Domingo, 8 de Março, Dia Mundial da Mulher e Dia do
Senhor. Os ponteiros do relógio estão encavalitados, um em cima do outro,
na Catedral de Évora e dividem o dia em duas partes. Um sol primaveril, radioso,
sem discriminar géneros, e sem levar em conta a efeméride feminina, abraça e beija
homens e mulheres. As esplanadas da Praça do Giraldo estão repletas e sem uma
mesa vazia. Nas arcadas em redor, sob o olhar de uma imagem de Santo António,
em terracota, dentro de um oratório e ao alcance de uma mão interesseira e
violadora da boa moral, dezenas, senão centenas de transeuntes passeiam sobre
um asfalto primorosamente limpo. As grandes marcas internacionais estão implantadas
no Centro Histórico. Neste dia de descanso para alguns, muitos pontos de venda estão
abertos ao público em ruas paralelas à praça do Geraldo Geraldes, “O Sem Pavor”, que conquistou a cidade
aos mouros em 1167. Como se entrássemos num túnel do tempo, encontramos mercearias
e lojas de ferragens, ainda com o mobiliário original, estabelecimentos de venda
de electrodomésticos e várias lojas de tecidos a metro, todos em funcionamento.
Curiosamente, apenas encontrei uma loja de chineses aberta –mais que certo
haverá outras, mas estarão de tal forma diluídas na paisagem urbana que nem se
dará por elas. Reparei, há poucos espaços comerciais encerrados. Porquê esta
diferença abissal com Coimbra? Pergunta-se. Pode haver outras razões de gestão
política mais cuidada mas uma subjaz: não há shoppings na cidade histórica e muralhada. Existe, isso sim, uma
grande superfície d’O Continente –quase
dedicada em exclusivo à marca- e outra do Pingo
Doce –parece-me, esta marca detém outras pequenas lojas na urbe alentejana.
Ambas, a de Belmiro Azevedo e Jerónimo Martins, estão instaladas na Zona
Industrial, que está situada estrategicamente dentro da malha da cidade. Haverá
alguma similitude com Coimbra? Pelo menos uma há e, creio, única: ambas foram
classificadas como Património Mundial, pela Unesco.
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