João Braga deixou um novo comentário na sua mensagem "A FESTA DE CORDAS VISTA PELO "OLHO DE LINCE"":
Também lá estive e vi o nosso conhecido fotógrafo "Olho de Lince", sentado senão me engano na 3ª fila, junto da sua simpática esposa. Andou ainda um bocado fugido, sei que em serviço, mas não tive o prazer de dialogar com ele para não incomodar o espectáculo. Tinha todo o prazer em o convidar a vir tomar uma bebida, que não ao Santa Cruz, porque das duas vezes que lá entrei nestes últimos tempos, sendo uma delas ontem, sai bem escaldado (na carteira).
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NOTA DO EDITOR:
Obrigado pelo gesto que não se realizou. Ficará para quando calhar. Por acaso, nos próximos dias, não sei se dará, é que o nosso grande fotojornalista “Olho de Lince”, reconhecido além-mar e além-terra, está de partida para a África do Sul para cobrir a final do Mundial.
Quanto à observação do nosso estimado cliente e leitor João Braga ter sido “escaldado” no Café Santa Cruz, há uns considerandos que tenho de salientar.
Antes de continuar, como ressalva de interesses, tenho de escrever que gosto muito, aliás adoro, o Café Santa Cruz. Não é só o melhor e mais emblemático café da cidade, é também uma instituição de cultura. Além disso, devo dizer que quer os funcionários quer os proprietários são pessoas extraordinárias e sempre com uma disponibilidade que devo enaltecer.
Agora, sim, vou ao essencial:
1-Para quem sabe –e eu sei, porque conheço o ramo por dentro e por fora-, hoje não é fácil de manter um café desta envergadura. Há vários motivos, mas aponto os mais gerais:
-a queda da procura, devido ao aumento do custo de vida;
-o custo com pessoal –como se sabe, a gerência deste café continua a assegurar o servir às mesas;
2-Este café-instituição que muito honra a Baixa de Coimbra, apesar das dificuldades, continua a apostar num programa cultural de grande qualidade, nomeadamente em fados de Coimbra. Para quem não saiba, é muito difícil de manter um espectáculo de guitarras devido ao elevado custo aos artistas, quase sempre estudantes;
3- Em face dos elevados custos de manutenção, tenho a certeza de que os seus preços são extremamente acessíveis. Só um pequeno exemplo: um café custa 70 cêntimos. O mesmo café, num restaurante famoso do outro lado do rio, custa só…5 euros!;
4- Um café no “Magestic”, no Porto…olhe, nem digo! –que aliás, volto a salientar, é legítimo;
5-Devemos todos ter em conta o desaparecimento de grandes espaços emblemáticos da cidade –estou a lembrar-me de um: o “Arcádia”, que conheci bem, e, para além disso, sou amigo do ex-proprietário, e já falámos sobre a sua extinção. Encerrou porquê? Porque, perante as exigências actuais com a indústria hoteleira, não era rendível. Perante a hecatombe próxima, o meu amigo José Maria, preferiu encerrá-lo;
6-Se queremos manter estes espaços de tertúlia na cidade temos de os frequentar –eu frequento o Café Santa Cruz quase todos os dias-, mesmo que paguemos um pouco mais, em relação a um outro qualquer que é composto por um balcão e um funcionário, temos de ter em conta as diferenças de serviço, de história e de cultura, e, sobretudo, o prazer que nos dão.
Todos devemos contribuir para a manutenção destes espaços. É nossa obrigação enquanto cidadãos e citadinos.
Se assim não fizermos de pouco vale, depois do seu encerramento, andar a carpir mágoas de crocodilo;
7-Parabéns à gerência do Café Santa Cruz. Era bom que a autarquia, no dia da cidade, 4 de Julho, em vez de andar constantemente a procurar pessoas para condecorar –qualquer dia não há ninguém que não tenha uma comenda, até o “Carlitos popó”- começasse a nobilitar os espaços históricos da cidade.
2 comentários:
Compreendo tudo o que diz Luís,mas o sr.João Braga tem toda a razão.O Café Santa Cruz corre o risco de se tornar um estabelecimento elitista,de nem todos poderem usufruir de um espaço lindo como aquele,penso até que é património nacional.Pessoalmente é raro lá entrar por causa dos preços.Se camâra e turismo do centro apoiassem as iniciativas culturais lá realizadas,ou mesmo algum mecenas(já estou a delirar),talvez pudessem baixar preços.O quero dizer é que são sempre os mesmos a sacrificarem-se,ou seja,todos nós.E Luís,o amigo sabe que a maioria de nós não pode diariamente pagar os preços que se praticam no Santa Cruz.
Marco
Com todo o respeito, Marco, mas faço-lhe uma pergunta: o que será melhor para a Baixa é o café Santa Cruz tornar-se elitista, e permanecer de pé, ou, pelo contrário, ser popular e, a médio prazo, desaparecer, como aconteceu com o Arcádia?
Eu não quero permanecer dono e senhor da verdade, mas gostaria de lhe dizer que fui dono de um café também um pouco emblemático na cidade -nem coisa que o valha ao pé do Santa Cruz-, durante 12 anos, e quando afirmo a dificuldade em um estabelecimento como este conseguir sobreviver, creia mesmo, sei do que falo. Neste momento económico que atravessamos é puro estoicismo manter um estabelecimento destes, com estas características, aberto sem qualquer apoio. Entendo que, o senhor e a maioria -como não tem experiência do ramo por dentro- olhem para este espaço como mais um igual a outro qualquer. O problema é que não é, nem tem qualquer similitude com outro no género em Coimbra. E perante o desaparecer ingloriamente ou permanecer de pé, meu amigo, não há volta a dar-lhe: os preços terão de ser mais altos do que o comum. Eu, ainda que tenha dificuldades como outro qualquer, entendo que, individualmente, devo contribuir para a sua manutenção no centro histórico.
Abraço.
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