O dia 14 de Fevereiro é considerado o Dia dos Namorados. Quem for casado ou conviva em união de facto, pelo menos hoje,
ofereça uma rosa ao seu amor. Se puder, leve-a a jantar fora ou, no mínimo, ao
cinema –e por que não “As 50 sombras de
Grey”? Ainda não vi este filme que estreou recentemente. Sobretudo nos
casamentos longos, temos tendência, todos, homem ou mulher, a esquecer as
gentilezas, os pormenores, que transformam uma relação diferente a dois.
Acomodamo-nos. Achamos que a/o comparte está conquistado e já não é necessário
fazer nada para o manter. Erro crasso para tantos de nós! O amor é como um
jardim, se não for continuamente regado, fenece e morre.
Para quem não tem namorada, ou companheira, por
ser viúvo, divorciado, solteiro, sozinho, pode ser um dia muito triste e a
defesa para muitos, creio, é o álcool. Para estes solitários hoje é um dia de
enterrar a cabeça no travesseiro, no etílico, nas sobras de um passado,
empoeirado e cheio de sombras, que não volta, para esquecer um tempo que teima
em vir ao de cimo e sobrepor-se a todas as recordações. Para estes muita
coragem e ganhem esperança de que há sempre alguém à espera. Não se escondam
atrás do reposteiro ou dos efeitos alucinogénios para aguentar o mundo que
parece ter aterrado em cima dos seus ombros. Vão à luta. Para muitos destes,
sobretudo pessoas com alguma idade, o facto de serem info-excluídos, não
saberem lidar com computadores, pode ser uma enorme barreira. Apesar de haver
muitas instituições de apoio à terceira idade, penso, ainda não se dá o devido
valor a este facto e o quanto a sua ignorância pode contribuir para a solidão e
infelicidade de tantos.
Há pouco tempo um meu amigo, já com alguma
idade, pedindo-me ajuda, alertou-me para duas premissas que contribuíam enormemente
para a sua angústia e isolamento e que eu nunca tinha pensado. A primeira é a precisão
de saber comunicar na Internet e a segunda é a necessidade de saber dançar. O
meu amigo, de cerca de sete décadas mas com aspecto de ter menos idade,
mostrou-me a sua impotência para arranjar uma companheira para os dias que
teimam em ser curtos e noites que, por não conseguir dormir, são demasiadamente
compridas.
Nem nos passa pela cabeça os dramas que
acontecem entre-paredes de silêncio e retiro na terceira idade. São tragédias
que, por sermos mais novos e ainda nos mexermos bem, nos passam ao lado. Há uma
imensidão invisível à espera de um simples sorriso de alguém. Neste Dia de
Namorados pensemos nisto.
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