quinta-feira, 8 de setembro de 2011

AMANHÃ VAI HAVER BAILE À ANTIGA NO PÁTIO DAS VITÓRIAS





 Amanhã, sexta-feira, quando a torre sineira da igreja de Santa Cruz bater as badaladas equivalentes a 22 horas, no Pátio das Vitórias, a meio da Rua Corpo de Deus, estará a começar um baile à moda antiga promovido pela Junta de Freguesia de São Bartolomeu e com a participação do estabelecimento “À Capela”, com sede no mesmo largo, que apresentará também um espectáculo de fados.

 Como já é hábito e especulando, é sexta-feira. Acabaram de bater as 22 horas a poucos metros do encantador Pátio das Vitórias. O recinto está todo aprimorado. Pelas fitas multicolores e acompanhadas de flores de papel, faz lembrar os santos populares. Todo o espaço ao ar livre resplandece de luz e cor. No canto, junto à antiga capela de Nossa Senhora das Vitórias o coreto, como farol saliente a romper o horizonte, emerge contra a tristeza que anda no ar.
Lá no canto, junto à casa da senhora… –ai, que se me varreu o nome!-, o Nuno, o colaborador, “faz tudo”, da junta de freguesia está a olhar para o assador de brasas, certamente a ver se lhe calha uma “barriguinha” em sorte. Um homem, que daqui não consigo ver a cara, está a fazer as “assaduras” de carne e peixe. Encostadas ao muro estão várias mulheres já de alguma idade. Embora não esteja muito frio -o termómetro da farmácia Universal marcava há pouco 18 graus Célsius-, o calor também não aperta. Fosse lá por isso ou para parecer mais real a analogia com o tempo passado, todas têm um xaile pelas costas. É certo que as filhas agora já não se casam pela igreja como antigamente e muito menos chegarão virgens aos 18 anos, o quer dizer que a sua permanência ali não será, como noutro tempo, de vigilância, mas apenas de participação popular e, ao mesmo tempo, para dar uma passada de dança.
O conjunto musical já afinou os instrumentos. Os músicos olham uns para os outros. Parecem esperar alguém. Quem será… quem será?
Olha, vem ali um tipo todo desempenado a subir a pequena escada de madeira improvisada e que faz a ligação entre o chão pedrado de calçada e o palco. Como estou um bocado longe, embora o pareça reconhecer pelo porte altivo e de passos marcados, não vou arriscar a dizer quem é. Não tenho a certeza se será quem estou a pensar. Está agora perante o microfone. Vai falar ao povo que espera ansioso os primeiros acordes para ensaiar uns passos de dança. Xiu! Vamos ouvir!
-Meus amigos, senhoras e senhores, convidados e moradores desta zona da Rua Corpo de Deus, a Junta de Freguesia, no espírito de “São Bartolomeu em movimento”, está a realizar este baile à moda antiga. Não sei se se lembram –e vira-se ligeiramente para o lado e aponta com o indicador- ali ruíram dois prédios e vários moradores ficaram sem tecto. Pois foi a Junta, à qual com muito orgulho presido, a expensas suas, que apoiou juridicamente, e totalmente até ao Tribunal da Relação, os “sem-casa”, que de repente se viram na rua. E ganhámos -quer dizer, ganharam eles! É para isso que estamos cá… para apoiar o povo!
Gostaria de lembrar também que estamos na Baixa e, igualmente, a Junta de Freguesia de São Bartolomeu faz tudo para revitalizar o Centro Histórico. Este evento, com a participação de “À Capela”, vem nessa intenção de reanimar a nossa zona. A Baixa está viva e recomenda-se. Não posso fazer mais! Muito obrigado a todos. Siga a música!
Olha, afinal era mesmo o Carlos Clemente, o presidente da Junta de Freguesia.
E a grande moldura humana dedicou-lhe uma forte ovação. Foi de tal maneira ruidoso o aplauso que até um casal de pombos que se preparava para bater uma soneca levantaram voo espavoridos. E a música seguiu a roda.


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