sábado, 23 de junho de 2018

FEIRA DE VELHARIAS: DESCONTENTAMENTO PELA MUDANÇA DE LOCAL




A Feira de Velharias, realizada ao quarto Sábado de cada mês habitualmente na Praça do Comércio, devido ao facto de ter sido instalado um ecrã gigante e uma zona de lazer, fanZone, na antiga praça velha, foi transferida para o Terreiro da Erva. Segundo o jornal online Notícias de Coimbra, “Com esta transferência, a título excecional, a Câmara Municipal de Coimbra cumpre, assim, a calendarização de uma iniciativa que acolhe dezenas de expositores, oriundos de diferentes pontos do país, para exibição e venda de antiguidades de índole diversa, este mês, num espaço que merece ser vivificado
Cerca de uma vintena de vendedores oriundos de Coimbra e de vários pontos do país aceitaram o chamamento. Por volta das 11h00 fui ver como se encaixam os expositores na praça requalificada, em 2016, pela Câmara Municipal de Coimbra.
Tendo em conta que se trata de um espaço amplo e lindíssimo, encravado no coração da cidade e sem utilidade pública depois dos melhoramentos, gostei de ver o enquadramento paisagístico. A questão é saber se, depois de vinte sete anos num local certo, os coleccionadores continuam a ir atrás dos vendedores.
Falando com dois operadores estabelecidos na zona há vários anos, deu para ver que vêem com bons olhos a transferência do certame para este local a título definitivo.
Já por parte da maioria dos vendedores de velharias presentes hoje o desânimo e a revolta pela mudança estava em marcha.
Para Carlos Branco, vindo de Pombal, “gosto deste local! Por mim continuava aqui! É um sítio muito agradável! Comparando com a Praça do Comércio, os comerciantes daqui são mais hospitaleiros. Parecem gostar mais de nós, entendes? É certo que aqui, no terreiro da Erva, não há turistas, mas quanto aos clientes que nos seguem, tenho a certeza, com o tempo habituam-se.
Francisco Moreira, ex-bancário agora aposentado, vem das proximidades, mora na cidade, “o local é péssimo! É um sítio isolado e desconhecido dos nossos compradores. Como vês não há gente a visitar. Para além disso, como não tem árvores, é muito quente!
Um outro casal, que preferiu não se identificar, vindo de Lisboa, falando a uma só voz, disse o seguinte: se a feira for para continuar aqui não viremos mais! O que mais se vê a bisbilhotar os produtos são toxico-dependentes.
Quem não se queria ficar pela opinião era Inês Contins, da Figueira da Foz, que já contactava outros colegas para colocar em marcha um abaixo-assinado. Eis então que, quando convidava outro vendedor a tomar uma posição por escrito, foi interpelada por um senhor de pêra, bem-vestido, de fato e gravata, e com óculos escuros:

-Bom dia! Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra!
Pode dizer-me o que se passa?
- (Um pouco titubeante pela investida brusca, Inês não se deu por achada) Bom dia, senhor presidente, peço desculpa mas, como sou da Figueira da Foz, não o reconheci. O que se passa é que este local não é o mais indicado para realizar a Feira de Velharias e, enquanto vendedores, estamos muito descontentes.
-Quanto é que a senhora paga por expor? (interroga Machado)
-Nada, senhor presidente! (respondeu Inês)
-Então, se a senhora não está contente não venha. Não volte! (rematou Machado)

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