"Precisávamos de um homem com a Inteligência de Salazar", diz Otelo em entrevista ao Jornal de Negócios. Ai, Valha-o Deus! Ainda acaba por ser crucificado numa cruz de dez metros de altura no Parque Eduardo VII pela esquerda radical.
O que este homem afirmou é um axioma, verdade sem contestação,? É sim, senhor! Mas xiu!, que ninguém pode saber. No pensamento de algumas pessoas, colocá-los a falar sobre Salazar será o mesmo que os fazer engolir uma colher de óleo de fígado de bacalhau. E quanto a mim, que não estive preso pela Pide, nunca atirei pedras a ninguém -era adolescente no 25 de Abril-, é uma profunda falta de respeito. Acho muito interessante, porque, curiosamente, estas pessoas estão sempre com a ética na ponta da língua. É ética para aqui, ética para acolá, ética dos valores. Enfim, um arrazoado de coisa nenhuma.
E, já agora, porque quem escreve uma frase escreve um cento, não posso deixar de lembrar esta pequena história: há cerca de uma semana estive, em Miranda do Corvo, no lançamento do livro de Jaime Ramos "Não basta mudar as moscas". Um dos oradores era António Arnault -que, saliento, gosto imenso de o ouvir. Às tantas, estando a falar que a "direita dos interesses é o diabo", ética para aqui, ética para todo o lado, a esquerda é que é boa, disse o seguinte: "tirando um fulano de Santa Comba Dão, cujo nome não me ocorre agora..." -e o pessoal riu a bom sorrir. Ora, uma declaração destas, uma graça sem graça, sobretudo na boca de um homem que é respeitado por todos os quadrantes políticos, só pode significar uma notória falta de educação intelectual. Tenho a certeza que António Arnault não lê este blogue, mas se alguém lhe puder dar este recado, até agradecia. Não lhe fica bem fazer esta omissão em público -o que descrevo foi perante um auditório de cerca de duas centenas de pessoas.
Por muito que não se goste deste Salazar ou de Lenine ou de Mao, no meu entender, para o bem e para o mal, foram grandes estadistas -fruto do seu tempo, fizeram muitas asneiras, incluindo genocídio- e, no mínimo, devem ser citadas porque têm um lugar na história contemporânea. Ou não? Se calhar, no entender de alguns iluminados -incluindo Arnault- deveriam ser apagados.
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