terça-feira, 14 de agosto de 2012

UM LOBO NA JANELA

(Foto de Paulo Abrantes)

 O Lobo é um simpático, humilde e introspecto artista plástico que, com muito calor humano de todos nós, calcorreia estes becos e ruelas da Baixa e nos faz companhia diariamente. Há pouco tempo deu-lhe para decorar com pinturas suas umas janelas de um prédio abandonado no início das Escadas de Quebra-Costas e junto ao Arco de Almedina. A verdade é que, segundo se consta lá na zona, parece que o local se transformou em “ex libris” para turista ver e recordar através de fotografia.
Até há pouco tempo era costume encontrar o Lobo a pintar e expor nas Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz. Segundo conta, há poucos dias, cerca das 21h00, ficou espantado e indignado com a actuação de dois agentes da PSP. “Eu estava a pintar e tinha alguns trabalhos expostos na parede. Vieram dois polícias e interpelaram-me dizendo que eu não podia estar ali. Interroguei se estava a incomodar alguém –até porque se fosse mais cedo, até poderia entender, sei lá, que fossem os comerciantes que não gostassem de me ver ali. Um deles disse para eu sair dali depressa e antes que me pedisse a identificação. Bolas!, senti-me humilhado, entende senhor Luís? Você conhece-me. Sabe muito bem que sou educado e não atrapalho a vida de ninguém. Enxotaram-me como se eu fosse um cão, ou um qualquer criminoso, entende? Ora, você sabe, eu sou um artista modesto mas com obra feita. Tenho vários livros de poesia publicados. Já fiz várias exposições de pintura. Sabe o que é? Acho que estes profissionais de segurança medem todos por igual e sem levar em conta o desempenho e o valor cultural de cada um. Como tenho este aspecto simples… só pode ter sido por isso, senhor Luís. Não vou voltar mais a expor na rua!”
Há cerca de um mês o Lobo expôs na galeria “Arte à parte”, na Rua Fernandes Tomás, e vendeu tudo, como tão bem conta aqui o Paulo Abrantes, no seu blogue “Denúncia Coimbrã”.

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