quarta-feira, 28 de julho de 2010

BOM DIA PESSOAL...


(IMAGEM DA WEB)





 Então, como é vão com esta “caloraça” que nos amanda com a tensão arterial cá para baixo? Se ao menos fosse só a tensão. Ontem, pelos jornais, ficámos a saber que com estas ondas de calor morrem muito mais pessoas. Mas, tendo em conta os incêndios que teimam em nos queimar o pouco nacionalismo que resta cá dentro, também não admira. Se não morrer gente pelo intenso calor proveniente dos intensos fogos que devassam o país, certamente, uma grande maioria, vai-se abaixo quando vê o fruto do seu suor, em resultado do esforço de uma vida, estar prestes a ser dizimado pelas chamas. Qual será o coração que aguenta tamanha pressão, em forma de angústia e sofrimento?
O problema é que uma pessoa, ao olhar as imagens na televisão, fica parado, estático, pasmado, como se estivesse hipnotizado. Em solilóquio, em interrogação interior com os seus botões, pergunta-se como é possível isto? Foi no ano passado, foi no anterior e mais para trás, para trás, e a desgraça é sempre igual. Mas não se pode fazer nada para parar esta bomba humana de destruição?
Tenho a impressão que nas últimas décadas se perdeu o pouco de exigência, o grito de indignação que existia dentro de nós. Dizem os sociólogos que à medida que o desenvolvimento de um grupo cresce, proporcionalmente, a reivindicação, o poder de reclamar, decresce. Quanto maior for o índice de conforto, menores serão os clamores de contestação. Caem as ideologias, e a pique a busca do ideal de um mundo ainda melhor. Quanto mais bem-estar social se atingir mais o indivíduo cai numa apatia de modorra. Aumentam as depressões e as dependências para a combater. Decaem os conflitos sociais e intergeracionais, levando à transformação e nascimento de novos valores, habitualmente vazios, assentes em vidas de ficção sem experiência empírica. Sabe-se que a evolução assenta no conflito permanente. Ora faltando debate interno nas famílias e externo na comunidade, a sociedade torna-se uma massa amestrada, formatada e vencida perante a opressão. Aumenta o medo e a descrença no dia de amanhã. Perde-se a esperança saudável, aumenta a crendice em rituais pagãos e religiosos e multiplicam-se as tendências suicidas.
É como se a colectividade, pela força da felicidade aparente e crescente, não tendo feito nada para a conquistar, agora, estando em vias de a perder, para manter o estatuto perdido, facilmente se vende a troco de uma mão cheia de nada, desde que essa submissão, lhe mantenha uma ideia de importância. Então assistimos hoje, cada vez mais, a cenários teatrais, em que o insignificante, a todo o custo, quer ser significante. E o político partidário, que não dorme em serviço, aproveita-se desta ignorância funcional. Sorri aqui, aperta a mão acolá, promete ajudar mais à frente. E é este o palco do teatro da vida que se apresenta diante da nossa plateia. Claro que nem todos vêem. Ou melhor…a maioria não se apercebe…

2 comentários:

Jorge Neves disse...

É preciso agir e reagir, mesmo que as verdades façam doer, é bem melhor que sorrisos e um Mundo faz de conta

LUIS FERNANDES disse...

É isso mesmo Jorge. Temos mesmo de continuar, mesmo que isso desgoste alguns...
Abraço.