terça-feira, 28 de agosto de 2012

A ASCENSÃO DO MEDO

(IMAGEM DA WEB)

 Hoje os dois jornais da cidade, o Diário de Coimbra e o Diário as Beiras, em primeira página, respectivamente, noticiam assim: “Polícias Municipais agredidos “à cadeirada” e “Agentes da Polícia Municipal agredidos por arrumadores”.
A meu ver há aqui questões que convêm analisar. A primeira diz respeito ao facto de, contrariamente ao que é afirmado nos dois periódicos, haver apenas um agente da Polícia Municipal (PM) dentro da pastelaria Sírius e não dois como é propalado. Segundo o que consegui saber de fonte idónea, que presenciou os factos, mas que pediu o anonimato, “o agente estava sozinho. Foi então que entraram os dois arrumadores e, sem quê nem para quê, o começaram a agredir. Mas eu não quero falar mais disso que, com essa gente vadia –referindo-se aos arrumadores- não quero nada!”. Voltei a insistir se, de facto, era apenas um agente que estava presente. Um bocado agastada, repetiu: “já lhe disse que era um só!”. E não foi possível arrancar-lhe mais nada.
A segunda questão que se coloca é a razão de os dois jornais afinarem pelo mesmo diapasão: ou seja, pelos vistos, ambos caírem na nota errada. E, sem ir mais longe, poderemos interrogar porquê? Quem deu esta informação falseada? Sim, porque alguém a deu. Conheço bem o trabalho dos dois matutinos e sei que não escrevem de qualquer maneira –claro que posso especular que teria sido muito difícil de obter informações dentro do estabelecimento de hotelaria. Se com os jornalistas se passou o mesmo que comigo, dá para adivinhar o que teria acontecido.
O problema é que esta (falsa) informação é mais grave do que parece. É que se lermos a notícia sobre o prisma em que dois agentes da PM são agredidos por dois arrumadores toxicodependentes inferimos uma ilacção: “o quê? Dois vadios mal nutridos conseguem bater em dois agentes treinados para enfrentar situações de risco? Afinal, que preparação física tem estes agentes? Enquanto cidadão, sinto-me inseguro com estes polícias. Pelos vistos, só servem mesmo é para multar!”
Porém se, eventualmente, lêssemos que um agente da PM foi agredido dentro de um café por dois rufias, o caso muda completamente de figura. Eram dois contra um. A ilação seria mais ou menos assim: “fogo!, já não há respeito por nada, nem por uma farda. Coitado do agente, com dois energúmenos, também o que é que ele poderia fazer?”
Ou seja, se na primeira aferição sai prejudicada a imagem da PM, já na segunda sai reforçada.
Outra questão pertinente. Este incidente aconteceu a cerca de pouco mais de meia centena de metros da 2ª Esquadra da Polícia de Segurança Pública (PSP). Segundo uma testemunha que ouvi e pediu o anonimato, “a PSP demorou mais do que 15 minutos a aparecer. Não sei ao certo, mas que foi um quarto de hora lá isso foi, garantidamente”. Isto quer dizer que se, por acaso, houvesse uma arma nas mãos dos agressores, facilmente teriam assassinado o agente da PM. Além de mais, e com base nas declarações desta testemunha, havia vários clientes dentro do café e ninguém se prontificou a ajudar o cívico que, declaradamente, estava em desvantagem numérica. Nem um só se levantou para o auxiliar.

ONDE PÁRA A SOLIDARIEDADE PARA QUEM NOS DEFENDE?

 Hoje, à hora do almoço, dirigi-me à pastelaria Sírius para saber informações. Como conheço o actual proprietário foi com ele que pretendi falar. Debalde, estava de férias. Então, identificando-me, e mostrando o objecto da conversa, perante a gerente que, presumivelmente, o substitui, de uma forma pouco polida e muito crispada, a profissional virou costas e deixou-me a falar sozinho. É óbvio que lhe assiste o direito legítimo de falar ou não falar, mas quando as pessoas não prestam declarações com receio de represálias de dois meliantes e, sobretudo, para testemunhar em favor de um agente que arrisca a vida para nos defender alguma coisa vai mal na cidadania. Quando o medo toma conta do nosso agir é mais preocupante do que parece. Acerca deste ponto, ao falar com a testemunha que presenciou o atraso da PSP foi-me adiantando que “as empregadas estão cheias de medo. Os dois arrumadores ameaçaram-nas. Mesmo ontem elas não quiseram depor para a polícia. Você já viu? Andam estes agentes a dar o corpo ao manifesto para depois, quando é preciso testemunhar a favor da verdade, se encontrar pessoas que não querem saber de quem os defende. Mas depois, quando estão à rasca, queixam-se que isto é assim e assado!”

2 comentários:

Pedro Galveias disse...

Sr. Luís,

Tenho uma loja na Baixa e uma filha bebé com quem passeio frequentemente nas ruas da mesma. Ora, se por um acaso eu estivesse presente nesta situação, seria para mim ou para outra pessoa nas mesmas condições muito complicado intervir sabendo que este tipo de pessoas praticam uma violência gratuita e sempre desmesurada. Compreendo a reacção de medo das pessoas. Ainda para mais quando quem nos deve proteger e fazer algo, demora 15 minutos a chegar estando mesmo ali ao lado. (tal como é incompreensível os assaltos à Pétala, à perfumaria do Mercado e outros). Sim, por vezes tenho vontade de fazer justiça pelas próprias mãos, criar milícias populares e actuar. Mas sabe, depois a polícia já não demora 15 minutos para me vir buscar, vem logo! Depois ainda temos aqueles comerciantes que, preocupados com os seus bens, têm que pagar 1000€ por noite por 2 agentes da polícia, se o edifício onde têm a sua loja estiver em obras e com andaimes montados e solicitarem a vigilância do mesmo.
O problema da Baixa tem que ser resolvido doutra forma, como tantas vezes já referiu. E com isto não meto no mesmo saco todos os agentes da polícia, pois alguns preocupam-se e fazem o que podem...
Nunca ignorei os "personagens" da Baixa de Coimbra que o Sr. Luís tão bem retrata (o saudoso "Aspirante", o Sr.que vende a CAIS, e tantos outros...) Mas causam-me alguma revolta os marginais que passam o dia em frente à Câmara Municipal a vender droga debaixo do nariz das autoridades e a elaborar os assaltos que vão fazer. As autoridades conhecem-nos, sabem quem são... e todos os dias lá estão!
Eu ainda acredito na Baixa de Coimbra.

flavio russo disse...

bla,bla,bla,sem culpa ninguem bate a ninguem,os arrumadoires nao sao todos bandidos ou drogados,tive tempo conecer esta gente ,porque ja passei por esta vida,os gaijos de policia tambem nao sao anjos,antes de falar,deviam mas e saber toda esta istoria(desculpem pelos erros,sou estrangeiro andei aprender escrever sozinho com ajuda de gente da rua)