer, que não compreendi bem, mas pela
aparente má-disposição, em especulação, poderia ser entendido e significar
qualquer coisa como isto: “quem é este parvo? Por que ma havia de estar a
chatear? Se eu até estava tão bem lá no serviço! Fosca-se! Sempre aturo cada
melga!”. E fui à minha vida, pensando que o assunto estava resolvido. Fiquei
contente, com a certeza de que tinha feito o que devia.
Voltei lá cerca das 13h00. Já não
se avistava a grua. As fitas vermelhas tinham desaparecido. O Candeeiro lá no
alto já tinha a portinhola fechada e os vidros partidos tinham sido removidos.
Quanto à colocação de uns novos, e aproveitando o elevador, isso já é outro
assunto. É preciso ter calma. Estas coisas não são assim. Sei lá, às tantas é necessário
um projecto de obras?; quem sabe um requerimento para o IGESPAR?; sei lá, só se
deve trocar vidros com um elevador dos bombeiros?
É que a gente fala, fala, mas as
coisas não são assim. É muito provável que, com a nova Lei de Compromissos não
houvesse verba cabimentada… calculo o valor dos vidros em 20 euros. É tudo
muito fácil para quem está de fora. Isso é que é! Ah, pois!
E o que pensa disto a candeia
pública? Pois, essa é a questão. Tentei por todos os modos falar com ela, não
respondeu. Sei lá, se calhar até tinha o telemóvel desligado.
EMPRENHAR PELO TÍTULO
Hoje, em título de “caixa alta”,
o Diário de Coimbra anuncia: “Contentores de roupa são negócio nada solidário”.
Em subtítulo pode ler-se: “estão espalhados pela cidade e a maioria das pessoas
pensa que a roupa ali depositada é para dar a quem precisa. Afinal, a roupa é
para fazer dinheiro. Lucra a empresa e a Câmara Municipal.”
Vamos por partes, e chamando à
colação o pensamento plasmado no periódico pela jornalista Ana Margalho. Falando
por mim, por que raio haveria eu de pensar que as roupas depositadas nos
contentores eram destinadas a quem mais precisa? Por que não haveria eu de
pensar que esta recolha nos contentores serve de plataforma para evitar que
bens de pouco valor económico mas de alta utilidade não devam ser aproveitados
mesmo que, no limite, dê lucro a alguém? Sobretudo a quem investe nos
instrumentos que servem para alcançar os fins de recuperação e evitar que o
destino de bens que a muito boa gente fará jeito seja o lixo. Não é legítimo
que todos ganhem? Ou será mais admissível que se destruam bens em nome de que a
solidariedade é um fim em si mesmo e não um meio para evitar a ruína e a conspurcação
ambiental? Já agora, interrogo, qual a diferença entre um vidrão, que recebe
garrafas de vidro, e um contentor de roupas, que armazena fibras têxteis? O
princípio de recobramento e reutilização não é o mesmo?
Há cerca de três anos fui a uma
reunião do executivo camarário chamar a atenção para o facto de se estarem a
enviar para o entulho bens de elevado valor utilitário e que poderiam fazer
jeito aos mais pobres. Antes de ir à reunião da edilidade fiz uma experiência
interessante. Depositei junto aos contentores diversos bens usados e em pouco
mais de 10 minutos desapareceu tudo.
A minha opinião vale o que vale, por isso
mesmo não posso estar mais em desacordo com esta peça jornalística, que, aliás,
conhecendo a escrita e procedimento da jornalista citada, me parece pouco
objectiva. Certamente estava em dia não. Ou seja, é como se a crónica fosse
escrita em texto de opinião onde o apriorismo, na subjectividade, impera. Se
são precisos exemplos aponto o facto de se fazer referência ao pensamento
comum. Como se este, na sua imaterialidade, em ilação, pudesse servir de tese
fundamentada para declaração real. O grave, a meu ver, é que vivemos numa
sociedade que não se questiona, não pensa, emprenha pelos ouvidos e pelo que vê.
