A
Feira de Velharias, realizada ao quarto Sábado de cada mês
habitualmente na Praça do Comércio, devido ao facto de ter sido
instalado um ecrã gigante e uma zona de lazer, fanZone, na antiga
praça velha, foi transferida para o Terreiro da Erva. Segundo o
jornal online Notícias de Coimbra, “Com esta transferência, a
título excecional, a Câmara Municipal de Coimbra cumpre, assim, a
calendarização de uma iniciativa que acolhe dezenas de expositores,
oriundos de diferentes pontos do país, para exibição e venda de
antiguidades de índole diversa, este mês, num espaço que merece
ser vivificado”
Cerca
de uma vintena de vendedores oriundos de Coimbra e de vários pontos
do país aceitaram o chamamento. Por volta das 11h00 fui ver como se
encaixam os expositores na praça requalificada, em 2016, pela Câmara
Municipal de Coimbra.
Tendo
em conta que se trata de um espaço amplo e lindíssimo, encravado no
coração da cidade e sem utilidade pública depois dos
melhoramentos, gostei de ver o enquadramento paisagístico. A questão
é saber se, depois de vinte sete anos num local certo, os
coleccionadores continuam a ir atrás dos vendedores.
Falando
com dois operadores estabelecidos na zona há vários anos, deu para ver que vêem com
bons olhos a transferência do certame para este local a título
definitivo.
Já
por parte da maioria dos vendedores de velharias presentes hoje o desânimo e a revolta
pela mudança estava em marcha.
Para
Carlos Branco, vindo de Pombal, “gosto deste local! Por mim
continuava aqui! É um sítio muito agradável! Comparando com a
Praça do Comércio, os comerciantes daqui são mais hospitaleiros.
Parecem gostar mais de nós, entendes? É certo que aqui, no terreiro
da Erva, não há turistas, mas quanto aos clientes que nos seguem,
tenho a certeza, com o tempo habituam-se.”
Francisco
Moreira, ex-bancário agora aposentado, vem das proximidades, mora na
cidade, “o local é péssimo! É um sítio isolado e
desconhecido dos nossos compradores. Como vês não há gente a
visitar. Para além disso, como não tem árvores, é muito quente!”
Um
outro casal, que preferiu não se identificar, vindo de Lisboa,
falando a uma só voz, disse o seguinte: se a feira for para
continuar aqui não viremos mais! O que mais se vê a bisbilhotar os
produtos são toxico-dependentes.”
Quem
não se queria ficar pela opinião era Inês Contins, da Figueira da
Foz, que já contactava outros colegas para colocar em marcha um
abaixo-assinado. Eis então que, quando convidava outro vendedor a
tomar uma posição por escrito, foi interpelada por um senhor de
pêra, bem-vestido, de fato e gravata, e com óculos escuros:
-Bom
dia! Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra!
Pode
dizer-me o que se passa?
-
(Um pouco titubeante pela investida brusca, Inês não se deu por
achada) Bom dia, senhor presidente, peço desculpa mas, como sou da
Figueira da Foz, não o reconheci. O que se passa é que este local
não é o mais indicado para realizar a Feira de Velharias e,
enquanto vendedores, estamos muito descontentes.
-Quanto
é que a senhora paga por expor? (interroga Machado)
-Nada,
senhor presidente! (respondeu Inês)
-Então,
se a senhora não está contente não venha. Não volte! (rematou
Machado)
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