“Ó Luís, você já viu a máquina
que está parada em frente ao prédio destinado à passagem do corredor do Metro
Ligeiro de Superfície que há-de ser um dia nunca mais, mesmo em frente à Caixa
Geral de Depósitos e à Câmara Municipal? Olhe que já lá está há mais de uma
semana a ocupar o passeio. Aquilo é uma vergonha! Está a ouvir? É uma vergonha!
E quer este pessoal que a Unesco classifique a Rua da Sofia (e a zona da Universidade)
como Património da Humanidade? Acho que se pedissem a classificação para o
laxismo e o "deixa correr", tenho a certeza, já tínhamos a certificação! Você tem de
passar lá e escrever sobre aquele aborto –quem assim me falava, um pouco
exaltado, era um comerciante da rua, e
que pediu o anonimato.
De facto, a máquina lá está
parada, em frente ao painel que, como monumento à incapacidade do homem em
cumprir a palavra prometida, anuncia as obras do metro. Resguardada por umas
grades, pelo lado inferior, junto à calçada, está um tubo preto que entra no passeio. Porque assentou
ali arraiais o caterpílar é um mistério. Não se sabe se pretende ser a
materialização do painel. Isto é, a passagem das palavras à materialização dos
actos. Será que é uma manifestação de protesto pelo total abandono a que foi
sujeita a construção civil no país? Confesso que fiz tudo para entrevistar o
monstro de ferro, mas, leda e queda, permaneceu em sentido.
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