segunda-feira, 9 de março de 2015

PÔR OS OLHOS EM BICO SOBRE ÉVORA

Praca Giraldo Evora


Domingo, 8 de Março, Dia Mundial da Mulher e Dia do Senhor. Os ponteiros do relógio estão encavalitados, um em cima do outro, na Catedral de Évora e dividem o dia em duas partes. Um sol primaveril, radioso, sem discriminar géneros, e sem levar em conta a efeméride feminina, abraça e beija homens e mulheres. As esplanadas da Praça do Giraldo estão repletas e sem uma mesa vazia. Nas arcadas em redor, sob o olhar de uma imagem de Santo António, em terracota, dentro de um oratório e ao alcance de uma mão interesseira e violadora da boa moral, dezenas, senão centenas de transeuntes passeiam sobre um asfalto primorosamente limpo. As grandes marcas internacionais estão implantadas no Centro Histórico. Neste dia de descanso para alguns, muitos pontos de venda estão abertos ao público em ruas paralelas à praça do Geraldo Geraldes, “O Sem Pavor”, que conquistou a cidade aos mouros em 1167. Como se entrássemos num túnel do tempo, encontramos mercearias e lojas de ferragens, ainda com o mobiliário original, estabelecimentos de venda de electrodomésticos e várias lojas de tecidos a metro, todos em funcionamento. Curiosamente, apenas encontrei uma loja de chineses aberta –mais que certo haverá outras, mas estarão de tal forma diluídas na paisagem urbana que nem se dará por elas. Reparei, há poucos espaços comerciais encerrados. Porquê esta diferença abissal com Coimbra? Pergunta-se. Pode haver outras razões de gestão política mais cuidada mas uma subjaz: não há shoppings na cidade histórica e muralhada. Existe, isso sim, uma grande superfície d’O Continente –quase dedicada em exclusivo à marca- e outra do Pingo Doce –parece-me, esta marca detém outras pequenas lojas na urbe alentejana. Ambas, a de Belmiro Azevedo e Jerónimo Martins, estão instaladas na Zona Industrial, que está situada estrategicamente dentro da malha da cidade. Haverá alguma similitude com Coimbra? Pelo menos uma há e, creio, única: ambas foram classificadas como Património Mundial, pela Unesco.


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