quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A MATERIALIZAÇÃO DAS OBRAS DE SANTA ENGRÁCIA


 “Ó Luís, você já viu a máquina que está parada em frente ao prédio destinado à passagem do corredor do Metro Ligeiro de Superfície que há-de ser um dia nunca mais, mesmo em frente à Caixa Geral de Depósitos e à Câmara Municipal? Olhe que já lá está há mais de uma semana a ocupar o passeio. Aquilo é uma vergonha! Está a ouvir? É uma vergonha! E quer este pessoal que a Unesco classifique a Rua da Sofia (e a zona da Universidade) como Património da Humanidade? Acho que se pedissem a classificação para o laxismo e o "deixa correr", tenho a certeza, já tínhamos a certificação! Você tem de passar lá e escrever sobre aquele aborto –quem assim me falava, um pouco exaltado, era um  comerciante da rua, e que pediu o anonimato.
De facto, a máquina lá está parada, em frente ao painel que, como monumento à incapacidade do homem em cumprir a palavra prometida, anuncia as obras do metro. Resguardada por umas grades, pelo lado inferior, junto à calçada, está um tubo preto que entra no passeio. Porque assentou ali arraiais o caterpílar é um mistério. Não se sabe se pretende ser a materialização do painel. Isto é, a passagem das palavras à materialização dos actos. Será que é uma manifestação de protesto pelo total abandono a que foi sujeita a construção civil no país? Confesso que fiz tudo para entrevistar o monstro de ferro, mas, leda e queda, permaneceu em sentido.

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