“Ó senhor Luís, estou muito
contente, já tenho cartão de arrumador!”. Quem assim me falava ontem,
esfuziante de alegria e logo que me viu, era o José António Costa.
O “Zé” está há 30 anos a arrumar
carros junto ao Estádio Universitário. Em Novembro, último, escrevi uma crónica
a descrever o seu desânimo. É que o Costa tinha recebido uma notificação da Polícia
Municipal para pagar uma multa por estar a trabalhar –e sublinho mesmo “trabalhar" porque este homem faz um bom trabalho na outra margem. Por isso mesmo lhe
chamei o “Guardião da Margem Esquerda”.
Segundo me conta o “Zé” António, para
além dele, a autarquia concedeu também uma licença a outro seu colega, o senhor
António Rocha, a operar também junto ao estádio. Quando assim acontece –é o que
sinto-, uma pessoa fica satisfeita com a administração pública. Todos sabemos
que atrás da abstrata máquina administrativa estão pessoas de carne e osso e
coração, mas, na maioria das vezes, não confiamos neste sistema que foi criado
para reger e proteger os nossos direitos. Quase sempre pensamos que a sua função social é sobretudo coerciva. Nasceu para lixar a nossa vida.
Por outro lado, também se prova aqui que desencadeando uma acção, inevitavelmente, gera uma reacção. Quase sempre damos por acabado que “não vale a pena”, “para que vou fazer isso se ninguém me ouve?”, são os lamentos mais comuns. Ora o que assistimos aqui é que, perante uma injustiça que estava prestes a ser cometida, a contento de muitos os cidadãos envolvidos –saliento que, para além dos que leram, foram vários para quem enviei o texto na altura e tenho a certeza que não ficaram impávidos a assistir e pugnaram para que fosse feita justiça- a Câmara Municipal de Coimbra emendou a mão. Está de parabéns a edilidade. São actos generosos como estes que nos fazem acreditar numa relação de proximidade com o poder local e num amanhã melhor.
Por outro lado, também se prova aqui que desencadeando uma acção, inevitavelmente, gera uma reacção. Quase sempre damos por acabado que “não vale a pena”, “para que vou fazer isso se ninguém me ouve?”, são os lamentos mais comuns. Ora o que assistimos aqui é que, perante uma injustiça que estava prestes a ser cometida, a contento de muitos os cidadãos envolvidos –saliento que, para além dos que leram, foram vários para quem enviei o texto na altura e tenho a certeza que não ficaram impávidos a assistir e pugnaram para que fosse feita justiça- a Câmara Municipal de Coimbra emendou a mão. Está de parabéns a edilidade. São actos generosos como estes que nos fazem acreditar numa relação de proximidade com o poder local e num amanhã melhor.
Voltando ao José António Costa,
pergunto-lhe como se sente agora, que já pode trabalhar à vontade. Responde
assim: “sinto-me muito bem. Nem você calcula o peso que este cartão me tirou de
cima! Acredita que agora estou a ter problemas com outros arrumadores que
querem ocupar o meu lugar? Quando lhes mostro que estou licenciado nem
acreditam. Chegam a levar um papel e, rindo de troça, a dizer que também têm
autorização. Às vezes chegam a provocar-me. Ainda há dias tive que me chatear a
sério. Ah, pois!”
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