Em representação da ABCC, Associação de
Beneficência ao Comerciante de Coimbra, em Novembro de 2013, portanto há um ano
e dois meses, enquanto presidente da associação formalmente constituída, Armindo
Gaspar pediu a primeira audiência à senhora vereadora da Cultura, Carina Gomes.
Como esta edil nunca se dignou responder, por mais duas vezes se insistiu na
solicitação, o que veio a acontecer esta semana.
MAS PORQUE FOGE A VEREADORA?
O que está em causa e na génese desta reunião é
o compromisso que a edilidade conimbricense tem para com os comerciantes de
Coimbra. Trata-se de uma promessa transcrita na acta municipal de 14 de Outubro
de 2002 em que, em compensação pela aprovação do Fórum Coimbra, a Câmara Municipal prometia ceder um terreno para a
construção da “Casa do Comerciante”
no Planalto de Santa Clara.
Em 13 de Fevereiro de 2012, juntamente com um
grupo de comerciantes, apresentei-me na sessão aberta ao público do executivo
municipal para reivindicar parte da promessa não cumprida. Por impossibilidade
de construir, agora pedíamos simplesmente um espaço para prosseguirmos a acção
social. Perante as iminentes insolvências de vários comerciantes na Baixa de
Coimbra começava a fazer sentido tentar fazer renascer este projecto esquecido.
Nessa altura, o então presidente camarário Barbosa de Melo, com a frase “agora sim, o comércio atravessa uma crise
muito grande”, prometeu que iria cumprir a deliberação exarada em acta.
Passaram uns meses e em Junho, agora como representante da Comissão Instaladora
e perante membros da mesma, voltei ao executivo para lembrar do compromisso
anteriormente assumido. Mais uma vez Barbosa de Melo reiterou que o assunto
estava em andamento e tinha encarregado o director do Gabinete de
Inovação e Desenvolvimento Económico, Veiga Simão, de chamar a si a sua execução.
Álvaro Seco, em representação dos membros da bancada da oposição, do Partido
Socialista, reiterou: “os comerciantes,
neste projecto, ao contentarem-se com uma sala –que sala? T0, T1?-, têm pouca
ambição. Deveriam estar aqui não a pedir mas sim a exigir.”
Logo a seguir, na presença de
Veiga Simão, foi-nos oferecida uma sala no Mercado Dom Pedro V para a futura
sede da ABCC, que nos seria entregue proximamente, em regime de comodato no
prazo de cinco anos. Passado um tempo fomos convocados para uma reunião com o
vereador José Belo. Segundo este responsável pelo pelouro, “aquela sala no mercado não tinha dignidade
suficiente para um projecto desta importância e por isso mesmo tinha pensado
noutro espaço: um anexo em mau estado de conservação, no mesmo Mercado Municipal
e junto à Rua Martins de Carvalho”. Naturalmente, e dentro do espírito de
boa-fé, aceitámos. Foi acordado que a autarquia faria as obras necessárias e o
prédio nos seria entregue passados alguns meses. O tempo foi correndo, passou
um ano, e nova proposta: afinal cinco anos em comodato era demais, passava para
dois. Negámos e ameaçámos tornar público este dar o dito por não dito. Retornou aos cinco anos. E ficámos à
espera da entrega do espaço. Uns meses antes das eleições autárquicas de 2013
foi-nos proposta nova alteração: a edilidade cedia 14.500,00 euros para as
obras e a comissão instaladora da ABCC chamava a si o restauro do edifício.
Ora, não sendo a construção civil o nosso forte, declinámos o plano e ficámos à
espera do resultado eleitoral.
MUDA A COR MAS TUDO NA MESMA…
PARA PIOR
Ganhou o PS as eleições e, pelo esforço de
Armindo Gaspar, tentámos ser ouvidos pelo novo presidente da edilidade, Manuel
Machado. Nunca nos recebeu. Em Novembro deste ano de 2013, através de pedido
escrito e por indicação de que seria a responsável, solicitámos uma audiência à
vereadora da Cultura, Carina Gomes. Passou um ano e nem um sinal da dirigente
pela pasta cultural. Nova solicitação escrita no gabinete de atendimento e
nada. Há cerca de um mês, Armindo Gaspar encontrou Machado e falou-lhe deste atraso e foi então
acordado que Carina Gomes iria receber dirigentes da ABCC e que posteriormente
daria conta. Foi marcado um encontro para o dia 3 de Fevereiro, pelas 11h30.
EUREKA!
