BOM DIA PESSOAL...

(IMAGEM DA WEB)

 Hei…hei pessoal?! Bom dia! Estão bonzitos? Então como é que isso vai? Como é que você está? Está a abanar a cabeça? Diz-me que não, que não está bom? Tenha lá calma, se faz favor, antes de responder com essa rapidez faça-me o “obstréquio” de reflectir. Não se deixe envolver pelo clima negativo que grassa por aí. Temos de resistir custe lá o que custar. É ou não é? Bem sei que às vezes, contrariando o que estou a escrever agora, mais pareço uma ave agoirenta, uma coruja, ou um animal de má sorte, talvez um gato preto, para quem for supersticioso, é claro. Tudo tem a ver com o nosso estado de espírito, você sabe bem, uns dias estamos para cima, outros lá para baixo. Vemos tudo negro e acabamos fazer exactamente o que mais detestamos nos outros. Acho muita graça porque, nós humanos, na nossa fragilidade, andamos sempre a condenar o comportamento dos outros. De repente, numa determinada situação de acaso, damos por nós a fazer exactamente a mesma coisa. Isso acontece-me tantas vezes! Confesso que, nessas situações, nunca poupo no siso sarcástico: farto-me de rir de mim. Como tenho dois heterónimos, um é moralista, poupadinho e racional e o outro é precisamente o oposto: liberal, “p’ra frente é que é Lisboa”, “deixa lá correr a água do leito, que todos os rios vão dar ao mar”. Então é muito fácil, quando acontecem estes “escorreganços” da minha pessoa, ponho os dois heterónimos à bulha. Eles que se entendam, que foi para isso que eu os criei, precisamente para me desonerem destes conflitos existenciais.

 Mas eu entendo o seu estado de desânimo, se entendo meu amigo. Essa vaga –ou devemos-lhe chamar vaca?- de desalento que anda por aí no ar, como nuvem radioactiva, teima em azucrinar-nos o juízo. Apetece dizer…FO…SCA-SE! Faça o favor de ser comedido na linguagem que isto aqui não é o bordel da Júlia. Aqui há completa liberdade para se pensar, mas só pensar, não se pode dizer… homessa!

 Continuando então, dizia eu –porque estou no meu tempo de antena, e antes que haja um golpe de blogue revolucionário e eu seja apeado, vou escrevendo qualquer coisa-, todos os dias, para nos chatear a tola, temos alguma notícia negra –repare que em vez dos pássaros negros, aquelas aves do David Mourão-Ferreira, que  no poema começava assim:

Aves Agoirentas

Andam aves agoirentas 
quase a rasarem o chão
nunca dizendo que sim,
dizendo sempre que não. 

Mas não tenho mão em mim
Que importa a voz da razão?
E vou sempre ter contigo
por mais que digam que não. 

Os presságios do destino 
ao pé de ti nada são. 
Rendição sem condições
eis a minha rendição.

Mais febris e mais violentas
são as horas da paixão 
quanto maiores as tormentas
que andaram no coração. 

Nos teus olhos há clarões
da luz que os desejos dão.
E das aves agoirentas
ficam penas pelo chão. 

Agora temos muito pior! Pois é, o problema é que estas aves agoirentas, de que fala o poeta, já não nos causam dano. Ou porque já não há amores como antigamente, ou, sei lá, por a agricultura estar em crise, ou porque as pessoas se tornaram menos crédulas e mais respeitadoras da fauna, a verdade é que já ninguém apedreja uma coruja. Agora há outras muito piores, por várias razões, mas sobretudo porque não têm existência corpórea. São fantasmas vindo do além…ali dos lados dos “States”. Tal como as aves, estas também descem do céu, mas são invisíveis. Caem assim nas nossas vidas sem se fazerem anunciar. É como se estivéssemos a comer uma saborosa sopa de feijão do tempo da nossa avó e, de repente, pumba!, lá cai a mosca…F…OSCA-SE!

E foi o que aconteceu hoje logo de manhã: está uma pessoa descansada a tomar o pequeno-almoço, para ver se ganha forças para passar o dia, e o raio do rádio –que também passou a agoirento-, naquela voz doce e melosa, debita: “a agência de notação financeira “Moody’s” reviu hoje em baixa o “rating” da dívida portuguesa em dois níveis”. Então, mas que é isto? Andamos sempre abaixar de nível? FO…SCA-SE! Outra vez, FO…SCA-SE!  E FO…SCA-SE…