Já hoje aqui na Baixa algumas pessoas me interrogaram assim: “já viu o que está
acontecer com a Câmara Municipal, ao aproveitarem-se das roupas doadas para
ganharem dinheiro?”. A alguns respondi que não é bem assim, mas a verdade é que
a (má) mensagem passou. Contrariando o que é aventado no jornal, nem sequer à edilidade
pode ser imputada a responsabilidade de colocar uma mensagem no contentor a
explicar o fim das roupas usadas. A ser assim, nesse caso, todos os depósitos
de excedentes teriam de apresentar rótulos idênticos.
Gosto muito do Diário de Coimbra,
mas, creio e salvo melhor opinião, este jornal hoje praticou um mau jornalismo.
Executar políticas de recuperação de artigos em desuso, mesmo que dê lucro a
quem o faz –e ainda bem, já que para além da riqueza gerada são mais empregos
criados-, deve ser a substância mesmo que na forma possa parecer algo
controverso. É preciso pesar os dois males, maior e menor, e optar pelo de
menores custos para a colectividade. Penso que aqui não há dúvidas de que,
mesmo sendo sujeito à discussão e escrutínio, se optou pelo melhor. É preciso
colocar uns óculos graduados para ver que assim é?
"Baixa: Assalto ao contentor"
"Lixo: Ensinar para (con)viver melhor"
"Baixa: Os novos miseráveis"
"Neste Natal o que queres, Eduardo?"
"Eduardo olhos de mágoa"
"Eduardo olhos de esperança"
"Carta a uma funcionária pública"
"Lixo: Ensinar para (con)viver melhor"
"Baixa: Os novos miseráveis"
"Neste Natal o que queres, Eduardo?"
"Eduardo olhos de mágoa"
"Eduardo olhos de esperança"
"Carta a uma funcionária pública"
ACASOS (IN)FELIZES (1)
Há acasos felizes. Ontem escrevi sobre este desgraçado candeeiro, que num dia de temporal foi apanhado na ventania e, como um azar nunca vem só, a seguir encontrou também alguém que não estava minimamente interessado em mover um dedo e, em símbolo da inépcia e incapacidade, optou pelo mais fácil que era colocar umas tarjas em redor. Mas, vá-se lá saber porquê, o raio do lampião também haveria de ter o seu momento de luz. Então não é que hoje, mesmo ao ao seu lado, uma grua privada andava a limpar os vidros do prédio da Caixa Geral de Depósitos? E se de repente alguém lhe pedisse para desviar o cesto do elevador uns metros e em direcção ao candeeiro azarado? O que aconteceria? Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
LEIA O DESPERTAR...

LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA
Para além do texto "A BAIXA DE COIMBRA TODA A DANÇAR", deixo também a crónica "A BAIXA EM GUARDA E À ESPERA
A BAIXA DE COIMBRA TODA A DANÇAR
Como pássaro em voo rasante, Leonor
Mamede fala ligeiro como rápido é o seu pensar. As ideias despejadas nas
palavras brotam de supetão como água em nascente proveniente do interior da
terra e em milagre da natureza. Ou se não chegar esta metáfora para mostrar o
espírito inquieto e criador desta “máquina” de sonhos recuamos até ao século
XVI e transcrevemos a poesia de Camões: “Descalça vai para a fonte Leonor, pela
verdura; vai formosa e não segura”. Com uma diferença substancial: esta Leonor
de que falo, porque a conheço muito bem, contrariando o poeta, é formosa e
muito segura.
Leonor é licenciada em Serviço
Social com formação na área da dança há cerca de 25 anos. Nos meios culturais é
mais conhecida que o Papa. Nas suas variantes de dança clássica, dança de
salão, dança medieval, dança tradicional portuguesa, dança jazz, dança terapia
e bio dança, já deu aulas a meia cidade. Para além destas valências também dá lições
de arte dramática e expressão corporal. Com a sua simpatia imanente, Leonor é
uma força viva da natureza, de centrifugação, que agita tudo e todos em seu
redor. Basta nomear o seu nome no Centro Norton de Matos ou no Ateneu de
Coimbra e, como fórmula mágica de “perlimpimpim”, ansiosamente todos os utentes
associados destas duas agremiações olharão em redor para poisarem os seus olhos
nesta musa de encantamento e animação.
