quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ESCREVER MENOS SÉRIO



 Quem faz o favor de ler o que escrevo, certamente já se apercebeu que nos últimos tempos ando muito sério. Se você, meu leitor querido, anda preocupado comigo, pode crer: até eu. Confesso que, em catarse, dou por mim a falar sozinho e a interrogar: então, Toino, meu rapaz, o que é que se passa contigo, homem de Deus, que andas tão acabrunhado? Ficam a saber que esta parte de mim nunca dá resposta. Sei lá, às tantas terá a ver com a crise que até nos rebenta com a boa disposição. Juro pela minha mãezinha, que Deus tem e a guarde muitos anos sem mim, que não tenho nada contra o Governo. Quer dizer, para ser mais claro, nunca falei com esta entidade, jamais lhe mandei um piropo, nem ninguém mo apresentou. Por outras palavras, não percebo porque não me larga a braguilha. Isto é assédio, carago! Sendo justo, como sói dizer-se, é a mim e aos outros. Uma pessoa vai na rua descansada e vira-se para um casal de velhotes simpáticos e ouve: “este Governo assim, este Governo assado!". Vai ao café para beber uma bica descansado e na mesa do lado esquerdo está uma família completa a fazer um plenário e a desancar no executivo; no lado direito está um gajo só, a falar sozinho contra “esses filhos de uma mãe que me dão cabo da vida!”.
Falando com sinceridade, tenho saudades de outros tempos quando a malta discutia futebol, ou, sei lá, passava uma boazona e os olhares masculinos, divididos entre as suas mamas e as belas pernas, como canibais, todos convergiam no corpo da rapariga e a queriam comer com os olhos. Agora não, qualquer mulher por melhor que seja até pode apresentar-se nua à assistência que já ninguém reage. Eu cá não sei, mas isto para qualquer “bela dona” deve ser uma tragédia. Nem quero pensar o que é, de um momento para o outro, sentir cair a procura da cobiça a pique. Vamos lá ver, cá com os meus botões, é a natureza no seu supremo desígnio, com a sua mãozinha invisível, a equilibrar as coisas. Porque isto no último século foi um regabofe. Não sei se me faço entender, mas foi aquelas ondas feministas dos anos de 1960; foi toda aquela legislação esparsa para a equivalência de género. E um homem, que não é de pau, habituado a ser o maior da cantareira lá em casa –bastava um piscar de olho e, incluindo o gato, o cão e o pássaro na gaiola, ficavam todos em silêncio-, progressivamente sente-se um fidalgote falido e sem título. Nos últimos tempos, mesmo que grite a plenos pulmões, lá em casa e arredores ninguém liga. E portanto, perante este ostracismo, é óbvio que o “macho” entre em guerra generalizada com a prole. Mas isto não era de prever? É lógico! Não é por acaso que sempre se comparou a mulher a uma flor. Basta lembrar que a “beladona” (planta) é altamente tóxica para o homem. Pensam que estou a inventar? Isso é que era bom! Sou muito sério, porra! Olhe aqui esta transcrição: “A Beladona é bastante vendida em Portugal, apesar do bolbo da planta ser altamente tóxico para o Homem e para os animais. O seu princípio activo é a Licorina Acetil Caramina Ambelina, e a ingestão de qualquer parte do bolbo provoca distúrbios gastro-intestinais. Se ingerido em doses altas, provoca mesmo a paragem cardíaca. Da flor emana um perfume tão intenso que é também frequente provocar dores de cabeça às pessoas mais sensíveis”. É ou não é? Já se desconfiava que a ingestão em doses altas do bolbo (por analogia, leia-se vulva que deve ser a mesma coisa) poderia provocar a morte de um qualquer pobre homem. Está aqui a prova de que o perfume intenso da “beladona” provoca dores de cabeça. Em suma, esta quebra na procura de interesse pela beleza feminina até vem a calhar.
Sem ser intencional, foi por danos colaterais, o Governo até contribuiu para uma desejável desigualdade perdida. E, valha-lhe isso, não foi pelo lado sancionatório fiscal, o que é uma admiração. Imagine-se, por exemplo, que, neste obsessivo catar de receita, a Coligação, liderada pelo Ministro das Finanças, Vitor Gaspar, acordava de manhã num dia destes e, frustrado pela inclinação constante do gráfico, exclamava: “vamos criar um imposto especial sobre a prática sexual!”. Presuntivamente, calculando as “berlaitadas” para cada escalão etário –que até é muito fácil pelas estatísticas que volta e meia aparecem na imprensa- estávamos todos tramados. Ou talvez não, porque, como escrevi em cima, as coisas já não são o que eram, se é que alguma vez o foram. Agora já nem com aquecimento lá se vai. Anda tudo frio como um glaciar. Ou pensando melhor, quem estavam mesmo lixadas eram as mulheres, porque os homens há muito que só vêem a crise à frente. Vivem com ela no dia-a-dia; deitam-se e sonham com a desgraçada em pesadelo. Não quero ser má-língua, mas tenho cá para mim que, por este andar e de aqui para a frente, qualquer mulher que queira engravidar tem de ir ter com o Governo. Não é querer ser especulativo, mas a ministra Assunção Cristas o que é que fez para ter mais uma criança? Isso mesmo: foi para o Governo. Ou seja, em silogismo, poderemos tirar várias ilações, mas vou focar apenas uma, é que afinal o Governo é mesmo democrata: tanto fornica o português médio como até as suas ministras. Isto é elementar. É ou não é? Pois é, mas a oposição fala disto? É o falas!

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