sábado, 5 de novembro de 2011

ÉTICA E CIDADANIA, UM PONTO PARA PENSAR

(IMAGEM DA WEB)



 “Já viste, Luís?! Agora os chineses estão a vender a fruta, creio, praticamente ao preço dos outros nossos comerciantes portugueses. Se houver diferença será de uns simples cêntimos. Pois, para além de continuarem com a casa cheia com clientes diversos, que deixaram de comprar no Mercado Municipal e nas outras lojas de fruta daqui da Baixa, sabes quem é que lá se vai abastecer? Os empregados de comércio e também alguns comerciantes do Centro Histórico. Será que estas pessoas não pensam? Será que não vêem que estão a contribuir para o desaparecimento dos nossos colegas? Sim, não faças essa cara de interrogação, homem?! Tu já viste aqui algum chinês a comprar o que quer que fosse noutra loja qualquer da Baixa? Pois é, não vês. Ora, então, se houvesse um pouco de bairrismo nas pessoas que aqui moram e trabalham, talvez não se verificasse o que estamos a assistir. O comércio de um bairro –como está transformada a oferta e a procura aqui- vive, ou sobrevive, entrelaçado um no outro. Isto é, eu vou comprar linhas ao Eduardo, ele vem-me comprar uma camisola a mim. Se se perder este princípio de inter-ajuda comunitário o que irá acontecer? Será que quando os “nossos” encerrarem de vez os empregados de comércio, depois de ficarem desempregados, vão pedir trabalho aos chineses? Olha ali –e aponta para um comerciante que vai a passar na rua com um saco de fruta-, vê bem! Ele foi lá comprar a fruta. E os nossos, como o Arcindo, o “Manel” e o “Jaquim”, como ficam? Está certo isto?
Bem sei que estás a pensar que eu tenho alguma coisa contra o comércio chinês. Ó pá, tenho e não tenho. Por um lado, não tendo, compreendo que têm direito a ganhar a vida, mas não gosto dos seus métodos de capturar a clientela através de preços abaixo do custo para fazer desacreditar a restante concorrência. Por outro lado, tenho. Tem paciência, mas primeiro estão os nossos conterrâneos e só depois quem vem de fora. Estás a franzir o sobrolho?! Pois é, mas é por causa desse pensamento alargado –onde todos têm os mesmos direitos- que nós estamos como estamos. Olha, vê aqui ao lado em Espanha. Vê lá se eles embarcam em cantilenas de igualitarismo?! Há igualdade, mas uns são mais iguais do que outros… naturalmente! É por causa desta obsessão de transformar o diferente em tudo igual que a Europa está como está. O resultado económico está à vista! Só não vê quem não quer! Não dizes nada?! Pois… não tens argumentos, pois não?! Tu também és desses que, acima de tudo, defende a igualdade de oportunidades, não és? E que te vale a ti? Acabas espezinhado como eu e outros. Vê lá se acordas e escreves mais sobre cidadania activa. Sabes o que é? Cidadania activa é defendermos o que é nosso… a nossa família. E os portugueses, verdadeiramente, são a nossa prole. Escreve lá sobre o que estou a dizer… anda lá!!”


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1 comentário:

LUIS FERNANDES disse...

Jorge Neves deixou um novo comentário na sua mensagem "ÉTICA E CIDADANIA, UM PONTO PARA PENSAR":

Todo este problema começou com a entrada de Portugal para a CEE, sem perguntarem aos portugueses se queriam entrar ou não e mais recentemente com os acordos assinados entre a União Europeia e os países do Oriente. Suspeito que isto é só o inicio, não tarda muito os chineses e japoneses vão comprar a totalidade da dívida europeia a troco de mandarem na Europa.
Vou centralizar-me no texto que acabei de ler e concordo inteiramente com ele.
Há uns tempos já escrevi sobre este assunto e muitos comerciantes levaram a mal. Tive de fazer um novo texto a explicar melhor o que tinha dito, pois só sou responsável pelo que digo e escrevo e não pelo que os outros entendem.
Continuo a afirmar que a maioria dos comerciantes da Baixa são os culpados da situação actual do comércio, basta ver os eventos que se organizam e a sua adesão. Têm melhorado nos últimos tempos, mas a iniciativa tem de ser dos mesmos.
Bem sei que a ACIC praticamente não existe, a APBC não pode fazer muito mais já que o dinheiro não abunda.
Em relação à frutaria do chinês, tenho conhecimento que a fiscalização anda atenta e o tem visitado com bastante frequência. Muito sinceramente, não prevejo muitos meses aberto a vender fruta, porquê? Fácil conclusão… (texto amputado por minha iniciativa, o Jorge Neves que me desculpe).
Também tenho conhecimento que existem donos de outras frutarias que vão lá comprar fruta para vender, como é lógico compram como consumidor final e quase de certeza sem recibo.
Eu não sou comerciante na Baixa, mas defendo o comércio tradicional e faço compras no mesmo com excepção da carne e do peixe. Posso afirmar novamente que vejo muitíssimas vezes os comerciantes da baixa a fazerem compras nas grandes superfícies. Depois que legitimidade têm para criticar? Nenhuma é claro!