Estabelecido há cerca de três dezenas de anos na Rua
Martins de Carvalho, um dos mais conceituados fotógrafos da cidade, Rui de Almeida vai encerrar o seu estúdio no fim do mês, na antiga Rua das
Figueirinhas.
Nasceu em 1937 e cedo, quase de
cueiros, começou a amar a arte de retratar. Com 13 anos foi trabalhar para a
Focus, na Rua Ferreira Borges -esta, felizmente, ainda em laboração. Com 16 anos,
em 1953, transferiu-se para a Casa Ilda, do grande mestre, Varela Pécurto, no Largo da Portagem. No
princípio da década de 1970 foi abrir a secção de fotografia na Bruma, na Rua
Adelino Veiga – foi lá que o conheci pela
primeira vez. A título de curiosidade, foi neste estabelecimento que, em 1976,
comprei o meu primeiro frigorífico e televisão, a preto e branco, a prestações.
No seu laboratório da Rua Martins
de Carvalho, em 30 anos fez de tudo na fotografia. Foi colaborador de vários
jornais desportivos e de notícias, retratou casamentos, baptizados, festas
académicas e ganhou vários prémios em salões de arte fotográfica.
Apesar dos seus 78 anos, Rui de Almeida sente-se cheio de força e vai continuar a trabalhar na fotografia. Esta
arte fará sempre parte da sua vida e acompanhá-lo-á até ao resto dos seus dias.
É a sua segunda alma. Sente algum desconforto por ser obrigado a claudicar mas a
morte desta arte, como se conheceu ao longo de mais de um século, era
inevitável. “A informática deu cabo da
fotografia”, enfatiza com a voz embargada pela dor de quem se sente
empurrado para a desistência.
Como se em solidariedade com este
reputado fotógrafo, a Rua Martins de Carvalho parece nublada, sem alento e sem
brilho, e cada vez mais abandonada. A Baixa, neste cai este agora, cai outro amanhã, vai ficando cada vez mais
empobrecida. Quanto aos fotógrafos nesta zona tradicional de antanho já se
contam por menos dos dedos de uma mão. Para eles, que corajosamente continuam a
resistir, e para o senhor Rui de Almeida uma enorme salva de palmas.
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