sábado, 3 de julho de 2010

BAIXA: ATENTADO À SAÚDE PÚBLICA






 Sábado, 3 de Julho, os ponteiros do relógio aproximam-se das 11 horas. O afluxo de pessoas na Rua Eduardo Coelho, talvez porque há uma feira de gastronomia na Praça do Comércio, é um pouco maior do que noutros dias iguais sem história na Baixa da cidade.
Uma senhora, presumivelmente sexagenária, caminha lentamente pela antiga Rua dos Sapateiros. Ouviu-se um grito, a idosa está estatelada ao comprido no chão frio da calçada. Acabara de tropeçar numa das muitas lajes partidas em pedra branca de Ançã, que uns iluminados projectaram para acasalar com as pequenas pedras de calçada portuguesa. Da fronte da senhora, como que a reclamar do maltrato, o sangue jorra em turbilhão. Um lenho de cerca de dois centímetros lá está como símbolo de um mau projecto urbanístico. Uma funcionária de uma sapataria exclama: “isto é uma miséria. É raro o dia que não caia aqui gente!”. Foi chamado o 112 e a acidentada foi transportada por uma ambulância para o hospital.
E a história, se tivesse unicamente aspirações jornalísticas, poderia perfeitamente terminar aqui. Acontece que a notícia é apenas o instrumento que permite alcançar outro horizonte no léxico social. Nos últimos meses, nestas ruas estreitas, as quedas –tal como dizia a funcionária da loja de sapatos- são demasiado frequentes. Algumas, como a deste Sábado, com alguma gravidade. Só para lembrar as mais importantes, no dia 30 de Abril, último, uma senhora, deficiente motora, tropeçando numa tampa de saneamento que estava alteada, na Rua das Padeiras, partiu uma perna. No dia 5 de Maio, outra senhora, que presumivelmente também teria tropeçado nalguma pedra mais relevante, estatelou-se e feriu-se na face com alguma gravidade.
Há aqui três questões que é necessário salientar: a primeira, é que, apesar das muitas quedas dos transeuntes à frente dos estabelecimentos, raramente os comerciantes ou funcionários levam esse conhecimento à autarquia. Limitam-se a olhar e a lamentar, algumas vezes destilando veneno contra metafísicos fantasmas. A segunda, por experiência própria, porque já contactei através da Internet, do “e-munícipe”, várias vezes, posso afirmar que os serviços, apesar de ser em remedeio, neste tapete de pedra em retalhos, funcionam muito bem. Em média, se posso escrever assim, demoram 24 horas a repararem a anomalia comunicada. Terceiro, é urgente pensar em substituir este lajeado branco por calçada portuguesa. Esteticamente pode até ser uma beleza, mas pragmaticamente é um atentado à saúde pública dos muitos milhares de pessoas que circulam pelas ruas do Centro Histórico.

3 comentários:

Jorge Neves disse...

Lamento este incidente para não chamar acidente, à muito que o amigo Luis e eu em alguns artigos vamos alertando para os buracos da calçada das ruas não só da baixa,como de quase a totalidade de Coimbra. Tambem verifiquei hoje o estado lastimoso que se encontram as escadas da Portagem, os degraus até colam às solas dos sapatos.Não só hoje por decorrer o evento, mas de forma constante as ruas da baixa precisam de ser lavadas.

LUIS FERNANDES disse...

Obrigado, Jorge, por ter comentado. É verdade sim, o que afirma. Todo o piso da Baixa precisava de ser reformulado. Os serviços camarários não poderão dizer, jamais, que não sabem. O texto do blogue, para além de o ter enviado para publicação no Diário de Coimbra, enviei conhecimento à autarquia através do "e-munícipe".
Abraço.

Anónimo disse...

Depois de ler neste mesmo blog o relato de um presidente de junta com perfil narcisista, não é de admirar que não se esforce por procurar melhores condições de conforto e segurança para os munícipes que vivem na freguesia para a qual foi eleito, nem para os que vão deixar uns euros nos estabelecimentos da baixa.
Ainda neste blog, é dito que ele lavra a terra esquecida da Baixa da cidade, mas foi para isso que ele concorreu e foi eleito e não deveria contentar-se por fazer arraiais ou mostras artesanais, receber cantoras de voz de ouro que deixam a milhas a Cesária Évora (segundo gostos que podem ser duvidosos), se deleitar a receber figuras publicas para a partilhar uma sardinhada ou para o elogiar politicamente. Perante este desfile de vaidades, continua a assistir-se pacificamente e desgraçadamente por inoperância a quedas e roubos nas ruas da baixinha… Coitada da politica que está tão mal entregue !!!