Há poucas semanas foi desafiada
por um grupo de senhoras para que criasse na Baixa um projeto de danças de
salão. Como seria de adivinhar, Leonor anuiu imediatamente e exclamou: “vamos a
isso!”. Mas ainda disse mais: “há uns anos encenei no Ateneu um grupo de
residentes da Alta em teatro de rua. Era uma peça que retratava a cidade há
meio-século. Gostava tanto de a repetir! A performance passava-se na Estação
Nova, por entre gente apressada, de malas na mão e ilusões em catadupa, à
chegada de um comboio. Mal a composição estancou, de vários pontos da gare,
começaram a surgir e a ouvir-se vários pregões na boca de vendedores com
profissões já desaparecidas ou em vias disso, vestidos a rigor e em cópia de
época: “olhe a arrufada de Coimbra!”; “água fresca do Mondego!”; “compre
bordados de Almalaguês, freguês!”; “tenho aqui o 31, é o último, vai andar à
roda!”; “Afie a sua tesoura, menina!” –acompanhado pelo som melódico da flauta
de pan. “Você acredita que parou tudo? Exceto o chefe da estação, ninguém
pensou que se tratava de uma encenação. Só queria que você visse! Foi
fantástico!”
Leonor quer ajudar esta zona
velha. O que a move não é o interesse egoísta, mas sim o lado social. O que a
faz sonhar é a possibilidade de ajudar a revitalizar e pôr a Baixa a mexer. “O
meu coração divide-se entre a colina altaneira e este sopé encantado. Estou
como o outro, tenho dois amores e não sei de qual gosto mais!”, enfatiza no
meio de uma estridente gargalhada. Mas há um pequeno problema: falta-lhe um
espaço amplo para ensaiar e colocar todos estes planos em prática. E agora?
Será que, tendo o mais importante que é a vontade e o saber fazer, vamos deixar
perder estas magníficas ideias para reanimar o centro histórico?
O RANCHO DE COIMBRA É UMA POSSIBILIDADE?
Depois de muito se pensar,
chegou-se à conclusão de que a Baixa, com toda esta nomenclatura de comércio e
serviços, onde exercem este mester milhares de pessoas, de facto, contrariando
o seu passado, não tem muita oferta para desenvolver as artes performativas amadoras.
De repente, alguém se lembrou de um espaço magnífico, carregado de história e
presente na memória de várias gerações: o Rancho de Coimbra, na Rua do Moreno.
Este velho salão, fundado em 5 de Julho de 1938, embora tenha uma parte
consignada à Associação Integrar para banhos públicos, está encerrado na sua
parte de animação cultural.
Em face do projeto de Leonor Mamede, confrontado
com a possibilidade desta tão gloriosa agremiação poder retomar novamente a sua
função social na revivificação da Baixa, Carlos Clemente, presidente da direção
deste grande clube, disse o seguinte: “O Rancho de Coimbra está aberto à
sociedade civil, e por conseguinte aos comerciantes, para fortalecer as atividades
culturais da nossa Baixa e da cidade de Coimbra. A coletividade a que presido
está disponível para ajudar a desenvolver programas socioculturais. Esse é o
fim a que se destina.”
Ora, em resumo, sendo assim o que
falta para avançar? Bom, atendendo às palavras de Leonor, pelos vistos, faltam
apenas pares masculinos para as senhoras. Quem tem medo de dançar? Quem abre a
pista do velhinho Rancho de Coimbra?
A BAIXA EM GUARDA E À ESPERA
Num caldinho tonitruante, em
cenário de guerra, o som das sirenes dos bombeiros, o uivar do vento, o
estalejar de vidros na calçada a desprenderem-se do que restava de umas janelas
que já foram e o atroado de umas chapas zincadas, em mistura aterradora,
constituíam o barulho de fundo deste Sábado, último, na Baixa da cidade.
De vez em quando o repetido ruído
arrastado de uma chapa a cair numa rua próxima mostrava que muitos dos telhados
do centro histórico, em triste remedeio de proprietários falidos, em
precariedade invisível, estão cobertos deste zinco de telhas faz de conta.
