(Imagem roubada ao jornal online Notícias de Coimbra)
Ontem,
com muita pompa, muita circunstância e maior folguedo, foi
inaugurada a Feira Cultural de Coimbra. Segundo o Diário as Beiras
(DB), “Arrancou ontem mais uma edição da Feira Cultural de
Coimbra. Até ao próximo dia 10, no Parque Dr. Manuel Braga, o
artesanato, a gastronomia e a música são algumas das atrações
para os visitantes.”
Continuando
a citar o DB, “(...) O
presidente da câmara não tem dúvidas em assegurar que “todos têm
lugar numa feira cultural”. Manuel Machado, que convidou os
conimbricenses e todos os interessados “a visitarem a Feira
Cultural de Coimbra”, sublinhou que “até 10 de junho haverá um
conjunto de realizações e eventos que aumentam a atratividade de um
sítio espantoso, que ó o Parque Dr. Manuel Braga.
Na
edição deste ano, 208 expositores marcam presença na Feira
Cultural. O investimento da autarquia ronda os 202 mil euros. Na
opinião do presidente da câmara, o dinheiro investido é “o
necessário para fazer um evento ímpar.”
“INVESTIMENTO”?
IMPORTA-SE DE REPETIR?
Tal
como escrevi no ano passado, em que foram torrados 170 mil euros
-mais 40 mil do que no ano transato, de 2016-, numa política de
terra-queimada, em que os ardidos são os comerciantes da Baixa
-saliento que falamos de um centro histórico em que anualmente
encerram dezenas de estabelecimentos-, o presidente da autarquia
chama investimento ao acto solene de queimar mais 200 mil euros do
erário público num acontecimento que, sendo pernicioso, nocivo,
nada traz de retorno à cidade.
Tal
como escrevi há um ano, não tem qualquer explicação lógica estar
a pagar alojamento (alegadamente em alguns casos) e a dar espaço
público, gratuito, a comerciantes que vêm de vários pontos do país,
nomeadamente artesãos, hotelaria, livraria e alfarrabistas, música
e outras iniciativas. Há aqui uma tremenda confusão entre
desempenhos que cabem por inteiro ao Governo e não a uma autarquia
local. No mínimo, faria algum sentido se a edilidade se propusesse
desenvolver áreas comerciais e industriais do concelho de Coimbra.
Embora mesmo neste caso, a meu ver continuaria a ser um absurdo. O
que a Câmara Municipal de Coimbra está fazer, à custa de dinheiro
público que é de todos nós, é gerar uma concorrência desleal e
selvagem entre os operadores estabelecidos e estes novos “nómadas”.
Para
além disso, como foi divulgado amplamente nos últimos tempos, a
política do executivo socialista para a Baixa é aumentar
astronomicamente os custos para as empresas com ocupação de espaço público -foi
assim com as esplanadas, há cerca de dois anos, em que passou de zero
para 2 euros por metro quadrado. Foi assim também há meses quando
passou de 10 euros por ano para dez euros por mês para o espaço
cedido a ementas de restaurantes e outros comércios com placards na
rua.
Uma
feira de iniciativa camarária, envolvendo meios humanos e
logísticos, como electricidade e animação paga, nunca deveria ser
gratuita -alguém está a ver a Expofacic, em Cantanhede, ser
grátis para expositores? Ou ter entradas de borla, como é o caso
da Feira Popular de Coimbra, em que a edilidade despende cerca de 50
mil euros para tornar os ingressos não onerados?
Alguém,
usando o nosso dinheiro, está a abusar do seu direito.
Ficam
três perguntas no ar:
-Qual
é o retorno para a cidade com a Feira Cultural?
-Conforme
afirmou Manuel Machado, será que, de facto, todos
os operadores estabelecidos na cidade têm lugar na Feira Cultural de
Coimbra?
-Se
são sempre a aumentar, até onde vão chegar os custos com este evento para
os próximos anos?
Responda
quem souber!
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