Cerca do meio-dia da data aprazada, na casa da
Cultura, recebeu-nos a vereadora da Cultura. Em torno da mesa e rodeada por um
técnico e um assessor, ao lamento de Armindo Gaspar de só nos receber um ano e
dois meses depois respondeu a edil: “Eu
chamo-me Carina Gomes e não Carina Alves. A carta que o senhor enviou não era
para mim!” –fim de citação!! Perguntei à senhora se, por acaso, havia mais
do que uma vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Coimbra. Com um
permanente sorriso irónico, respondeu que o apelido estava errado e ponto
final. O erro foi de Armindo e não dela.
Tinha de levar o que merecia:
perguntei se tínhamos cara de parvos. Estava desembainhada a espada de guerra.
Durante largos e muitos minutos não me olhou e só falava para Armindo Gaspar.
Como rainha no seu castelo, ostentava no rosto uma notória superioridade e um presumível sarcasmo. De tal
modo que chegou a dizer a Armindo: “não
esteja tão nervoso. Não há razão para tal!”.
Porque estava à vontade –estou sempre, já levo
alguma experiência com estas pessoas que raramente me deixam saudade- fui
metendo umas graças e a tensão entre mim e a mesa aliviou-se, embora por pouco
tempo. Mostrando a anfitriã completo
desconhecimento do que estava a ser discutido, a conversa ia fluindo e até já
havia sorrisos. Até que um técnico presente lançou a bomba de que a
contrapartida municipal, exarada em acta de 2002, por um lado, poderia ser
devida pelo Fórum Coimbra, por outro, até poderia ter prescrito. “As contrapartidas podem ter um prazo de validade”,
arguiu, do alto do seu grande saber tecnocrata. Ou seja, estava metido o pau
na roda para lançar a dúvida e a confusão. Para mim nem deveria ser nada de
novo. Já conheço este procedimento. Há funcionários que para ficarem bem na
foto conseguem ser piores que o chefe político. O problema é aguentar este
género de contra-argumentação, cujo objecto é simplesmente ganhar tempo e gerar
dificuldades. Interroguei se estava ali no papel de economista ou advogado.
Caiu o Carmo e a Trindade. “O senhor está
a ofender-me”, replicou o sujeito com veemência. Com as minhas desculpas de
que não tinha tal intento, prosseguiu o homem com a sua explanação dizendo
que “há uma grande procura de espaços na
Baixa, o problema são as rendas. Há comerciantes a ganharem muito dinheiro!”. Pronto,
estava tudo estragado outra vez! Repliquei que o comércio na Baixa está
catastrófico. Bastava lembrar que, nos dois anos antecedentes, três comerciantes da direcção da ABCC faliram. Quem está a ganhar dinheiro? Pode apontar o nome de um
comerciante? O senhor não sabe nada do que se passa no comércio! Atirei assim a
frio. Olha o que eu fui dizer! Saltou logo toda a mesa em sua defesa. A
vereadora tomou o comando da ofensiva e replicou que há muitas verdades e que a
minha não era a única. Atirando um argumento que só quem não sabe o que se
passa o invoca, arremessou: “Olhe os
horários do comércio! Ao Sábado, de tarde, está tudo encerrado. As ruas estão
cheias de gente. Eu vejo!”, enfatizou com solenidade. Estava mesmo a pedi-las,
pensei para mim. Ai sim? Eu estou aberto ao Sábado todo o dia e não tenho
ninguém, por que não há pessoas, a Baixa fica completamente desertificada. A
senhora, ao ver o que ninguém vê, está a precisar de óculos! Outra chatice! “O senhor está a ofender-me!”, argumentou
a dona da Cultura. Ai estou?, defendi-me. Vocês, políticos, estão habituados ao beija-mão e a que todos concordem com o que dizem. Quando alguém discorda,
queixam-se de ofensa. Se a senhora não tem estômago para ouvir o que um cidadão
tem para lhe dizer, mude de profissão. Esta não lhe assiste nem nos serve! Avoquei.
Saltou em sua defesa o assessor: “o senhor não deixa falar ninguém. O comércio está muito mau mas não está catastrófico! Não é a mesma coisa! O senhor está a ofender a senhora vereadora!”.
Ai estou? Interroguei. Não sabia!
Estava tudo desconversado. Despedi-me com um
aperto de mão e com a frase: apesar de tudo gostei de falar convosco. É
verdade! Esta conversa veio mostrar-me o que já imaginava: com estas pessoas
não vamos longe! Pela parte que me toca, creio que não me apanharão mais em
qualquer frente-a-frente. O desencanto é demasiado para voltar a falar consigo,
senhora vereadora, Carina Gomes… (não Alves).
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1 comentário:
Realmente existem pessoas que começam a fazer sentir falta dos tempos de Barbosa de Melo.
Eu já enviei para o mail da CMC há 8 dias um email a solicitar uma reunião na qualidade de Representante dos Pais e Encarregados de Educação do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas Coimbra Centro e nem se dignaram acusar a recepção do mesmo.
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