Na Rua Velha o beiral de um
centenário edifício decidiu mostrar que estava cansado de tanto ostracismo e
veio parar ao chão. No Largo do Romal a mesma coisa. Como que a chamar a
atenção para um protagonismo perdido, também um beirado de um edifício deu em
render-se à força do vento e claudicar.
Para os poucos aventureiros que
ousaram sair de casa para visitar a Baixa, entre um guarda-chuva fustigado pela
ciclópica ventania e um rosto fechado de má-disposição, restava um praguejar
contra São Pedro e a sua falta de vontade perante os simples. De minutos a
minutos ora tocava um alarme, ora, em piscar de indecisão, a luz elétrica
ameaçava deixar tudo às escuras, ora mais um lamento de uma sirena em busca de
ajuda a alguém que sofria cortava a inquietude da paisagem que, naturalmente,
nunca foi bucólica. Na Praça do Comércio, junto à Taberninha, um alçado de um
candeeiro de iluminação pública, em ferro, por pouco não caiu em cima de um
velho acompanhado com uma criança. Nas Escadas de São Tiago um outro lampião,
de porta aberta e escaqueirada, quem sabe em solidariedade para com a Igreja do
mesmo nome que, pelo bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, finalmente a tornou
acessível ao culto e aos visitantes, teimava em balouçar por cima das cabeças
de quem passava.
Neste sábado, durante a manhã, tal
como o país colocado em alerta vermelho pelo Instituto que já se chamou de
meteorologia, a Baixa esteve irreconhecível. A sua incomodativa e artificial pacatez
de modorra foi substituída por sons desafinados de uma orquestra natural. Entre
um assobio do vento, o bater de pratos em chapa por baquetas imaginárias, o
ritmado melancólico dos pingos de chuva grossa a chibatar as ravessas e o
estilhaçar de vidros a ecoar, era notória a carência de um tom grave, de tenor.
Se estivesse a trovejar o conjunto, mesmo incipiente na melodia, estaria
completo numa divisão (des)harmónica. No velho Museu Municipal do Chiado, umas
tarjas laterais, alegóricas ao centenário, como velas de caravela
renascentista, largando as ataduras de pendentes, dançavam ao sabor da onda
frenética.
Com a cara colada no vidro do
interior de uma loja, a fixar o vazio, um comerciante, de 60 e poucos anos,
pensava para si que já nada é como dantes. “Até a natureza, quem sabe farta das
tropelias dos humanos, decidiu quebrar o pacto de paz que tem mantido com o
retângulo há décadas. Tudo mudou; tudo passou. Que saudades do tempo em que o
tempo, sem avisar, rompia a quietude de uma vida imprevisível. Não havia
alertas de vermelho, laranja ou outro coloreado qualquer. Agora tudo é
previsível pela ciência matemática e o tempo, sem tempo, perdeu encantamento.
Em paradoxo, ai que saudades de uma enxurrada nestas ruas e becos manhosos! É
tudo perfeito, harmoniosamente concebível até ao milimétrico segundo.
Continuava a pensar o comerciante,
“mas isto é tudo uma ilusão. Quando menos se esperar a Natureza vai barafustar.
De aqui em diante, pode esperar-se tudo da rainha da biologia, senhora de todas
as vidas. Quem sabe inundações, tremores de terra e outras deslocações
telúricas com implicações sociológicas. Ai como andamos todos enganados! De nada
vale tentar alterar o curso natural das coisas. O equilíbrio será sempre
precário e, mais tarde ou mais cedo, tombarão para o lado e retomarão o seu
leito natural de como sempre foram. É como se a natureza, gozando com o esforço
humano, deixasse a impressão de que o homem comanda tudo e todos mas no fim
quem decide é a rainha-mãe. Ai se eu pudesse voltar atrás!”. Até parecia que
naquelas rugas vincadas de preocupação, mal-amanhadas e semeadas em dia de suão,
conseguíamos ler as imaginações do velho profissional do balcão. “O que eu passei
para conseguir tudo o que conquistei e agora, pelos desmesurados desígnios do
homem terreno, ambicioso que nos rege e haverá sempre de comandar, e pelo
abandono de Deus, neste prenúncio de calamidade temporal, sinto-me sozinho,
como alma errante num purgatório em busca de um paraíso qualquer. Tantos
momentos que não vivi; tantos erros que cometi; tantas benesses que a alguém subtraí.
