Encontrei-a na semana passada, numa destas ruas
estreitas. Ela é funcionária da Câmara Municipal de Coimbra. Cumprimentámo-nos
e, de supetão, ela atirou: “você deu-lhe
forte e feio!”. Interroguei, a que se referia concretamente? “À vereadora! Ao texto sobre a vereadora,
Carina Gomes! Olhe que li a crónica através do Facebook, concordei e gostei, mas nem sequer tive
coragem de pôr lá um “gosto” para não me comprometer! Você não tem medo?”
Expliquei por pontos. O primeiro, que não é nada pessoal, redigi porque me senti
maltratado e nada mais do que isso. O
segundo, não escrevo por encomenda, não exerço política partidária, não
faço fretes para prejudicar quem quer que seja, não me movo por interesses
pessoais –escrevo pro bono,
gratuitamente, somente com um sentido elevado de justiça, tentando, apenas tentando,
corrigir algumas injustiças. Para além disso, faço questão de não me deixar ser tomado por sentimentos persecutórios ou justicialistas. O terceiro,
sobre o medo, respondi que, como toda a gente, também sinto que posso ser
prejudicado mas até hoje, que eu saiba, nunca fui. Por vezes, sinto-me olhado
com desconfiança –como se olha alguém que não é dos nossos-, mas isso é uma
vantagem.
Alguém tem de dar a cara para mudar as situações
que, diariamente, nos insurgimos e pedimos mudanças. E porquê eu? Interrogo-me
tantas vezes. Porque no meio da sanidade colectiva há sempre um maluco que desponta. E um desses malucos sou
eu!
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