sexta-feira, 18 de setembro de 2009
ELEIÇÕES A QUANTO OBRIGAS...
Hoje, durante a manhã, dois funcionários dos serviços de higiene da Câmara Municipal de Coimbra, e mais um a visionar, andavam na Rua Ferreira Borges a raspar as manchas de chiclete que, como máculas pecadoras, ou mexilhão na rocha marítima, estão esborrachadas e coladas nas pedras lisas que lajeiam as duas artérias a que chamamos de ruas da calçada.
Por incrível que pareça, o que mais chamava atenção neste quadro cénico –um pouco hilariante, acho eu, tendo em conta o momento que atravessamos-, nem era o desempenho dos funcionários. Era, isso sim, as "bocas" que os transeuntes, que passavam, lançavam. “São as eleições, não é?”. Argumentavam uns, provocadoramente. “Onde é que isto já se viu?”, diziam outros. “Se vos mandassem mas é arranjar o piso das ruas que está miserável é que “campavam!”, contra-atacavam outros mais afoitos. “Isto é vergonhoso. Esta gente não aprende. Querem mandar-nos serradura para os olhos”, comentava um casal, dividido entre a irritação e o comentário jocoso.
A verdade é que os funcionários, perante os piropos pouco abonatórios com a sua prestação, sentiam-se incomodados. Pelas feições contraídas era notório que o frete estava a ser feito em contra-mão, como quem diz contra a vontade. Falando com um, interrogando-o como se sentia perante a aspereza das pessoas, lá me foi dizendo: “sinto-me muito mal. É evidente, não acha? Andamos para aqui a ouvir as pessoas com palavras quase ofensivas como se fôssemos nós os culpados. Que diabo! Andamos a fazer apenas o que nos mandam…mais nada…”
Só faltava em som de fundo a música dos “Taxi”, um grupo do Porto que fez sucesso e se notabilizou entre nós na década de 1970/80, entre outras canções, com a “Chiclete”: “É como tudo que é coisa que promete/a gente vê é tudo como uma chiclete…”
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
O problema da questão é que nem devia ser preciso limpar, mas o povo português pensa que o chão é um caixote do lixo.
Parabéns pelo que escreve
Obrigado pelo comentário.
Abraço.
Enviar um comentário