E para quê? Hoje, como pássaro engaiolado, estou preso nesta masmorra e à mercê
do carrasco, divino ou terrestre. Se ao menos a Natureza me ajudasse. Já não
quero muito: simplesmente um sol brilhante que me aqueça a alma!” –naquele entremeio,
um vidro caiu com intrépido fragor e desfez-se em mil partículas. Em analogia,
pensou o velho lobo da compra e venda em remate final: “tal como este vidro
agora partido, “sou aquele que numa noite foi um dia, noutro dia foi alegria,
em meio-dia já sofria e num momento desaparecia.”
Como a querer desfazer todas as
teses anteriormente apreendidas, novamente a Natureza voltou a baralhar e a dar
de novo impondo a sua suprema vontade. A tarde revelou-se calma, tépida, e sem
chover. Dando uma lição ao homem que perante o mau tempo desapareceu da zona
velha, os pombos, calmamente e sem mostrarem ansiedade, retomaram os seus
beirais e o seu rumorejar invadiu novamente as ruas do velho burgo.
Uma velhinha, a senhora Mercês, cuja
única ambição é pedir ao tempo que lhe dê tempo para poder continuar a vender
os seus bolinhos de Ançã, com um grito cristalino em alegria de viver, rompia
este ambiente de marasmo: “ó menino, compra-me um bolinho?”

VOCÊS, JOVENS, SABEM LÁ...

(Imagem da Web)
"Na fila do supermercado, o caixa
diz a uma senhora idosa:
-A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que
sacos de plástico não são amigáveis para o ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse: - Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu: - Esse é exactamente o nosso problema hoje,
minha senhora.
A sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.
-Você está certo -responde a velha senhora- a nossa geração não se
preocupou adequadamente com o ambiente.
> Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidas à loja. A loja as mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
> Realmente não nos preocupámos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
> Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Nas roupas secas a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bambaleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não sempre novas.
> Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
> Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou “pallets” de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
> Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama. Era utilizado um corta-relva que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
> Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos directamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas “pet” que agora lotam os oceanos.
> As nossas canetas eram recarregadas com tinta tantas vezes quanto necessário e ao invés de comprar outra. Amolávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.
> Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o autocarro e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
> Então, não é risível que a atual geração fale tanto em "meio ambiente", mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?
Agora que você já leu o desabafo, envie para os seus amigos que têm
mais de 50 anos de idade, e para os tipos que têm tudo nas mãos e só
sabem criticar os mais velhos."
(Roubado por aí na Web)
BAIXA: NOS PORMENORES ESTÁ A DIFERENÇA
Quem faz o favor de ler o que
escrevo, certamente, deve notar que faço um esforço para não cair na facilitista
crítica destrutiva subsequente. Isto é, nas crónicas que apresento, para além
de fundamentar e justificar o meu ponto de vista, procuro ser proactivo e
credível. Se, por um lado, não me move o espírito jornalístico bombástico, por
outro, não quero ser uma espécie de anjo da desgraça. Bem sei que não é fácil
fugir a estes entendimentos, sobretudo sendo realista, que é assim que me
classifico.
Serve-me esta longa introdução
para dizer que não entendo, por exemplo, como é se gastam milhões de euros a
preparar uma sala de atendimento público futurista num edifício centenário –refiro
obviamente as recentes obras camarárias na sede da Praça 8 de Maio. Não entendo
como se gastam 15 milhões de euros no (novo) Museu Machado de Castro e depois
não há dinheiro para pequenas companhias independentes de teatro e outras
entidades ligadas à cultura das populações urbanas e rurais –saliento que não
estou contra o investimento no museu de Coimbra, contesto, isso sim, a gestão
dos fundos. Pode argumentar-se que era um projecto antigo, mas um Estado não
pode apenas afectar verbas numa obra e deixar outras à míngua. Não pode tratar
uns como filhos e outros como enteados. Bem sei que esta minha posição não será
unânime, mas, mesmo sabendo que estou a ir contra a corrente dominante, é assim
que sinto. Já há muito que se deveria ter cortado com mausoléus que apenas
servem para enterrar o futuro dos nossos netos.
