sexta-feira, 2 de setembro de 2011

UMA RUA A PRECISAR DE MOEDA PARA RESTAURAR OS SEUS PRÉDIOS





 Hoje, cerca das 10h00 da manhã, na Rua da Moeda caíram várias telhas do prédio do antigo Armazém Amizade. Segundo um morador que pediu o anonimato, “olhe que foi mesmo um milagre não terem caído em cima de umas pessoas que tinham passado no local há pouco.”
Ao que tudo indica, pelas grades de protecção que foram colocadas a delimitar o edifício, foi chamada a Protecção Civil.
Já em 20 de Junho, último, António Fernandes, um comerciante e morador da rua, em nota enviada aqui ao blogue -e daqui dado conhecimento à autarquia- chamava a atenção para a queda de telhas na via pública, e que poderia futuramente constituir um problema grave para os transeuntes.
Lembro que esta Rua da Moeda, provavelmente, será uma das artérias da Baixa de Coimbra que mais edifícios degradados têm por metro quadrado.
Enquanto o Governo discute uma nova Lei do Arrendamento –que foi vergonhosamente imposta pela Troika, e, vamos lá ver que coelho irá sair da cartola- os prédios, como este, largam lágrimas soltas na calçada, a chorarem de tanto desleixo e incúria por parte de quem nos governou nos últimos 100 anos. Os proprietários continuam à espera de um regime de equidade e justiça que garantam os meios materiais para se revitalizar o edificado e que cure esta doença maligna que os mina.

O QUE É QUE SE PASSA COM O “AMIZADE”?

 Segundo informações na Rua da Moeda, dadas por alguém que sabe o que diz, segundo parece o prédio dos antigos “Armazéns Amizade”, num período financeiro conturbado da gerência deste estabelecimento, foi adquirido por um empresário fornecedor de plásticos ali mais para Norte. Meteu um projecto para estabelecimentos no rés-do-chão e 7 T0 no primeiro andar na Câmara Municipal, que, por razão admissíveis no prazo ou não, demorou anos e anos na aprovação. Por razões que a razão desconhece e só o destino saberá, posteriormente a toda esta tramitação, o empresário faleceu há tempos num acidente de viação. Resultado: a viúva, sem amparo do seu principal esteio de força, sentindo-se impotente para levar ao fim a obra do seu marido, quer vender. Mas também aqui surge outro problema de difícil resolução: o edifício foi adquirido no tempo em que qualquer caco velho valia uma fortuna, e, por isso mesmo, caríssimo. Hoje, perante a desvalorização que o edificado teve, está com dificuldade em encontrar comprador que, minimamente, lhe garanta um encaixe financeiro, sem perder muito no negócio, e que então conclua o seu objecto.

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