Sob um céu maldisposto como se
tivesse passado mal a noite, com o vento a uivar, ameaçando levar tudo o que
seja frágil, e a chicotear os alçados dos prédios em redor, e volta e meia uns
vidros dos que, como farrapos em corpo indigente, restam nas janelas, a
desfazerem-se em mil pedaços na calçada, os comerciantes e residentes no Largo
da Freiria, como beatos em busca de um milagre, olham para o frontispício do
edifício em ruínas que, a qualquer momento ameaça estatelar-se, e, em jeito de
oração, em solilóquio, pensam para si: “Deus queira que não caia!”
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