Continuando na minha cruzada
pouco clara, outro exemplo: há poucos dias foi anunciado na imprensa que a
mesma autarquia de Coimbra iria contrair dois novos empréstimos, um deles, de 5
milhões de euros, para o novo Centro de Convenções e Espaço Cultural do
Convento de São Francisco. Está bem? Está mal? Ora bem, na minha apreciação
bacoca, vendo o adiantado estado de gravidez do mastodôntico imóvel, não
haveria outra hipótese senão continuar com as obras para que o parto, no
mínimo, seja assistido com segurança. Quanto ao futuro da criança, isso já será
outra questão da qual não me quero pronunciar. Tal como nos exemplos
anteriores, o que gostaria de chamar a atenção é que para estas grandes construções
há sempre disponibilidade financeira e para pequenas minudências já não há.
Pior do que isto, nem vontade de resolver os problemas, porque, às vezes,
implica apenas o querer fazer e pouquíssimo dinheiro. Vou dar dois exemplos. Poderia
apresentar muitos mais. Há mais de um mês que um triângulo constituído pelo
Largo da Freiria, Rua Eduardo Coelho, Padeiras e Almoxarife, por aparentemente
haver uma avaria no relógio da EDP, se encontra às escuras até às 18h00
diariamente, quando nas artérias limítrofes a iluminação pública acontece às 17
horas. É necessário dinheiro para repor a anterior situação? Não senhor. O que
é preciso é vontade, interesse pela coisa pública de quem gere. E note-se, há
uma série de entidades com responsabilidade pelo estado da Baixa. Sendo assim
entende-se que esta situação se mantenha? Compreende-se porque não há ninguém
que, mandando um murro na mesa, ligue para a EDP e diga, preto no branco: “os
senhores estão a brincar com a Baixa?”
Outro exemplo: neste fim-de-semana,
último, o país e a cidade foram assolados pelo temporal e com muitos estragos à
mistura. Nas Escadas de São Tiago um candeeiro de rua deixou soltar uns vidros
e ficou com uma porta aberta –repare-se que estamos a falar de uma pequena
reparação ligeira. Qualquer pessoa sabe que basta colocar uma escada alta tirar
as medidas aos vidros e em escassas horas estaria o problema resolvido. Ora o
que fizeram os serviços? Logo na segunda-feira trataram de colocar umas fitas
protectoras no perímetro do lampião. Hoje já é quinta-feira e, pelos vistos, a
coisa estará para durar. Numa cidade que é candidata e pretende ser reconhecida
pela Unesco como Património da Humanidade admite-se uma coisa destas? Falamos
de minudências? É verdade, mas, em qualquer acto humano, é nos pormenores que
reside a essência do todo. Esta zona velha, todos dizem, é uma jóia
arquitectónica. Sendo assim, não deveria ter uma equipa para acorrer a estes
pequenos desarranjos?
Valerá a pena escrever mais
alguma coisa? Aliás, pelo constante desprezo a que se assiste por esta zona
histórica só contar já cansa. Creio que por esta continuada apatia quem sai
vencido é quem denuncia este laxismo e aqui reside e trabalha. Esta indiferença
leva à desmotivação total. Como é que se há-de aguentar este reiterado
comportamento?
PAOLO JÁ TOCA NA RUA


Conforme ontem aqui dei nota, segundo
a explicação da Dona Manuela, a que agradeço a disponibilidade, proprietária do
novo estabelecimento de pronto-a-vestir onde há anos funcionou a São Remo na
Rua Ferreira Borges, durante estes dois dias, para além de, devido ao acidente
ferroviário em Alfarelos, não ter tido transporte esteve também com gripe.
Felizmente já está tudo resolvido e o Paolo Vasil já hoje pode retornar ao seu
posto de prestação de serviços e angariação de fundos para conseguir viver, junto ao Museu Municipal do Chiado, e ganhar
novamente o seu pão.
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